quarta-feira, setembro 30, 2009

Bom, ontem teve aula,
ontem teve dor de cabeça,
ontem teve passos pra frente, mesmo quando o que queria era ficar deitado pra sempre.

E se teve tudo isso ontem, é uma pena, mas não teve festival.
: (

em compensação, vi Os Amantes, do James Grey. Lindo, lindo, lindo.
levado com uma delicadeza e com uma certa desesperança típica dos nossos tempos.
é difícil ter um pouco mais de trinta e tentar ser normal.

***

Hoje teve It Might Get Loud (traduzido como: A todo volume).
Documentários de guitarras e guitarristas. com the edge, jack white e jimmy page.
bem interessante, pra quem gosta de rock. POde ficar um pouco enfadonho para pessoas que não tem essa ligação maluca com os três acordes ou com as seis cordas.
Mas ver a cara do Edge e do White babando, enquanto page dedilha sua strato, vale o ingresso.
vou tirar os nomes para não comprometer, mas o papo ficou interessante.

eu:
acabei de ver essa frase no orkut de uma amiga minha
"Love is like a butterfly. The more you pursue it, the more it eludes you."

ele:
traduz

eu:
o amor é como umaborboleta
quanto mais você o persegue, mais ele te engana

ele:
ahahahahahahahhahahahahahha
olha se todo mundo
acreditasse nesse trem
não teríamos inventado a ficada
e para os mais assanhadinhos o sexo casual
isso é frase de auto ajuda
faz parte para nos engarnamos e nos acharmos auto suficientes

eu:
ah sim
mas a ficada e a picada podem ser interessantes

ele:
ahahahahahahahahha
claro claro

eu:
é como pedir pra provar um sabor dentre todas as 500 opçoes na sorveteria\
você prova, mas é so uma pontinha de colher de plástico.

ele:
mas adoro o pedaço mais complicado
aquele que a gente precisa ser romeu e julieta num lugar só
o sorvete exótico dos 500
que vc não tem direito de experimentar
então tem que converser o sorveteiro

eu:
hahahaha
é, e pega todo o pote pra você.

ele:
isso ai

eu:
pena que no final, provar o mesmo sabor sempre, enjoa.

segunda-feira, setembro 28, 2009

quero achar uma forma, um jeito de sentar que me pareça confortável.
Tá cada vez mais difícil.
Noite de horas na frente do computador. Acho que só queria conversar. Por isso não entrei no MSN. Não dá mais pra entrar no msn.
a internet anda acabando com a minha capacidade de comunicação.
Quero sentar e escrever um roteiro, um conto, ouvir essas músicas tristes, ou esses pedaços tristes de músicas nem tanto, e ser mais produtivo. E menos prolixo. É o blog das repetições, já disse uma vez. Um muro das lamentações, que talvez fosse melhor nem ser público. ou não, quem sabe.

***

Essa maneira de pensar o mundo, mais moderna, em 140 toques não é comigo mesmo.
Canso de feicebuqui, de tuiter, de ter que estar conectado. Já estou pensando em voltar a trabalhar. As segundas e as sextas estão livres, já sem aula. tenho 12 horas ocupadas por semana e isso está começando a cobrar sua conta. Solidão.
contatos telefônicos, etéreos, virtuais.
nada de beijo, nada de abraço, nada de amor.
O importante é ser limpo, asséptico, alvo como as nuvens sem pretensão de virar chuva. Como os cachos louros da menina que pintou o cabelo.

***

pensei em escrever um roteiro sobre a minha vida.
deu um curta, muitíssimo do sem graça.
chato, né?
Are we fuck ups?
No we’re not fuck ups.

Assim pode se resumir a vida de nossa geração. Chegamos aos 30 sem rumo, sem saber o que fazer, sem saber onde morar, onde crescer. No final sempre nos resta a fuga rumo a infância perdida. Na melhor (?) das hipóteses, a casa dos pais.

Sam Mendes começou bem, ao usar o tom melancólico em seu filme, que dá lugar a risadas (alivio cômico) em alguns momentos, mas nunca se esquece de nos fazer pensar em quanto somos iguais aos desajustados que existem por aí. Afinal, como diz um ditado que não saberia citar, de perto, todo mundo é louco. E assim vamos experimentando loucuras maiores ou menores que ajudam a nos colocar entre um e outro, a encontrar nosso equilíbrio dentro de tanta desfuncionalidade.

Away we go é bonitinho. Mas é triste como poucos filmes que vi.

***

Distante nós vamos, em português, o terceiro filme da pequena maratona que resolvi fazer entre os lançamentos do Festival do Rio. É complicado colocar uma ordem de bom ou melhor entre os filmes que vi, mas esses três que vi até agora não me decepcionaram.

***

Ah, e se você quer saber o que eu acho que é a resposta para aquela pergunta ali de cima, sim, we are fuck ups. Mas quem não é?

é.
incrível.
a vida é mesmo incrível.
é por isso que vale a pena viver, todos os dias como se fossem o último.
amar todas as pessoas, fazer o bem, tentar ser o melhor possível.
O que dá para deixar é um legado de amizade e amor. e só.

***
dito isso, só dá pra me despedir.

domingo, setembro 27, 2009

Antes aqui.




Primeiro foi o The Doors. Depois o Queen. Parece que para sair da aposentadoria, uma banda não precisa mesmo contar com todos os seus antigos integrantes. Nada mais natural do que o Alice in Chains, muito mais ligado temática e emocionalmente à perda e à morte, voltar também. Mesmo que para isso também tenha que superar a perda de seu vocalista para, digamos, um plano superior de existência. Mas, diferente de Fred Mercury e mesmo de Jim Morrison, Layne Staley não se tornou um ícone, apesar de sim, ter tido seu período de reconhecimento e auge, durante o boom do grunge no inicio da década de 90. O que até certo ponto facilita as coisas para a banda que sobrou. Porque é mesmo difícil para quem não é fã ter certeza de que é outro o vocalista, tamanha a identidade musical que se manteve no lançamento de Black Gives Way To Blue. As pegadas relembram os álbuns Facelift e Dirt. Mesmo que um tanto mais pesadas e algumas vezes um pouco menos arrastadas, ainda que sombrias. A primeira música, All Secrets Known, nos dá um sopro de esperança em voltarmos a ter aquela banda sempre subestimada, que cravou um dos melhores acústicos MTV de todos os tempos. E o transcorrer do disco (alguém ainda compra discos por aqui?) se dá oras por um caminho cheio de guitarras pesadas oras por melodias doloridas em baladas calmas. Pelo lado das guitarras entram em campo as faixas Check My Brain e Lesson Learned. Vestindo a camisa das baladas Private Hell e When The Sun Rose Again. O bom é que nessa partida (sem trocadilhos) quem ganha somos nós que temos de volta umas das melhores representantes do som de Seattle do início dos anos 90. Preparem as correntes, Alice está de volta.

sexta-feira, setembro 25, 2009

assistidos:
Tokyo!
(podem ver. vejam. vale bem a pena. o que é a mulher virando cadeira, nas mãos do Michel Gondry?)

O Desinformante!
(matt damon barrigudo e careca, numa historia interessante. me lembrou o agarre-me se puderes. Visível e risível. Diversão sem maiores questões.)

Ingressos comprados para 500 dias com ela (zoey deschanel e seus maravilhosos olhões azuis), Inglorious Bastards (yeah baby!!! tarantino na segunda guerra!!!) e District 9 (aliens sem gasolina na África do Sul)
Começa o Festival do Rio 2009.
É o segundo (sim, apenas o segundo) ano em que posso participar ativamente. O outro, bom, foi lá pelos idos de 2000, quando estudava aqui. ou em 99. enfim, sempre estava trabalhando nessas épocas e nunca podia ficar a mercê dos exatos 310 filmes (número deste ano) espalhados entre 24/09 e 08/10.
entre as formosuras deste ano, 500 dias com ela, Bastardos Inglórios, Aconteceu em Woodstock, O Informante!, Distrito 9, Tokyo! e Distante nós vamos.
A maioria deles com certeza estará numa tela perto de você daqui algum tempo. Por isso mesmo, o interessante é se jogar nos indies latinos, europeus e orientais. Aí, meus camaradas, a gente se perde porque é um tal de ter que sair de Botafogo e chegar no centro em 20 minutos, ou estar na Gávea e depois correr para a Barra e depois voltar para o Leblon...
Estou com dois guias todos rabiscados tentando entender a melhor estratégia para ver tudo. Impossível. E talvez seja esse o grande ensinamento do Festival do Rio. Por mais que você possa ter acesso, é impossível ter tudo ao mesmo tempo. É necessário conviver com a força de escolhas que irão tirar algo de você. Como disse minha tia, quando escolhemos perdemos a liberdade. Mas ganhamos a direção.

***

E por falar em frases, Carlos Heitor Cony estava explicando porque ele é meio cara fechada e mandou essa:
"A pessoa quando sorri muito é porque está mal informada".

quinta-feira, setembro 24, 2009

coisas chatas de se escrever:
não faço a menor idéia do que fazer com a vida.
não estou mais morrendo de tesão pelo curso de cinema.
preciso parar de beber, mas não consigo.

***

coisas lindas de se ler

"Feliz da Criatura q tem por guia e emblema uma estrela. Por isso que o Botafogo está sempre no caminho certo. O caminho da Luz.
Feliz do clube que tem por escudo uma invenção de Deus."
(Armando Nogueira)

sexta-feira, setembro 18, 2009

as fotos, infelizmente não terão como ser colcadas aqui, por conta da lerdeza da internet. Mas já coloquei um monte delas no orkut...
19/08 – Filadelfia, PY.

Anotações para futura entrevista.
O que es el chaco. Zona de transicion, com terreno muy arenoso, el Chaco Central. La situacion de la água, mucho polvo.

Anotações do portuñol –
Polvo = pó
Pollo = frango
Pueblo = cidadezinha, povoado.

Salimos de Filadelfia muy tremprano. Comemos o desayuno no hotel mesmo. A estrada é toda de terra, muito esburacada. Hablamos portunhol todo lo tiempo. Elles se gustan de musica brasilera. Colocamos gasolina em uma birosca no meio da estrada. Bebemos refrigerante, a nosso último luxo permitido. Seguimos viagem e começamos o trabalho de monitoreo, que consiste em manter contato com as pessoas das estâncias, monitorando seus desmatamentos (desmontes) e catalogando quem são as pessoas que la trabalham, quem são os proprietários (dueños) e explicarmos como fazer caso haja contato ou como identificar as señales de presencia de los aislados voluntários. Filmamos belas tomas. Mas o mais importante é documentar toda a conversa entre a equipe Amotocodie e as pessoas. Paramos para almoçar na sede do Parque Nacional Defensores Del Chaco, na entrada do Chaco Paraguayo. Árvores típicas como o Palo Santo e o Palo Borracho estavam identificadas lá. Me lembrei do Paulinho, o Paulo Borracho, famoso mindingo boca mole da jurubeba. Mais estrada, mais polvo/talco (poeira, pó), e chegamos a Água Dulce. Um posto militar. No início pediram informações, mas quando mostramos ser da IA, se mostraram bem hospitaleiros. Essa estação militar é no meio da estrada, e os militares que pra lá vão, ficam basicamente sem contato com o mundo por alguns meses. No começo são assim, durões. Mas com o tempo, vão percebendo que estão jogados ali, esquecidos quase, e começam a ficar mais desleixados. Esses tinham acabado de chegar, mas ofereceram a estação para nos quedarmos, caso quiséssemos.

Fomos adelante e despues volvemos, pois quando iríamos montar o acampamento, ameaçou chover. Antes porém, avistaram um venado (eamo, em ayoreo). Fomos hacer caceria. Pausa no relato para dizer que essa é uma das palavras mais legais de toda a viagem: caceria.
Na verdade, Carlos foi fazer caceria. Entrou um pouco no mato, mas não disparou a espingarda. Se abaixou e subiu com o que pensei ser dois cocos secos na mão. Nos aproximamos e vi que eram na verdade dois tatus. Quiriquinchos. Íamos come-los, mas como voltamos para o posto do exercito, fizemos uma sopa com cebola, molho de tomate, papas e carne. O que, descobri depois, não era uma sopa, mas a comida que nos acostumaríamos a ter em praticamente todas as refeições: guiso. No posto militar havia água encanada e foi possível tomar banho e dormirmos embaixo de um teto, ainda que dentro das barracas. Segundo todos os veteranos de viagens assim, esse seria uma noite em um hotel 5 estrelas.
A noite foi tranqüila nas barracas. Mas amanhã, devemos acampar mesmo no mato.

20/08 – Chaco – Posto Militar de Agua Dulce.
Neste exato momento em que escrevo, os militares estão conversando com os Ayoreo. Estamos explanando o que se trata a Iniciativa Amotocodie, os relatos e as características dos sinais e contando um pouco a história do grupo. Aqui ficamos sabendo que um casal estrangeiro avistou uma da gente del monte perto de cerro Leon. Ou seria Serro Leon?

Filmamos a entrevista toda. E um pouco depois, o ataque fulminante do gatinho do posto a um camundongo venenoso e traiçoeiro.

Saímos do acampamento e seguimos nosso caminho rumo ao Norte/Oeste do estado do Alto Paraguay. Agora começariam as visitas às estâncias, que a todo momento nos indica a proibição de caça e pesca. E também cartelles de No entre. Incrível como somos bem recebidos (modo ironia ON). Apesar dos cartazes de não entre, entramos mesmo assim. E encontramos seu Orlando, um Brasileiro de Sta. Catarina. Sua fazenda, Santa Paulina, tem esse nome em homenagem a primeira santa brasileira. Falamos com ele e obtivemos boas informações. A melhor? Ele acha que o botafogo não perdeu ontem para o Santo André. Informaçao essa que foi desmentida assim que voltamos ao Hotel, uns três dias depois. O botafogo, sim, tinha perdido por 2x1. Seguimos viagem e paramos para caçar e almoçar. Os ayoreo entraram na mata e ficaram lá por um tempo. Enquanto fazíamos o fogo e o guiso, eles voltaram com muitas, mas muitas tartarugas. Talvez umas 30. Tortugas, como dizem. Ainda bem que temos carne de vaca para comer. E lá se foi ela, com macarrão, batata, molho de tomate...
Continuamos o caminho e Carlos viu outro venado. Dessa vez não teve jeito do bicho (ou da bicha, já que era uma fêmea) escapar. Bam. Tiro e queda. Animal abatido. Ao ser carregado, assim como os tatus caçados, se cagou todo. Espero não me cagar todo quando for morrer. O incrível que para os indígenas, andar no mato é como fazer supermercado. Entram no monte (mata em spañol) e saem com mel, tortugas, carne, frutas, tatus, veados, tamaduás, palmito...
O que pode nos colocar a pensar, quanto tempo eu sobreviveria aqui sozinho? E eles vivem durante toda a sua vida neste mesmo lugar. Culturas diferentes, mas que não me deixam de sentir um pouco de tristeza por saber que essa cultura nos foi roubada por carros, sanduíches e programas de TV. A vida está aqui, no mato.

Entramos em outra estância, de um menonita e não fomos bem recebidos. Na volta, vimos um zorro (uma raposa). Depois do Guará em Goiás, só mesmo uma raposa cruzando o caminho no Chaco. Anoitecia rápido. Achamos o local onde iríamos acampar, baixamos as coisas, começamos o fogo, montamos as barracas. Em no maximo 15 minutos, tudo estava pronto. Jogamos os tatus no fogo. Eu comi o fígado de um deles, apesar do Elton se mostrar muito preocupado em adquirir uma leiximaniose, que disse ser coisa que se pega comendo carne de tatu. Ele fez questão de tentar comer uma perninha, cheia de cabelo, praticamente um torresmo de tatu. Ainda bem que o prato principal estava sendo preparado por Duidé. Enganchado em uma arbol, o veado era escalpelado. Carne fresca e saborosa para a ceia. Adoramos poder ter comido aquela veada de noite. E ter usado fio-dental em seguida. Com todos os trocadilhos que poderiam acontecer, descobrimos que só no Chaco poderíamos fazer isso e não ouvirmos nenhuma piada. Depois Duidé entoou canções dos Ayoreo à luz da fogueira. A noite parecia perfeita. Fomos dormir tranqüilos. Mas quem disse que a vida no Chaco é fácil? Nessa noite o frio quase não nos deixou quieto. As orelhas, o nariz, as mãos, as pernas... tudo doía de frio. De manhã, mais frio, mas o mate quente e a fogueira nos ajudariam a despertar.

21/08
Começamos mais um dia com muito frio e entrando ainda mais dentro do Alto Paraguay. Se ainda não sabia o que é perrengue, agora sei. E posso dizer que até gosto dele. Dormir em barraca, com frio, sem travesseiro, sem colchão (ô colchonete duro, sô), sem banheiro, sem banho, comendo pão duro (o pão fica duro, mas dura pelo menos uma semana).
Entramos em uma estância chamada AGT, de outro menonita. Os donos estavam chegando, ou saindo, de monomotor, ou seja, teríamos que volvermos no mais tardar. Uma coisa interessante do Chaco é que, aqui, para se iniciar uma estância, a primeira coisa que se faz é a pista de pouso. Impossível contar com estradas mesmo. A línea 1, a 14 e a 2, que me lembro de ter passado são de assustar qualquer Land Rover.
Bom, depois do almoço nos separamos. Metade da equipe voltaria para AGT e a outra seguiria adiante em direção à Canoa, outra estância mais ao norte. Fui para Canoa onde fomos recebidos pelo administrador do local, seu Adolfo, um mineiro daqueles bem mineiros mesmo. Ficou feliz em hablar em português comigo. E como falou. Contou histórias do arco da velha e até nos mostrou onde estava um tucanito que ele e os dois irmãos paraguayos que trabalham com ele pegaram para “domesticar”. Ofereceu- nos local para ficar e comida. Mas continuamos nossa andança pelo Chaco e pelas estâncias, divulgando o trabalho da I.A. e do povo Ayoreo. Chegamos ao ponto mais ao norte de nossa viagem, uma pequena picada de onde é difícil seguir adiante. Estamos a 40 km da Bolívia, de acordo com o GPS. Daqui voltamos e encontramos um acampamento grande de trabalhadores. É uma sexta-feira e todos parecem estar desesperados por sair daqui e chegar a alguma cidade. Disseram que ficam na beira da estrada com as bolsas esperando que passem carros ou caminhões para dar carona a eles. Muitos deles terminaram seus serviços e simplesmente não tem como voltar para a cidade, ficam às vezes dias esperando uma carona. Tomamos terere, o difusor da gripe suína daqui, e seguimos em busca do local para nosso próximo acampamento. O acampamento era ao lado da Linea 14, um matagal próximo de uma casa abandonada. Limpamos o terreno e fizemos nosso acampamento. Dessa vez precisamos correr para montar tudo porque a luz estava caindo muito rapidamente. Carlos e Aquino foram ver a casa e voltaram de lá com 3 aboboras das grandes. Na casa não havia ninguém, nem sinal de que seu dono pudesse ter só dado uma volta. O abandono era real. Cozinhamos um guiso com arroz em vez de macarrão. Uma boa mudança de cardápio. Mas o restante era o mesmo: batatas, molho de tomate, carne. Despues, Carlitos fué dormir. E levou a espingarda consigo. Disse que poderia haver tigre (onça) e que esse poderia ser o motivo do abandono da casa pelo antigo dono. Porra, onça?! Agora, aqui?
Pensei que não passaria dessa noite, que não conseguiria dormir, paralisado pelo medo de virar o jantar de alguma onça safada. Ficamos todos tensos. Mais tarde uma camioneta apareceu. Trazia na caçamba um gato, como chamam uma oncita do tamanho de um gato grande caçado por eles. Acho que relaxamos um pouco mais depois disso e nos recolhemos as nossas barracas. Mais uma vez dividia espaço com mais três caras. Ainda bem que até esse dia as coisas pareciam sobre controle. As coisas seriam o cheiro de cada um já indo para o terceiro dia sem banho...

22/08

Vocabulário spañol-português (já diferente das Anotações do portuñol )
Jerga – gíria
Testigos – testemunhas
Testimonios - depoimentos
Yerba-erva
Galletas –biscoito, mas também uns pãezinhos llamados galletitas.

Levantamos inteiros, graças a Deus. Tomamos nossa yerba (mate), nosso café com leite e nosso pão cada vez mais parecido com uma pedra. Ou a pedra que ainda continuam a chamar de pão. Fui obrigado a joga-lo na caneca de café com leite, esperando que amolecesse para que a mordida não quebrasse algum dente. Afinal estava no meio do mato!
Voltamos ao local onde estava o acampamento ontem. Os caras que estavam no meio da estrada ainda estavam lá à espera de uma carona. Pobres coitados. Ali conversamos mais um pouco com um dos chefes do acampamento. Quer dizer, conversamos nada, porque o cara falava em guarani e só o Junior entendia e falava também. A intenção era chegarmos a uma laguna que tínhamos descoberto no GoOgle Earth. O local era ali perto e eles sabiam como chegar. Foram em um trator na frente para nos mostrar onde era a laguna. Lá, encontramos sinais dos ancestrais Ayoreo que habitavam essa área. Era importante filmarmos bem esse local, pois depois ele será mostrado para anciões nas aldeias e eles poderão reconhecer ou não esse lugar. O local é belíssimo realmente com muita grama e arvores frondosas, diferentes das arvores das áreas mais secas do Chaco. A sensação de Paz é incrível. Avistamos uma árvore com um corte feito por algum ayoreo carpinteiro. Provavelmente para fazer os sapatos que usavam. Marca indiscutível que antepassados habitaram essa área.

***

Pausa para recordar dados do pueblo ayoreo. Os Ayoreo tiveram seu primeiro contato com o homem branco no final dos anos 50. Ou seja, ha 50 anos mais ou menos. Entao, para Carlitos, Duidé, Aquino e Mateo, essa área é a área onde moravam seus pais e avós, e onde eles mesmos viveram até os sete, nove, doze anos de idade. E para comprovar como esse contato é recente e como é possível que existam alguns grupos sem contato algum ainda, segue um pequeno histórico dos últimos encontros/contatos:
1986/1987 – 1 grupo faz contato com jesuítas.
1997 – 2 grupos fazem contato
2004 – outro grupo faz contato e diz que saíram fugidos do grupo porque foram ameaçados, já que quebraram uma regra de convivência e a única forma de sobreviverem que encontraram foi sair do monte e fazer contato.
Ou seja, se a partir dessa época não houve outro contato, há PELO MENOS, um grupo isolado ainda. Mas sabe-se pela presença e pelo encontro de sinais que pode haver mais 4 ou 5 grupos, o que totalizaria 5 ou 6 grupos diferentes de indígenas ayoreo em isolamento voluntário. O problema, o grande problema, é a velocidade com que acontece o desmatamento da área para a plantação de pasto e para a criação de gado. Com a movimentação intensa em uma área normalmente calma, os ayoreo isolados estão sendo expulsos de suas terras, sendo empurrados para as poucas áreas em que encontram paz. Infelizmente o desmatamento causa também um impacto muito grande na vida selvagem do Chaco, o que dificulta a obtenção de comida, antes farta, de água, encontrada em pouquissimos locais no Chaco, e por isso tão importante para eles, e de local para o cultivo, possível apenas durante a época de chuva. Encurralados, os grupos correm um risco cada vez maior de ser encontrado, o que pode ser mortal para eles, por causa de nossas doenças. Uma bactéria mortal ou um germe pode estar presente até em uma inofensiva camisa. Ou mesmo mortal para quem os encontrar, pois podem se mostrar muito agressivos algumas vezes.

Dicionario ayoreo –
Coñones - homem branco
Eamo – veado
Eami – o mundo, o universo. Para eles, o Chaco, que é todo o universo que conhecem e o único que realmente importa.
Ñacanipis – obrigado
Voaia – oi, olá

***

Voltando ao local da laguna, nos afastamos um pouco dela e entramos fundo no Chaco acompanhando Carlos, Duidé e Mateo na busca por mais sinais que seus pais e avós poderiam ter deixado. É incrível se meter em el monte adentro e se sentir um ser tão estranho a ele. Nos mostraram alguns outros sinais e filmamos uns depoimentos. É muito, muito fácil se perder dentro da mata. O chão tem cipós que parecem cordas que prendem seus pés e pernas. Culpa dos espinhos tão presentes na flora daqui. Apesar das arvores serem espaçadas, delas caem mais cipós com espinhos, o que torna bem difícil a caminhada no monte. E apenas alguns passos monte adentro você perde a noção de onde estava e para onde vai. Ainda bem que com eles não há esse problema. Voltamos para os carros e para nossa pequena expedição. Terceiro dia sem banho. No máximo lavamos as mãos, que se sujam rapidamente. Como no Chaco é muito difícil encontrar um rio, uma lago, uma fonte natural de água, se coleta água da chuva que cai durante o ano. E é dessa água que bebemos. Quando possível, faz-se um poço artesiano. Quando possível, pois já furaram 300 metros e não acharam água alguma. Já furaram 60 metros e só acharam água salobra...
Já não nos preocupamos em lavar tão bem nossa louça, e comemos com a mão suja do pó que levanta das carreteras paraguayas, as lineas.
Não há como negar que viver assim, sem contato com o “mundo real” é animador. Sem informações, criamos a nossa própria realidade. Hoje sonhei que o Sarney havia renunciado. Ontem sonhei que era o namorado de uma amiga. A vida nesse lugar que parece afastado de tudo não é melhor nem pior, só diferente. Diferente do que nos acostumamos a chamar de normal.

Hoje antes do almoço, aquele guiso de sempre, coletamos dois palmitos. Foi a entrada. Só faltou o gosto do conservante que vem naquela água do palmito que como normalmente. Depois do almoço, outra estância. Dessa vez tivemos a infeliz idéia de entrarmos em uma fazendo que estava desmatando fervorosamente o Chaco. Topadoras trabalhavam trazendo o som da morte em suas engrenagens que pareciam gritar. Filmamos o acontecimento e conversamos com alguns trabalhadores, já a muito despidos de qualquer forma de auto-estima. Todos cobertos de poeira, e bebendo uma água assustadoramente ruim.
Sim, tomamos terere com eles também. E tínhamos um problema importantíssimo para sanar: nossa água tinha acabado. Lá nessa estância conseguimos encher um galão de água, mesmo que fosse dessa água salobra e com um gosto grosso, quase como um leite. No Chaco dizem ser necessário tomar, não dois, mas quatro litros de água por dia.
Seguimos viagem e saímos da línea 14 para línea 1. Há poeira por todo lado. Tenemos todos uma camada de pó sobre todo o corpo. Caminhões carregados de gado passam a todo o tempo, carregando 80 cabeças cada. Esses monstros quase não cabem na estrada, de terra, pequena e esburacada. Temos que praticamente nos jogarmos para fora da estrada para dar passagem para eles. E tome mais polvo levantado em cima de nosotros. LLegamos a uma estância, KARA KARA. Seu dono, muito furtivo, não nos disse seu nome. Primeiro se identificou como brasileiro. Depois como português e só então como moçambicano. Sua estância é belíssima, sem nem uma arvore a vista. Apenas grama. Havia um trator, três caminhões, um barco, um avião particular e pela primeira vez, todos os empregados andavam com armas na cintura. Todos da equipe o acharam muito suspeito. Seu envolvimento com Ponta Porã nos deixou ainda mais inquietos. Seria ele um Narco? Pelo menos nos ofereceu uma cervejinha gelada (e nos deu exatas 12 latinhas geladas da cerveza Ouro Fino e mais 6 garrafas de 500 ml de coca para os ayoreo que não bebem álcool). Segundo Elton, ele nos embebeda e depois nos mata. Assim fica mais fácil. Enchemos mais dois galões de água, essas sim beeeeem bebíveis e milhões de vezes melhor do que a dos trabalhadores da estância Chovoreca. Nos ofereceu sua propriedade para nos quedarmos, mas os ayoreo não se sentem a vontade perto dos estanceiros. É como se você fosse convidado para ficar na casa dos assassinos de alguém da sua família. Eu acho. Acampamos assim que saímos de Kara Kara. Fizemos nosso foguinho, e dessa vez eu fui o encarregado pelo jantar. Deixei o guiso quase sem água, com arroz em vez de macarrão. Um quase risoto. Não fez muito sucesso pelo jeito, mas também não houve reclamação. Os pães, de tão duros, já estão servindo apenas para serem triturados e transformados em uma espécie de farinha muito primitiva. Aqui tenho que lembrar também do picante de Bolívia que os Ayoreo trouxeram para a expedição. Picante=pimenta. Em pó. Delicia, forte e saborosa. Olha ali, um zorro. No meio do mato, nos olhando. Tentamos filmar, mas ele se foi. Apareceu somente de madrugada para pegar os restos da cebola q descascamos para fazermos o jantar. No meio da noite, éramos acordados com caminhões de gado que passavam pela línea, a não mais que alguns metros de nosso acampamento. Todos dormiram meio mal e se mexeram bastante durante a noite. As duas e meia da matina, os ayoreo acordaram e não dormiram mais. Nosotros acordamos as cinco da manha. Era dia 23/08. Domingo.

23/08 – Domingo
Enquanto haciamos o desayuno, os ayoreo olharam para o céu e disseram, vem chuva. Ok, pensamos. Daqui uma meia hora, disseram. 29 minutos depois, eles se levantaram, pegaram suas mochilas na barraca e entraram nos carros. Quando entendemos o porquê daquela debandada em massa dos indígenas, era tarde demais. A água começou a cair do céu. Corremos para desarmarmos as barracas, debaixo de chuva. O pó que cobria o chão se tornava em um barro fino que grudava na sola do sapato, fazendo com q a gente ganhasse centímetros e quilos a mais em questão de segundos. Depois de uns 10 minutos a chuva se foi. Segundo eles isso era um sinal. Se depois da chuva, viesse um sol forte e perene era sinal de perigo, talvez de morte. Se o céu continuasse fechado, poderíamos seguir com nossa viagem, por mais uns 100 kilometros ate quase a fronteira com o Brasil.
O céu continuou fechado. Mas agora o problema era outro. A possibilidade real de muita chuva, o que faria com que a estrada enchesse de água e nos obrigasse a ter que esperar a água baixar. Uma conferencia foi feita e depois de mais ou menos 1 hora de conversa foi resolvidos, voltaríamos. Arrumamos as nossas coisas (as barracas encharcadas) e começamos nossa volta. A estrada, se já não era das melhores, com a chuva ficou cheia de lama. Pulavamos mais do que feijones saltitantes. E as rodas da camioneta da frente jogava verdadeiras pedras de lama de seus pneus para o alto.

Vocabulário spañol-português (já diferente das Anotações do portuñol )
Poroto = feijão
Feijones = ...
Não existe tal palabra.
Arreglar – consertar
Estrañar – sentir saudade
Manejar – dirigir
Anojar-se – se irritar
Aborrido – aborrecido
Lechugas - alfaces


***
continua...

segunda-feira, setembro 14, 2009

Filmes 2009 - a lista

ressaca de amor (assistido. veredito: OK)
sonho de cassandra
Presságio
Um ato de liberdade
Che
Novo Mundo
Entre os muros
Casamento de rachel (assistido. veredito: muito bom)
A troca
Max Payne
A espiã
Control(assistido. veredito: muito bom)
Vale das Sombras
Paris, te amo
solução final
Guru do amor
A amor não tem regras
O passado
Milagre em Sta. Ana
Guerra ao Terror
Rede de Mentiras (assistido. veredito: bom)
Controle Absoluto
Corrida Mortal
Arquivo X
O nevoeiro
Bolas em pânico
Um louco apaixonado
Coraline
Segurança de Shopping
Crepúsculo\\
Bobeira dizer isso mas a letra L é a letra do electrorock. Ou seja lá o que seja isso. Synthpop talvez.
Veja só: La roux e ladyhawke. Lifelike e Le CastleVania.
De gruja lazersnakes e Lilly Allen.

***
Frente fria no Rio. O pessoal diz que foram os paulistas que mandaram porque esse domingo fez um puta dia lindo aqui no Rio, com praia e futebol e chopp e tudo mais.
65 + 95 = 0 x 0 e 200%.
entendeu?

então eu explico: no abraço dos desesperados, os dois se abraçaram e afundaram, só vão se levantar ano que vem, na segunda divisão.
200% de chances de cair, 100% pra cada um.

mas quarta-feira tô lá de novo, pra torcer pro time reserva...

sexta-feira, setembro 11, 2009

Aos poucos vai saindo o diário da viagem ao Paraguay.
o problema é digitar tudo o que já está escrito no caderno. Mas enfim, um pedaço já escrevi.

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Se sábado se tornou quase que inesquecível, por causa do show do Friendly Fires, maravilhosos e totalmente em forma, o mesmo não pode se dizer do domingo que o seguiu. Acordei perto da uma da tarde, meio destruído de duas noites seguidas de shows e bebida. Como havia me programado para sair daqui do Rio rumo a Jacareí, hometown do brother Elton, às 9 da matina, me senti meio perdido. E aí, e agora? Me lembrei do ônibus das 3 da tarde. É nesse que vou, ok, tenho tempo e tudo mais. Arrumei as coisas, naquela velocidade de olhos de ressaca, como diria Machado, e almocei, numa nice. Porra, são quase duas e meia, hora de sair!!!! Mais do que hora de sair, atrasei-me. Se perco o ônibus das 3, não sei o que fazer. Talvez ficar, tenho medo mesmo do que pode me esperar. Beber água da chuva? Que porra é essa... Dormir em campo, no meio do mato, sem banho por muitos dias? Lugar onde cada um escreve as próprias leis? Coisas que estavam em um e-mail que recebemos que me deixou cabreiro. As 2 e 56 cheguei na rodoviária do Rio, correndo, esbaforido, 33 reais mais pobre, dos 300 que peguei do banco emprestado (eu e os empréstimos de ultima hora urgentes do banco...). sessenta reais mais pobre depois de comprar a passagem, chego as 3 em ponto dentro do ônibus. Desce a adrenalina. Desce a poeira, que só voltaria a subir, e bota subir nisso, no Paraguay. Pego o caderno, a lapiseira e começo mais um diário de viagem.

16/08/09 – 15:00 – ônibus da Viação Sampaio - Rio x Jacareí
O reencontro

Começa mais uma aventura embalada a correria e ressaca. Na hora que saí de casa, dificilmente seria possível chegar a tempo na rodoviária, comprar a passagem e embarcar. Mas embarquei. E agora sigo viagem, rumo a Jacareí e depois, ao desconhecido.
No caminho que me mostra o Rio que ainda não tive a felicidade de conhecer, desmascaro pedaços de um estado que não o tempo e a distancia ainda não me deram a oportunidade de conhecer. Vilar do Teles, Parada de Lucas e Meriti, conforme o ônibus avança. É assim que vou conhecendo o Rio. De uma janela de vidro, com o ar condicionando tosses e espirros.

É incrível a facilidade que a estrada tem em me acalmar. O silencio, só quebrado pelo ruído do motor e do encontro da borracha com o asfalto, a paisagem nova, o balançar... tudo parece fazer parte de mim, da vontade de estar em tudo.


17/08/09 – 13:34 – Hora Local (traduzido do idioma universalmente desconhecido para o Portunhol Selvagem)
Ahora nos quedamos em Asuncion. Hablo español. A viagem foi tranqüila e descobri que estamos milionários. Literalmente. A idéia de cambiar 500 dolares daria um valor de mais de 2 milhoes de guaranis. La ciudad es muy bonita e los carros importados, grandiosos. Fizemos o cambio e fomos almoçar. Paramos em um shopping. A vontade de entrar nas lojas e brincar com a facilidade dos milhões deve ser contida. Tenis, eletrônicos, roupas, perfumes.


Diñero


Comemos uma milanesa (a partir de agora uma companheira fiel da viagem). Não soube pedir o que queria, mas veio assim mesmo. O problema é que o almoço aqui é uma carne e um acompanhamento. Purê de batatas. Pedi “papas” e adelante fue. A quantidade de shoppings, os cassinos e as concessionárias me fizeram pensar: aqui deve haver grana. Talvez um eldorado a ser encontrado. En portuñol. As bandeiras do Paraguay se multiplicam por toda a cidade. O transito é de dar medo, tal o caos. Aqui sim se dirige mal. Agora distanciado do calor do momento e tendo passado mais uns dias em Asuncion, me comprometo em nunca mais dizer que farei uma baianada no transito. From now on, farei uma paraguayada. Ou uma paraguaya, nome mais curto e bonitinho para minhas pequenas infrações de transito.

Ainda em Asuncion, pegamos um friozinho gostoso. 12 graus. Na estrada um pouco de lluvia. Me quedei a pensar: porque nosotros somos os únicos que não hablamos spañol em toda a sudamerica? Assim poderia viajar por la Latinoamerica entendiendo todo e pedindo, certo, o purê de batatas.

Pegamos o ônibus para Filadélfia, capital de Boqueron, o Estado, aqui llamado Departamiento. Agora, em direção ao Chaco. Como antes, pegamos a mesma direção: centro hasta el norte. Porém, agora, em um país diferente. Asuncion x Chaco.
No omnibus da Viaçao Nasa com tecnologia puramente paraguaia. Mas espere um momento, e aquele cartelle escrito “Deus é meu pastor e nada me faltará” em Português?
Sim senhor. A tecnologia é puramente brasileira. Não podemos nos queixar do Paraguay. Nossos ônibus vem para cá, curtir a aposentadoria. Tosses e espirros dos mais diversos calibres se fazem presente durante toda a viagem, no ônibus que vai com todas as janelas travadas e sem ar-condicionado. Pronto, gripei.




Viação NASA




Em Filadelfia, Hotel Florida. Fomos recebidos pelas pessoas da Iniciativa Amotocodie (link). Conversamos rapidamente, nos apresentamos, pegamos a llave da habitacion 104 e deixamos as coisas. Volvemos para o jantar, no Hotel mesmo, com las personas de la iniciativa. Beno, Jing, Marcos e Miguel Junior. Nos apresetamos, dissemos o que faríamos durante a viagem, nos deixamos completamente a disposição deles para qualquer coisa que pudessem precisar. Eles pareceram gostar de nosso primeiro contato e colocam muita esperança em nosso trabajo. Tenemos que hacer bonito. Comemos uma pizza, ok, 3 pizzas (para 6 personas). Bebemos a Baviera Premium. Cerveja de primeira qualidade no Paraguay. Depois da Brahma made in paraguay que probamos na hora del almuerzo, a Baviera puxava el sabor bem para a lager, com a suavidade de uma pilsen. Como se fosse possível fazer uma Heineken com cara de Skol. Na TV, filmes dublados no TCM e na TNT. Classes de spañol de graça. Na ESPN, o noticiário argentino. Apresentacoes de jogadores e preparativos para as partidas da Nissan Sudamericana. A temporada começa agora para eles.




HOTEL FLORIDA



BAVIERA PREMIUM



Para entender essa parte do Paraguay, procurem entender os Menonitas.


18/08. Filadelfia, Oficina da Iniciativa Amotocodie.
Hoy tiramos o dia para hablar con las personas que irão na viagem com nosotros. Coñecemos na oficina da IA, las tres chicas que ayudan no trabajo de logística local. Liz, Sonia e Silvia. Buenas personas, totalmiente na delas. Hablamos com Manu e Marcos, dos hermanos que nos acompañarão. Despues llegaran los indígenas del pueblo Ayoreo: Duide, Mateo e Aquino. Mateo é o anciano, presidente de la UNAP (link). Aquino és um ex-presidente da UNAP e esta envolvido con los projectos de lo pueblo Ayoreo. Duide és otro anciano que poço habla español. Se comunica com los otros em Ayoreo mismo. Despues llego Carlos, que veio de outra comunidade Ayoreo. Hicemos algunas tomas de la preparacion, de las camionetas e das personas hablando nuestros objectivos e direcciones en esta viagem. Tudo pronto, volvemos Al hotel. Fizemos as malas, as menores possíveis, com o mínimo de coisas necessárias. Passamos en el super e compramos dos cantis e dos lantiernas. Elas se mostrariam muy buenas e necessárias despues, mas tarde en La viagem.




Os Ayoreo


19/08 – Filadelfia, PY.

Anotações para futura entrevista.
O que es el chaco. Zona de transicion, com terreno muy arenoso, el Chaco Central. La situacion de la água, mucho polvo.

Anotações do portuñol –
Polvo = pó
Pollo = frango
Pueblo = cidadezinha, povoado.

Salimos de Filadelfia muy tremprano. Comemos o desayuno no hotel mesmo. A estrada é toda de terra, muito esburacada. Hablamos portunhol todo lo tiempo. Elles se gustan de musica brasilera. Colocamos gasolina em uma birosca no meio da estrada. Bebemos refrigerante, a nosso último luxo permitido. Seguimos viagem e começamos o trabalho de monitoreo, que consiste em manter contato com as pessoas das estâncias, monitorando seus desmatamentos (desmontes) e catalogando quem são as pessoas que la trabalham, quem são os proprietários (dueños) e explicarmos como fazer caso haja contato ou como identificar as señales de presencia de los aislados voluntários. Filmamos belas tomas. Mas o mais importante é documentar toda a conversa entre a equipe Amotocodie e as pessoas. Paramos para almoçar na sede do Parque Nacional Defensores Del Chaco, na entrada do Chaco Paraguayo. Árvores típicas como o Palo Santo e o Palo Borracho estavam identificadas lá. Me lembrei do Paulinho, o Paulo Borracho, famoso mindingo boca mole da jurubeba. Mais estrada, mais polvo/talco (poeira, pó), e chegamos a Água Dulce. Um posto militar. No início pediram informações, mas quando mostramos ser da IA, se mostraram bem hospitaleiros. Essa estação militar é no meio da estrada, e os militares que pra lá vão, ficam basicamente sem contato com o mundo por alguns meses. No começo são assim, durões. Mas com o tempo, vão percebendo que estão jogados ali, esquecidos quase, e começam a ficar mais desleixados. Esses tinham acabado de chegar, mas ofereceram a estação para nos quedarmos, caso quiséssemos.



Posto de gasolina



Defensor del Chaco



Palo Borracho




Posto Militar

quarta-feira, setembro 09, 2009

ei blog lindo!!!
feliz.
é estou feliz, crê?

talvez pelo fim de semana regado à companhia, com churrasco, feijoada, pizza e bife com fritas, dias após dia, em família e em amor.
agora é suar pra valer na academia, suar pra valer na escola (em seu ultimo semestre), suar pra valer no verão carioca que se aproxima.
Este ano bati o recorde, já estou em setembro, me equilibrando como dá entre dívidas, emprestimos, viagens e infiltrações no apê capixaba.
Vou levando, quase completando um ano. Um ano de volta à casa.

***

Ontem fui no Casa Cor Rio 09. Primeira vez que vou no casa cor em toda a minha vida. estranho, engraçado e assustador. tudo ao mesmo tempo.
queria morar num daqueles cantos de lá, e para isso, precisaria de um bom emprego. E bota booooooooom nisso. Precisaria me estabelecer, montar a casa, ter o imóvel, pagar contas, enfim, levar uma vida que aprendi a desgostar. Mas que gosto assim que sinto o gostinho dela. Os espaço, a decoração, os ajustes e as novidades para "casa" são de dar água na boca.
acho que ano que vem vou de novo.

sexta-feira, setembro 04, 2009

hoje era um dia, já noite, para se jogar sozinho no quarto escuro
com pilhas de disco e muitos pensamentos solitários.

esqueça.
quem disse que a vida é perfeita?
todos saem do Rio.
uns vem pra cá.
eu fico parado.

***

Control.
passei a tarde de sexta vendo esse filme.
pobre Ian Curtis. É verdade, as pessoas querem sempre mais. Não se satisfazem com o que podemos dar. E depois, não conseguimos dar mais, nem ser quem uma vez éramos.
vale a pena ver.
Hoje vi um filme no vídeo muito massa.
o nome é The Great Buck Howard.
com John Malkovich DE CABELO!!!!!!!!
e bem bonito e dirigido e escrito. redondinho.

depois fui ver a pre-estreia de um DOCTV daqui do RIO, o HU.
HU de Hospital Universitário.
é que o HU da UFRJ, no Fundào, só tem metade do predio funcionando.a outra parte, conhecida como perna seca é abandonada.
Imaginem isso, milhares de toneladas de concreto pra nada...

enfim, valeu o dia.
semana que vem começam as aulas de verdade na Darcy e aí, volto a assistir filmes e filmes e filmes.

pro fim de semana já tem o Touro indomável aqui do lado da cama. Mais um clássico pra colocar na lista dos assistidos.

quarta-feira, setembro 02, 2009

caramba, quantos graus hoje no Rio?
40?
acabo de perder toda e qualquer saudade que tinha de Cuiabá.
prefiro a noite fria do Chaco.
bem atrasado, a critica do Friendly Fires.

Friendly Fires incendeia Circo Voador e agrada público que conhece hits nunca lançados no Brasil
Publicada em 16/08/2009 às 08h54m
Ricardo Calazans


O grupo inglês Friendly Fires está entre os que mais recebe atenção atualmente no universo do rock. Caiu nas graças de crítica e público graças ao seu bem azeitado álbum de estréia, coleção de 11 músicas sacolejantes entre o balanço hedonista de Prince e as angústias distorcidas do indie rock. Foram estas exatas 11 canções que o público presente ao Circo Voador pode ouvir, ainda que não na mesma ordem do disco, na madrugada deste domingo.

Fãs colocam vídeos do show no YouTube. Assista a "In the hospital"
Por sorte, as músicas têm peso e pressão ao vivo. Da abertura "Lovesick" ao bis, com "Ex-lover", o Friendly Fires fez um show coeso, sem muita diferença para o que se ouve no disco, mas que manteve a atenção do público todo o tempo - mesmo que tenham sido apenas 50 minutos.

Forte concorrente a vencer o Mercury Prize, importante prêmio musical britânico, no próximo mês , o Friendly Fires era a atração principal do evento "Pop Load Gig". Para chegar até o grupo, a plateia teve que passar antes pelo Brollies and Apples, banda que reúne Bianca Jhordão (Leela) e Chernobyl (Comunidade Nin-Jitsu) com seus respectivos cônjuges no palco (capricharam na pose) e pelo Copacabana Club, quinteto de Curitiba um tanto mais desencanado e que fez um bom aquecimento para os ingleses. A vocalista Cacau V., com uma perna imobilizada, destaca-se na banda, que parece se divertir à beça no palco. Fosse um pouco mais curto e teria sido ainda melhor o show.

Quando eram 2h20, o Friendly Fires entrou acelerado no palco. A empolgação do vocalista Ed MacFarlane, um rebolativo rapaz de 24 anos, dá a dinâmica nervosa da banda no palco; o baterista Jack Savidge não perde o pique e tem a companhia de Rob Lee no baixo, Edd Gibson na guitarra e ainda de um naipe com trumpete e saxofone - que, por sinal, pouco disseram a que vieram.

Quanto mais suava a camisa e requebrava no palco, mais o público simpatizava com o pequeno dínamo MacFarlane. Seu sintetizador ajudava a dar peso à apresentação, e na terceira música, "Skeleton boy", o povo já caíra na farra. "In the hospital", decalcada de Talking Heads e embebida em música disco, conseguiu efeito semelhante logo em seguida. Em "Kiss of life", Edd Gibson se atracou a um tamborim, enquanto a banda exercitava sua vertente David Byrne - eles gostam de pesquisar timbres e batidas "exóticas", e são loucos pela bateria das escolas de samba do Rio. Antes do show, por sinal, o baterista Jack contou em seu Twitter que eles terão aula de samba no Rio, antes de subirem o Pão de Açúcar e se atracarem com um "churrasco brasileiro".

Um agogô aqui ou acolá, porém, e foi tudo que eles mostraram de carnavalesco no show. De resto, ficaram firmes no que, na época do New Order, era chamado de tecnopop (ainda que aqui, com mais guitarras). A novidade é que eles têm um hit sem intermediários chamado "Paris", direto do produtor ao consumidor, cantado em coro pela plateia, mesmo que a banda não tenha lançado disco no Brasil. (Mais um) sinal dos tempos.





terça-feira, setembro 01, 2009

noticias rapidas:
digito o diario da viagem. logo o coloco aqui, com fotos tb.
deve dar para entender o que foi a viagem ao Chaco.

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Oasis chega ao fim com a saída de Noel Gallagher?
não sei, mas Oasis sem Noel não é Oasis. É quase como, sei lá, um queen sem o freddie mercury. Mas com eles eu posso ficar, assisti a tres shows, em todas as passagens deles pelo Brasil, nas turnes dos albuns "Be Here Now", depois do "Standing in the Shoulder..." e "Familiar to Millions", e agora, faz pouquinho, do "Dig Out Your Soul". E assim, acaba uma das maiores bandas de todos os tempos. E com certeza uma das três maiores dos últimos quinze anos.

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De volta as aulas. de volta ao Rio. transito em copa, transito na lagoa. aulas pela tarde ate o fim de semana (aquela enrolaçao de semana de abertura). Filmes e filmes pra gente ver. Hj vi "A lira do Delírio". Delirante. hahahah
Amanhã tem clássico: Os Fuzis, do Ruy Guerra.
entro também no curso de 1 semestre de operador de câmera.
Ah, tem um de fotografia, viu Elton, em dois finais de semana em Outubro.
dias 8 e 9 e dias 22 e 23.
Contatos avançados para a filmagem de roteiros próprios acontecem a toda hora.