terça-feira, maio 25, 2010

ANTES AQUI



Thieves Like Us - Again and Again

O jogo começa e em campo, uma promessa de craque. Quem nunca ouviu essa história antes? O pseudo-craque que algumas vezes acontece e em outras, desponta para o anonimato. Todos aqui conhecem Pelé e Robinho, mas quantos se lembram de Matusalém ou Adriano?

Com o Thieves Like Us também é assim, uma banda pseudo-craque que em seu segundo trabalho, Again and Again, ainda não disse a que veio, apenas que tem potencial para ser o melhor do mundo. Mas saiamos das retangulares linhas de cal para o conhecido campo circular do disco. O primeiro som que vem é eletrônico, de sintetizadores. O clima é pesado. A bateria eletrônica começa a acompanhar e a voz, quase um sussurro, cobre tudo. Se não soubesse com certeza em que ano estou poderia achar que era algum da década de 80. O Thieves Like Us carrega mesmo essa marca de viagem para um tempo de Echo and The Bunnymen, The Cure, Joy Division e New Order.

Seu álbum nos joga pra cima e para baixo, todo o tempo. Como por exemplo, na trinca de faixas “Shyness”, alegrinha, se é que algo é alegre no trabalho deles, “Mercy”, trilha sonora de procissão para enterro, e “One Night With You”, que dá até para pensar em se balançar ao som de suas batidas. A montanha-russa continua, com uma música mais alegre, outra mais devagar, uma mais animadinha, outra mais soturna. A banda tem potencial, ótimas ideias, um gama de influências de respeito e uma sonoridade difícil de se encontrar hoje em dia. No dia em que conseguirem colocar juntar todos esses ingredientes e acertarem a mão, podem esperar, serão capazes de criar uma obra-prima. A impressão que fica é que o craque ainda não está pronto para entrar na seleção, mas que dá para jogar por seu clube de coração. O que já está de bom tamanho.

quinta-feira, maio 20, 2010

depois dos 30 tudo parece o mesmo.
Vou te falar,a vida parece entrar no repeat.
Fui à padaria, comprar pão doce para o lanche da tarde.
Um pequeno vício que colore o fim do expediente, com cafés sem açúcar, e figos, pêssegos e cerejas em calda. Abre-se a porta e já estou no hall do elevador, ao lado de uma clínica de oftamologia. O corredor costuma estar vazio. Hoje, no entanto, cinco pessoas saíam da clínica. Dois casais, mais velhos e uma senhora sozinha.
Geralmente fico com um pouco de raiva por ter que esperar o elevador, graças às milhares de clínicas espalhadas pelos doze andares do edifício. É um tal de aperta aqui, desce ali, pegar elevador subindo para descer depois, chamá-lo e resolver descer pelas escadas, apertar os três botões dos elevadores para se aproveitar do que aparecer mais rápido e dane-se quem precisa deles.

Por esses motivos, tenho, se não raiva, uma leve impaciência com pacientes e advogados que circulam pelos andares.


Mas hoje, quando chegou o elevador, fiz questão de ser gentil, oferecer para os cinco entrarem primeiro e segurar a porta para que tivessem a estranha sensação de segurança. Curioso como a possibilidade do fechamento da porta do elevador, enquanto ainda estão entrando, assustam as pessoas, sejam elas idosas ou moleques. Em primeiro lugar, a porta não irá decepar nenhum membro, não irá esmagar ninguém contra a parede, não dividirá o corpo de ninguém. Mas ainda assim, ela é um terror. Vai entender...
Bom, segurança garantida, os casais começaram a entrar no elevador.
O primeiro casal, uns setenta e tantos anos, arrisco dizer, entra devagar. Ele segura seu braço por trás, lhe dando ainda mais segurança. Ela levanta devagar seu pé, depois o outro, e inicia um caminhar lento e difícil. O segundo casal, vai mais atrás, a senhora sozinha, gorda, mais atrás, mais lenta.
Me lembro que todos eles estão ali, aqui, para ir ao médico, para fazer algum exame na clínica. Não estão a passeio, aqui não é um lugar legal.
Pessoas morreram no prédio. Uma ambulância, estilo UTI móvel, é a dona da vaga à porta do prédio. Sempre uma diferente.

Pensei em cada um deles, chegando em suas casas, antigas, as fotos do casamento desbotadas, em algum porta-retratos empoleirado numa estante. Filhos? Talvez, mas não morando mais com eles. Fugi para anos antes, namoro, noivado, recém-casados. A vida pulsando e empurrando-os passo a frente, em uma velocidade assustadora, mas completamente normal quando se tem a vida inteira pela frente. Pensei na senhora gorda chegando em casa, tirando os sapatos e vestindo uma camisola para ver a novela. Lembrei deles no trem, no ônibus, passo após passo, na dificuldade da idade. Percebi a minha propria falibilidade. Encontrei a minha própria morte, o meu andar com certa dificuldade, a minha velhinha segurando meu braço, depois de uma consulta, ou exame, torcendo para não dê nada. Vi o fim da linha e voltei. Apertei o botão do térreo e meu coração foi junto. Não vieram as lágrimas, mas em pouco tempo, me senti tão pequeno, tão ridiculamente pequeno, que prometi a mim mesmo nunca mais perder a paciência com o elevador que não chega logo. Talvez ele seja só um pouco mais velho e leve algum tempo para dar seus passos, como aqueles velhinho.

***

Acabou meu dia. Casa. Quarto. Escuridão. Vazio.
Menos um dia e mais uma noite cheia do vazio.

terça-feira, maio 18, 2010

2 – a menina dos pés grandes

Do banco do ônibus pude ver pés grandes, apertados dentro de uma sapatilha branca. Eles não estavam exatamente longe. Na verdade estavam ao meu lado, há um corredor de distância. Deles, os pés grandes, saltavam veias, nada feias. Coisas de pé. Se é que você pode entender como é a vida de um pé.
Viver preso dentro de um sapato apertado, tocando não o chão que tanto o é caro, mas pedaços de borracha, meias, asfalto. Vida que deita quando andamos e que se levanta quando deitamos, como diz a piada. Contradição que não para de andar. Como o par grande, da menina.

Pobres pés. Pobre menina.

Comecei a desvendá-la, a partir dos pés dentro da sapatilha branca. Calça jeans, americana. Blusa verde, de linho ou lã. Mangas compridas, como as pernas e como os braços. Cabelo preso, não muito longo. A menina dos pés apertados, das pernas longas, dos braços jogados, prefere ter o cabelo curto.Talvez seja como quer ser. Nem grande, nem pequena, nem longa, nem curta. Apenas menina.

Chegamos ao ponto e os fones pulam das orelhas para a bolsa. A menina se levanta, alta, longa, grande e, mais uma contradição, anda como uma bailarina. Flutua, descendo as escadas que levam para mais escadas. E coloca o pé direito primeiro em contato com o chão. Na ponta dos pés grandes, apertados dentro da sapatilha branca, ela se vai.
Meninas do Rio


Para começar, não existem nomes. Não existem rostos. Algumas são de lembrança recente, outras não sei se existiram ou se são feitas de sonho.
Não me lembro de todas, é claro. Muitas viraram uma só, assim como uma se multiplicou, tomou o corpo emprestado de outras tantas memórias, suas feições, jeito de andar, cheiro de dias e noites.

Elas andam por aí, afinal, esse é o Rio. Praia, calor, sorrisos, cabelos longos e lisos, ondas verdejantes, areia nos pés, cheiro da maresia, perfumes doces e amadeirados, olhares cítricos, pernas de fora, fome de leão. Algumas vezes esbarro com elas no metrô ou nas calçadas do Centro da cidade, ainda outras vezes nos restaurantes do meio-dia ou no ônibus saindo do trabalho. Mas elas estão sempre aqui, ou por aí, ou por acolá. As Meninas do Rio merecem mais do que uma Garota de Ipanema, merecem mais do que um samba de uma nota só, merecem mais do que ser apenas Geni. E é delas que vou falar. Delas e dos encontro e desencontros que a cidade grande nos permite, ainda que encoberto pelo anonimato da multidão. Quem sabe uma delas é você? Ou, quem sabe, uma delas não é você, mas se torna você à medida que a leitura acontece, a medida que as partes vão se encaixando, com o passar das letras, dos pontos e vírgulas. No fundo, todas são cada uma. E cada uma está aqui, fantasiada com a beleza que traz no sangue, no suor e na lágrima.

Uma ode, uma paródia, uma prosopopéia, um épico, uma forma de dizer para as mulheres o quanto são belas. Cada uma do seu jeito, cada uma ao meu olhar.


1 - a menina dos cabelos quase invisíveis

Aconteceu ontem. Entrei no ônibus cheio, e tomei um susto. Uma menina rosa, vestida de executiva. Camisa de botões desajeitados, mangas arregaçadas de um dia de trabalho. Os olhos escondidos por baixo das lentes dos óculos de aros finos de metal pareciam procurar um ponto qualquer para, enfim, se entregar ao merecido descanso. O tempo passara pesado para ela nessa última semana. Sexta de lei, dia de se jogar sozinha nas cobertas desarrumadas que, hoje, faziam aniversário. Sua cabeça já pendia um pouco para o lado e esse pequeno desvio foi o suficiente para perceber como seu pequeno cabelo, cortado curto, rente a cabeça, era fino. Quase uma seda. Quase invisível.

Precisei me recuperar em questões de segundos, que pareceram fugir, para depois se esconderem em minhas memórias. Olhei em volta e vi uma cadeira vazia, lá no fundo do coletivo. Atrás de uma daquelas cadeiras mais altas, de onde nada mais podia ver. Liguei o aparelho que toca músicas e cabe na palma da mão. Procurei a trilha perfeita para a solidão. Solidão depois de ter quase não visto os pequenos fios da pequena. E que, de quase invisíveis, não consegui mais esquecer.
Funny how há algum tempo, essa listinha mexia com meus nervos.
Queria saber se aquela que acompanhava e torcia para continuar ia ser cancelada ou não.
Hoje, bom, não me faz nem suar frio. Devo conhecer umas 3 ou 4 dessas. Principalmente na lista das canceladas.
é, tempo passa.

Séries renovadas:

“30 rock”, “90210”, “American dad”, “American Idol”, “America’s next top model”, “The big bang theory”, “Bones”, “Brothers & sisters”, “Castle”, “The cleveland show”, “Community”, “Cougar town”, “Chuck”, "Desperate housewives", “Family guy”, “Friday night lights”, “Fringe”, “The good wife “, “Gossip girl”, “Ghost whisperer”, “Glee”, “Grey’s anatomy”, “House”, “Human target”, “Law & order: SVU”, “Lie to me”, “The amazing race”, “Medium”, “The middle”, “Modern family”, “NCIS: Los Angeles”, “The office”, "Two and a half men", “Os Simpsons”, “Parenthood”, "Private pratice", “Smallville”, “Supernatural”, “V” e “The vampire diaries”.

Séries Canceladas:

“24 horas”, “Better of Ted”, “Cold case”, “Dollhouse”, “Eastwick”, “FlashForward, ”Heroes”, “Law & order”, “Lost”, “Mercy “, “Miami medical”, “Mercy”, “Numb3rs”, “Past life”, “Raising the bar”, “Sons of Tucson”, “Scrubs”, “Trauma”, “‘Til Death”, “Three rivers”, “Ugly Betty”.

quinta-feira, maio 13, 2010

Um pensamento não sai da minha cabeça faz uns dias
se ninguém é perfeito e se Deus nos fez à sua imagem e semelhança,
que trabalho porco que Ele fez.

porra, não acertou em NENHUMA vez???!!!!!

terça-feira, maio 11, 2010

hoje comecei a escrever.
compulsivamente.
como se não houvesse amanhã.

amanhã já saberemos a escalação da seleção brasileira.
amanhã acordarei mais cedo, tomarei o banho da mesma forma,
o café com leite será o mesmo, as vezes mais doce, as vezes mais forte, as vezes mais amargo. Na hora de mexer o açúcar vou deixar cair algumas gotas pela lateral da caneca. Sempre cheio demais. sempre um pouco mais de tudo.

hoje comecei a escrever e dessa vez não coloco aqui.
não sei onde colocarei, não sei se colocarei.
Hoje escrevo para mim, como sempre escrevi.
Mas não divido. Elas são minhas. Sempre minhas, apesar de serem tantas e de todos os outros. Uma viagem sem volta, num mundo de clichês.
Uma e muitas. Muitas em uma.

um dia, quem sabe...

sexta-feira, maio 07, 2010

o espaço aéreo daqui do centro do Rio anda meio engarrafado.
Segunda guerra feelings.
Tô me sentindo em Londres. Toda hora escuto um avião passar por aqui,
num rasante sem bombas, graças a Deus.
É o Red Bull Air Race aquecendo as turbinas.

quinta-feira, maio 06, 2010

Talvez seja interessante apontar aqui a falta de novas viagens de ônibus, indo ou vindo. A falta de novas personagens, de novas histórias.
É que, depois desse dia, resolvi voltar a andar só de metrô.
As pessoas são mais parecidas e não há tanta novidade, o que me coloca em uma certa sensação de tranquilidade, numa pequena zona de conforto, poderíamos apontar.
Claro, desde que esse metrô seja em direção à zona sul, depois das 18:30.
Se você estiver indo para qualquer outra zona, norte ou oeste, vai pegar um metrô tão cheio quanto uma lata de sardinha ou um evento VIP com muitas credenciais para paparazzos. E vai ter muita, mas muita coisa pra contar.

quarta-feira, maio 05, 2010

Por que sei escrever?
Por que, de verdade, me importo com isso?
Por que, entre tantas outras faculdades, fui desenvolver logo esta, que já não me vale nada?

O que me trouxe isso?
O que, além da obrigatoriedade de ler textos malescritos, além de me sentir ameaçado pela superficialidade de vcs e kds, além da falta de esperança no fim de mais um dia, de mais uma página, de mais uma frase?

O mundo, sem exageros, não está mais nem aí para o que você escreve, como escreve, ou mesmo quem escreve.
Muito menos quer saber se se escreve certo ou errado.

Estou a ponto de me entregar. E aí, já não saberei quem sou.


Mas poderei escrever mais sem o i ou mas com um i a mais.
né?
e você também vai trocando experiências por objetos?

terça-feira, maio 04, 2010

Pensamentos em dia

Estou evitando adentrar o ônibus conhecido como Metrô da Superície. Seu ar-condicionado consegue ser mais potente que o de alguns caminhões frigoríficos. E como minha garganta anda me deixando na mão, melhor seria dizer na cama, não é muito sapiente me jogar debaixo de lufadas de ar gelado e seco. Com isso, mudei meu itinerário, indo pegar o sol da manhã na cabeça e nas pernas cobertas com jeans, na beira da praia. Se por um lado é bom (claro, imagine ir pegar o ônibus no calçadão da praia, vendo as ondas quebrarem e sentindo o cheiro de maresia), por outro, é quente por demais da conta e praticamente impossível subir no ônibus sem deixar pingar umas quantas gotas de suor. E olhe que não estamos no verão.

De qualquer modo, depois de entrar no ônibus, geralmente na linha s-20 ou 382 (Recreio - Carioca), vou investigando as pessoas dentro do coletivo, com os olhos. Percebendo cabelos molhados, bolsas cheias, fones nos ouvidos, celulares usados como rádios (hoje tocava um funk irreconhecível saído das micro-caixas de som de um aparelho da Nokia), caras de sono, de enfado, gente já dormindo sentada, antes das 9 da manhã.

Costumo ir em pé, virado para o mar, vendo a paisagem. Corpos correndo pelo calçadão, gente que quer ver e ser vista. Afinal, se os olhos do mundo são voltados para o Rio, para sua realmente linda paisagem, porque não se esforçar um pouquinho e acrescentar um corpo bonito à paisagem? Na praia todos são sarados, bonitos, suados. No ônibus, todos têm uma cara de resignação: "Precisamos mover o Brasil". A Zona Sul parece não trabalhar, parece não conhecer inverno, parece ser a cigarra que canta e ganha a vida com isso, é feliz e boêmia.

Pronto, acabou a orla. Em uns 20 minutos, às vezes mais, às vezes menos, passo por Leblon, Ipanema e Copacabana. Entro em Botafogo e tudo muda. Procuro um lugar para sentar porque agora a baia é suja, as pessoas não são tão bonitas e as jovens dão lugar às senhoras na caminhada. Dentro do veículo, o chacoalhar e as freadas bruscas acordaram a mulher de cabelo preso que dormia de boca aberta. Uma senhora à minha frente mexia na mão. Cutucava com unha uma verruga. Ficou assim um tempo. Até começar a reclamar, em voz alta, que não aguentava mais aquilo. Estava há duas horas dentro do ônibus, desde o Recreio. Sua coluna doía, disse. Não dava para ser feliz daquele jeito, era professora e ainda iria encarar umas horinhas de alunos infernais. Sobrou para o prefeito "mauricinho", que só pensa nas elites e não nas massas. Para as fábricas de automóveis que só querem vender e para os governos que não pensam em transporte público de qualidade. Disse que o pessoal ainda sonha com um terremoto à la Haiti para "dar um jeito" aqui no Rio. Mas que isso nunca iria acontecer. Te juro, que se ela tivesse uma panela ali, naquela hora, eu iria achar que era argentina. Um panelaço cairia bem. Chega, pensei. Precisamos reclamar, nos mobilizar. Gritar a plenos pulmões.

Até que uma outra senhora, sentada do outro lado do ônibus disse, na calma que levam as boiadas ao matadouro: tem que ter paciência.


Todos se ajeitaram em seus lugares, se acomodando melhor, mais uma vez. Engoliram um pouco de saliva, afinal àquela hora já dava tempo de ter dado água na boca, e seguiram em seu silêncio. Eu, não.
Levantei-me. Inflei os pulmões. E desci do ônibus. Meu ponto tinha chegado.

***

Todo dia, pegando ônibus para ir ou para voltar, 172, 132, 128, 125H, S-20, 382, 387, encontro histórias, pessoas, momentos que parecem ter sido escritos por um gênio das letras. É só a vida. Uma história boa demais para se ouvir calado.

***

Linha: S-20
Itinerário: Leblon - Rua México
Tempo de viagem: 37 minutos
Curiosidades: Professora reclamando, celular tocando funk sem fone de ouvido, mulher dormindo na cadeira, turista fazendo pose para foto em um banco na praia de Copacabana, novas estações de ginástica na praia.

segunda-feira, maio 03, 2010

O paradigma de um novo profissional

Passei o domingo à espera do jogo do Santos. Melhor dizer, doS Santos, porque ver o Santo André também dá gosto. Mas enquanto não chegava o momento de finalmente ver o Santos Campeão (alguém tinha alguma dúvida?), li os jornais dominicais, verdadeiras bíblias com suas centenas de páginas de informação e anúncios.

Em uma dessas páginas estavam descritas algumas profissões do futuro. Coisas como Polícia Ambiental, Engenheiro de Órgãos Humanos e Geriatra(??!!).

Mais uma vez vou lá na frente para explicar o que há aqui atrás. Segunda-feira, trabalho, leio uma revista de marketing online. Lá está a questão: qual o perfil do profissional de mídias sociais? Seria ele um jornalista, um publicitário, um relações públicas? Sinceramente, não faço a menor ideia de que área de formação ele deve ser. Mas sim, algumas aptidões e características, independente de curso de graduação. E pensei, por que não eu?

Sim, me considero preparado para um monte de empregos que existem por aí, mesmo que um pouco longe do que faço. Escrevo para viver. Vivo para escrever. Mas não deixo de ter um pensamento estratégico, sei ler nas entrelinhas de pesquisas e a partir delas tirar direções a serem seguidas. Seria um bom planejador, um bom gerente de marketing, um bom atendimento de agência. Ou ainda um gerente de hotel, balconista, repórter. Só não posso ser esse profissional de internet aí de cima.
Não tenho a experiência. Mas, vem cá, meu querido, quem tem? Mídias Sociais têm quantos anos de vida? Quantas outras revoluções virão por aí na internet? E a net 3.0? De onde vão sair os profissionais com experiência para as vagas que ainda nem foram criadas?

Este é o paradigma do novo profissional. É novo, mas já teve que nascer com experiência.

sábado, maio 01, 2010

O auto-exílio

Aconteceu de ler o Dapieve esta sexta e ele escrever sobre o Botafogo.
Como o espaço deixa transparecer, existem algumas coisas que vem e vão na minha vida. Gostos, bandas, cidades, amigos, empregos. Mas o Botafogo continua aqui. E continua o mesmo. Enfim, existe um amor na vida de um homem. Um que não admite traição: seu clube de futebol.
Como todo grande amor, claro, há os momentos de mais ternura, quando você compra uma camisa, uma bandeira. Há os momentos de paixão efusiva, quando você compra a camisa com a cara do jogador que depois de 6 meses irá deixar seu time na mão e embarcar em mais uma aventura recheada de petro-dólares no Catar ou nos Emirados Árabes.
Há também os momentos de dúvida, de decepção, de perguntar se vale a pena, de saber levar na maciota o sentimento, trocando até um jogo por um jantar com outro amor.
Bom, voltemos ao assunto que está no título e nas primeiras linhas deste texto. Dapieve e auto-exílio. Escreve o mestre que, durante a final do Carioca de 2010 (taça rio para os outros), estava em Portugal para um encontro de escritores. Sim, ele sabia da data do jogo, mas como já escrevi há poucas palavras atrás, há acontecimentos que precisam ser assumidos perante seu amor. Ou recobrar a conciência, diriam os mais céticos, aqueles que não gostam de futebol. E lá foi ele para a palestra e para o jantar que se seguiria. Lá pelas tantas, resolve ligar para sua esposa, só para saber o resultado (não foi isso que aconteceu, mas resume bem a história e me leva ao ponto onde quero chegar). Ganhamos, ela diz.
Pronto. Ele sozinho, em outro país, dá um sorriso. E foi isso.
Assim comemorou o fim da fila de 3 intermináveis anos perdendo para o flamengo. Ou empatando, né? Já que a FIFA considera que mesmo com vitória nos pênaltis, o resultado do jogo em si é empate. Mas seguimos a vida.

Pulo rápido para véspera da final. São Paulo, amigos, show de rock, cerveja, hotel. E, claro, a volta para o Rio, afinal segunda é dia de trabalho. Quis o destino que o horário em que fosse pegar o ônibus na rodoviária fosse exatamente o do jogo. Sim, sabia. Mas há momentos.. .etc etc etc.

Embarquei e deixei para trás o sofrimento, a gritaria, a taquicardia e a felicidade da final(como pude saber depois). Era o que precisava fazer. Embarcar. Me propor um auto-exílio, esquecer o futebol. Voltar a realidade, dirão os que não amam um escudo, seja ele qual for. De dentro do ônibus, escuto as pessoas comentando o resultado. Acreditem, uma jovem havia apostado uma garrafa de cerveja com amigo alvinegro, que fazia questão de enviá-la as notícias do jogo, via torpedo. Assim fiquei sabendo do empate do flamengo, minha primeira parcela de informação.
Pensei: como assim empate? Quer dizer que estivemos ganhando?! Menos mal que não estou vendo essa porcaria ou já estaria surtando. Muitos minutos depois, mais um plim plim avisando nova mensagem. Gol do Botafogo. Mais um pênalti. Foram os dois de penal.
Pensei: Dois gols de penal? Meu Deus, o que estou perdendo?
Imaginava os jogadores que poderiam ter batido. Já queria saber mais. Queria saber tudo. Quem tinha começado jogando? Como foram as faltas máximas? Mas nenhuma fatia de informação foi adicionada ao pouco recheio dos torpedos. O máximo foi um plim plim, seguido de um "acabou" da menina. Me virei para trás, para olhar para a cara dela, meu rosto transformado pela curiosidade, pelo sofrimento, pela espera da notícia.

Parabéns, O Botafogo ganhou. 2 a 1.
Sorri. Foi só o que fiz. Cerrei os punhos, como um lutador que finalmente derruba seu adversário. Agora queria estar no maracanã, gritando É Campeão, vendo a volta olímpica, o levantar da taça. Mas quis eu que não fosse assim. Sabia que não seria quando tive que ir para São Paulo. Como um daqueles momentos em que você sabe que precisa estar presente, como o nascimento do seu sobrinho ou o aniversário de 50 anos de casamento de seus avós, mas não pode. Estava, como o Dapieve, em outro país. No país estrada, num ônibus inter-estadual, meu restaurante português.
Como ele não gritei. E como ele também fui feliz na solidão.

Mas acho que no fim, guardei a emoção. Dentro de mim, aos poucos ela foi sendo digerida e transformada em felicidade. Em gentileza. Em amor. Em sentimentos bons. Ter essa emoção dentro de mim, guardada, fazendo parte de meu corpo, de minha alma, não foi o que esperava para uma final de campeonato. Mas foi o que tive. E que me tornou uma pessoa melhor.

***

auto-exílio.
uma coisa que posso dizer é que escrevo aqui por prazer.
Por isso mantenho aberto a birosca a quase 10 anos.
Trabalho com letras, frases e textos, também. E o trabalho também me dá prazer.
Só que algumas vezes escrevo a sério demais no serviço e quando chego em casa não tenho mais saco para ficar na frente do computador e escrever mais. Mas nem por isso paro de pensar em frases, inicios de textos, ideias para contos e roteiros.
O problema é não escrever ou não andar com um gravador de voz 24 horas comigo.

Mas tudo bem. As ideias circulam por aí, elas voam. Tudo o que você precisa é se sintonizar e captá-las. Use sua cabeça como uma antena de ideias. Funciona mesmo, eu assino embaixo.

Semana de cama. mais uma.
dessa vez laringite e otite. Mais uma batelada de antibiotico. Mais febre, mais dor. Parece que me recupero agora. E, sinceramente, não tenho mais saco para ficar doente. A única coisa boa, se é que tem alguma, é ter tempo para ler e ver filmes.
Essa semana teve: Um homem sério, Crazy Heart, Lovely Bones(Um Olhar do Paraíso) e Bad Lieutenant(Vício Frenético).
uopa...
Cat Power, dia 21/05 no Circo Voador?!
E Pedro Luis e a Parede dia 22/05?

já sei o que fazer nesse final de semana.
;)