domingo, julho 05, 2009

Vejo a menina quase sem cabelo me olhando. Olho para ela também. Nos encaramos e isso é o suficiente para nos orgulharmos. Os sorrisos e as risadas são divididas. Os sotaques, diferentes, mais pela grandiosidade do país do que pela nossa realidade, se encontram. As nossas diferenças são conhecidas, nossas diferenças se encontram, as nossas personalidades estão mais próximas, nossas coincidências são apenas nossas. Ela sorri e sorrio com o sorriso dela.
Fico bobo, mais uma vez. Minha vontade é de dividir essa vontade de beijá-la com seu lábio, agora lindo e vermelho de paixão, ainda escondido.

Vou para casa. O ônibus me larga em frente ao portão. De lá, como um resto de rabada e outro resto de purê de batatas com língua. Deito, tentando dormir, e olho para minha barriga, neste momento, cada vez mais gigante e assustadora. As meninas ao meu lado, dizem ser linda, de verdade, mais próxima delas. Começo a pensar que elas são a realidade da minha infelicidade, do meu desleixo e começo a pensar em como começar de novo, como realizar cada pedaço de verdade ainda perdido pelo tempo em minha cabeça.
Chega o momento em que prefiro não continuar a pensar. Só deixo a vontade de me engatar numa fila de estudantes de publicidade e gritar ei-ei, aparecer e tomar conta de tudo. Quem sou eu afinal? O que devo pensar e fazer? E meus amores, como ficarão?
Amo todos eles e ela sobremaneira. Mas ela virá me ver tocar ao vivo dentro do espelho? Dentro de nosso cinema?
Espero e não sei a resposta. E é cada vez melhor não saber a resposta.

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