terça-feira, abril 27, 2010

Hoje acordei mais cedo.
Tenho me policiado em relação ao horário do despertar.
De banho tomado, comecei a sentir um cheiro de queimado.

correria por corredores, escadas e janelas, e descobrimos a origem de tamanha fedentina:
o telhado da casa em chamas. Não muitas chamas, mais precisamente um pano queimando.
Fogo. Um princípio de incêndio.
Depois de apagada, sozinha, autoconsumida, a flama passou a acender meus pensamentos.

Imagine incêndio no Rio.
Como o de ontem, no camelódromo da Central. Incêndio é fogo, paixão, raio estrela e luar. É a antítese da cidade das águas, das chuva, das enchentes. É a não-carioca forma de destruição. Incêndio não combina com a cidade-água, da lagoa, do mar, das cachoeiras nas paineiras. Fogo aqui, só em Botafogo, o bairro. E no grito da torcida.

***

O que me pos a pensar novamente: será por isso que não ganhamos tanto quanto gostaríamos? Não contamos com as bençãos dos Santos Cariocas, com a simpatia da cidade, em sua forma mais metafísica? Seríamos nós, os botafoguenses, também a antítese do Rio? e de certa maneira, da vitória? Somos das cinzas. Ressurgidos vez por outra, como o pássaro das penas de fogo. Viu, olha ele aí de novo.

sábado, abril 24, 2010

TEXTO DO GUSTAVO POLI - LINDISSIMO.CHOREI AO LER. DE VERDADE.


Estamos em fevereiro. Magrelo como um louva-deus, cabelos longos e escorridos… Washington Sebastián chega à sede da Policia Federal com um funcionário do Botafogo. O uruguaio de 1,93m está ali para tirar o visto de trabalho. Ao se aproximar do posto, é reconhecido pela policial que, botafoguense, comenta:

- Poxa, vê se ajuda a gente. Porque… nos últimos três anos foi só tristeza.

Washington Sebastián rebate:

- El Loco no estaba acá.

A delegada sorri. E Washington Sebastián Abreu arremata:

- Com El Loco acá… és campeón.

Dois meses depois, Washington Sebastián – ou mais popularmente El Loco Abreu – cumpriu a promessa. E cumpriu de forma inesquecível – transformando tensão em leveza. Arrumou um jeito de eternizar um pênalti – de transformar o mais objetivo e seco dos lances numa imagem perene. A sutil parábola que enganou o goleiro Bruno tirou anos de peso das costas alvinegras. E entronizou Abreu instantaneamente no panteão de um clube peculiar.

O Botafogo é um clube de extremos. Pula da tragédia para a glória num estalar de dedos. Não é preto e branco por acaso – até porque o acaso passa longe de General Severiano. O botafoguense é um pessimista que acredita no milagre. E acredita, sobretudo, que toda coincidência é um indício. Pobres de nós, pretensos especialistas, que não fomos capaz de enxergá-los.

Antes do Campeonato, o comentarista esportivo que dissesse que o Botafogo ganharia os dois turnos do Campeonato Carioca… seria internado no pinel e tratado à base de choque elétrico. O time era fraco, não tinha consistência nem elenco – e buscava se reconstruir com uma série de jogadores que não deram certo em outro lugar.

Para o olhar treinado, porém, os indícios do título improvável eram muitos. Fazia 21 anos da épica vitória maurícia em cima do Flamengo – e do fim do jejum de 21 anos sem título (num jogo repleto de referências ao número 21). O campeonato era de 2010 (olha o 21 de novo) – 100 anos depois do primeiro titulo que o clube comemorou, o de 1910, que lhe concedeu o apelido de Glorioso. No início do campeonato, após a goleada por 6 a 0 para o Vasco, um torcedor botou fogo na camisa do clube. Loco Abreu chegou – e trouxe sua superstição: usar a camisa 13. Recebeu a dita cuja das mãos de outro supertiscioso histórico, El Lobo Zagallo. Herrera, o outro atacante, também tem uma camisa off-11 – usa o numero 17. E o clube contratou Joel Santana – conhecido por seu futebol eficiente… e por sua inacreditável estrela.

Ora, direis, ouvir indícios… bom, é claro que há muito de lenda nessa sopa de números. Mas, para o Botafogo, 2010 era um oásis necessário. Nelson Rodrigues dizia que o botafoguense é um calabrês – que precisa da derrota para se realizar. Sim, mas não apenas. O Botafogo precisa do contraste – precisa do fundo do poço para o salto seguinte.

De 2007 a 2009, o Botafogo pagou um mico atrás do outro. Perdeu três decisões para o Flamengo, duas nos pênaltis. Antes da segunda derrota, veio o orangotango do pranto coletivo – que carimbou o time como “chorão”. E ainda teve mais – em 2007, a derrota das calcinhas diante do River Plate e a eliminação na Copa do Brasil – depois de um frangaço; em 2008, o cartão vermelho afanado pelo zagueiro André Luís na Copa Sul-Americana.


Todo esse peso pareceu levitar naquela bola de Abreu. Durante o campeonato, perguntei a um dirigente do clube – que aqui ficará anônimo – se o uruguaio não era limitado demais. A resposta:

- O Abreu é para as finais. Ele não sente.

Bom, bota “não sente” nisso. A marca do pênalti era uma espécie de vulcão islandês do Botafogo. Todo mundo tinha medo de passar por perto. Dois dos três títulos perdidos contra o Flamengo… foram perdidos na marca de cal. E perdidos diante de Bruno, o grande nêmesis alvinegro. O goleiro foi o melhor jogador em campo na final de 2007. E o grande responsável pelo titulo de 2009 (pegou penais durante o jogo e na disputa decisiva) .

E, bom, esse era o cenário aos 27 minutos do segundo tempo de um jogo empatado em 1 a 1. Jogo mascado. Da direita veio uma falta mal cobrada e um penal de rara infelicidade cometido pelo (quase) sempre cerebral Maldonado. Herrera havia cobrado o pênalti do primeiro tempo… logo, era de se esperar nova cobrança argentina. Mas não. Washington Sebastián pediu a bola. A tensão no Maracanã era quase palpável. Menos, ao que parece, para o dono da camisa 13.

Abreu tirou da cartola o pênalti muhamad ali – pairou como borboleta, picou como abelha – e entregou ao torcedor do Botafogo a imagem perene: Bruno, mais que enganado – desenganado – no chão… enquanto a bola de rara picardia flutuava, beijava o travessão e caía nas redes… um momento youtube instantâneo, a redenção pelo tri-vice justamente num penal. E as palavras de Abreu ecoando na mente da policial federal:

- El Loco no estaba acá.

El loco penal deixou o Maracanã direto para a galeria dos grandes gols decisivos do Campeonato Carioca. Nessa videoteca virtual, Loco Abreu pendurou seu quadro – ao lado da barriga de Renato, da cabeçada de Rondinelli, da falta de Pet, do toque de Maurício, do balaço de Cocada… de todos aqueles gols que somos incapazes de esquecer. Lá está: no dia 18 de abril de 2010, El Loco Abreu, camisa 13, bateu um pênalti sorrindo, fez seu décimo-terceiro gol com a camisa do Botafogo e ganhou um campeonato.

terça-feira, abril 20, 2010

Em quanto tempo?
Dois meses?


Terremoto no Haiti.
Terremoto no Chile.
Terremoto na China.
Vulcão na Islândia.
Terremoto na Austrália.



Brincamos enquanto era possível.
Agora a mãe natureza cansou de ser bonzinha e resolveu virar a madrasta má.
Como a gente faz quando tem uma formiga subindo pela nossa perna, com uma coceira: se mexe e retira a formiga, se coça e acaba com ela.

segunda-feira, abril 19, 2010

caralh*
e essa segunda-feira com cara de que fui numa loja de discos?

Só hoje, de bobeira assim, tem os novos do Foals, Black Keys, The National, Minus The Bear e Sick Of It All. E olha que semana passada teve "só" o LCD Soundsystem.

É muita areia pro meu Ipodzinho...
Em momento de preparação de textos massivos e interessantes para este espaço.
No entanto, o trabalho me pede um tempo de dedicação exclusiva agora.

O máximo que posso adiantar é que tenho em mãos e nos ouvidos neste exato instante o novo disco do Foals, uma das bandas queridinhas desde sempre.

A outra é que o Botafogo foi campeão e a única frase que me veio à cabeça foi:
Didi já sabia.

Para quem ainda não sabe da história, breve relato:
No filme A Princesa Xuxa e os Trapalhões, de 1989, que se passa em um futuro distante, um moleque pega um adesivo onde se lê Botafogo Campeão em 2010. E não é que foi?

sexta-feira, abril 16, 2010

Da série Comida pelo Mundo (ou o final de semana já começou)



O tamanho do prato no esquimó é tão grande que ele tem que vir em TRÊS pratos.


Nem foto dá para bater de boca vazia.
Haja comida, haja fome, haja refresco e sobremesa de graça. Depois? Só um filezão, na Buenos Aires 85.
heheheheheh


*****

Outro clássico da má comida do Centro do Rio é:




O Vulcão das MASSAS!!!!
Blergh!!!!




Não sei o que é pior: o naipe do garçon ou o naipe do prato. O que seria isso mesmo?!




Se quiser, você pode evitar o vulcão e se fartar de salgado e refresco. fica pertinho, do lado do vulcão.


********

Edição Internacional


No restaurante Estrela, em Filadelfia, Capital do Estado do Boqueron....


Milanesas!!!!



Milanesas!!!!
Vai ter gente que vai me chamar de doido,
mas e daí? quem não é?
Bom, terremotos, maremotos, chuvas, tsunamis.
tá cada vez mais normal isso.
Agora, vulcão entrando em erupção. Cinzas param a Europa. Caos aéreo.
Acham uma rachadura na Antártida.
E aparece um meteorito caindo nos EUA, com a maior cara de Disco Voador. Detalhe, não acharam a cratera onde ele caiu.

Sabe o que eu acho?
o mundo está caminhando rumo ao seu fim.
Quem viu o Jornal Nacional ontem não teve como não se sentir em um filme de ficção científica. Mas não era. Era real.
Quer dizer, real até onde a realidade vai, né.

terça-feira, abril 13, 2010

Bom, estou ficando mais velho. e nem digo isso por estar a 3 dias do meu inferno astral, o mês que antecede o aniversário. Mas por ter constatado que começo a me interessar por um tipo de música que antes era bem estranho ter nos ouvidos: o post-rock.
Já disseram por aí que o pós-rock é o passo do rock em direção ao jazz.
Quando as músicas passam a ter menos refrão, menos vocais (algumas nem tem), entram num loop, repetindo acordes e escalando suas oitavas (sei lá o que isso quer dizer, acabei de inventar). Pois pode ser a minha preparação para o jazz (que ainda não consigo colocar para tocar em casa/ipod/computador).
Agora ouço, entre um estrondo de metal e uma desafinação lo-fi proposital da guitarra indie, a construção matemática do post-rock.

para vocês entenderem mais ou menos como é isso, segue clipe com belíssima música da banda Collapse Under The Empire.

segunda-feira, abril 12, 2010

É incrível mesmo como vivemos um dia depois do outro sem pensar em mais nada, além da nossa própria vida. Não tenho filhos ainda, o que pode mudar essa realidade. Aí sim, deve vir o pensamento em outra vida que não a sua. Mas por enquanto, nada.
Digo isso pois ando pesquisando material para escrever matérias sobre inovações em embalagens, tecnologias, design, tendências, moda, consumo.
E tem um site que sempre, mas quero dizer sempre MESMO, me coloca para pensar como um maluco. Para vocês entenderem, vou colocar o resumo de algumas matérias:

"A ideia ainda é controversa, mas tente imaginá-la da seguinte forma: depois do Big Bang, o Universo está se expandindo continuamente - e há evidências de que esta expansão esteja se acelerando. Contando o tempo desde a ocorrência do Big Bang, é fácil imaginar que há uma espécie de "fronteira" no nosso Universo, que é até onde os efeitos do Big Bang atuaram. Os cientistas calculam que esta fronteira esteja a aproximadamente 45 bilhões de anos-luz de distância - o tempo decorrido desde o Big Bang mais a aceleração da expansão do Universo. Agora imagine que haja uma espécie de "buraco" nessa fronteira, por onde uma parte do nosso Universo pode estar literalmente "vazando" para outro universo. O Fluxo Escuro é a parte da matéria - e eventualmente da energia - do nosso Universo que estaria vazando por este ralo cósmico.

É por isto que os proponentes da ideia acreditam que o Fluxo Escuro pode ser a prova da existência de outro universo."


E não para por aí. Outro universo? e que tal mais dimensões?
confira na pequena parte da matéria:


Matthew Choptuik, da Universidade da Columbia Britânica, no Canadá, e Frans Pretorius, da Universidade de Princeton, nos Estados Unidos, usaram uma simulação feita em computador para mostrar conclusivamente, pela primeira vez, que uma colisão de partículas realmente pode gerar um buraco negro. Utilizando centenas de computadores, Choptuik e Pretorius calcularam as interações gravitacionais entre as partículas que colidem (eles utilizaram sólitons) e descobriram que um buraco negro irá se formar se duas partículas colidirem com uma energia total de cerca de um terço da energia de Planck.

Ou seja, se, em vez de ser tridimensional como nossos sentidos nos dizem, o espaço realmente tiver mais dimensões, o LHC poderá de fato produzir buracos negros.Segundo as hipóteses que defendem a existência dessas dimensões extras, elas também são microscópicas e devem estar curvadas em loops pequenos demais para serem detectados, exceto por uma colisão de partículas de alta energia.

Isso, contudo, não dá qualquer reforço aos argumentos dos catastrofistas: se existirem as dimensões extras, e se a energia do LHC for suficiente para atiçar seus efeitos, e se esses efeitos baixarem a energia de Planck, e se os buracos negros microscópicos forem formados, ainda assim, afirmam os físicos, eles deverão decair em alguns nano-nano-nanossegundos. Ou seja, talvez o mundo possa mesmo acabar, não de fato, mas como uma metáfora - em vez de algum tipo de apocalipse, poderemos ver o fim do mundo como o concebemos até hoje, e ver nascer uma nova concepção de mundo, repleta de novas dimensões, de novos horizontes e de novas possibilidades de descobertas. Seria mesmo entusiasmante."


E para terminar, uma partes da matéria sobre as fotos do "nada":

"Utilizando cristais para manipular um feixe de raio laser, os pesquisadores da Universidade de Calgary, no Canadá, e do Instituto de Tecnologia de Tóquio, no Japão, criaram uma espécie de "nada", que eles chamaram de vácuo condensado. Sob condições extremamente controladas, o nada apresenta menos ruído do que a total ausência de luz.

Vácuos condensados são utilizados na detecção de ondas gravitacionais e nas pesquisas sobre computação quântica, onde eles são utilizados para armazenar informação e para gerar o entrelaçamento (entanglement), um fenômeno que faz com que duas partículas se auto-influenciem diretamente, qualquer que seja a distância entre elas."


Isso não é ficção científica. É realidade. Coisas que vão além da nossa capacidade de compreensão. Assuntos que mexem com nossa percepção da realidade, com todos os conceitos da criação, divina ou não, e nos coloca cada vez mais perto de Deus. Seja lá quem ele for. E, tenho a ligeira impressão, de que Ele não está nada feliz com isso.
Final de semana.
resumindo em poucas palavras:
virada sexta/sábado filmando o curta do Vereza.
Van Halen.
Maracanã.
God of War II.
Galak.
Roma em PRIMEIRO!!!
Messi, Loco Abreu e Caio.


Final de semana que vem em poucas palavras (talvez as únicas que me lembre, já que prometo buscar uma amnésia alcóolica com todas as minhas forças):

Esquimó
Jack Daniels
Rio de Janeiro / São Paulo
Circo Voador / Via Funchal
Social Distortion

sexta-feira, abril 09, 2010

Tinha 9 anos de idade. Era outubro de 85.
Os dias passavam rápido dentro da escola. Aulas de português, matemática, ciências, educação artística e física. E, claro, o recreio.
Bom, depois da novela das oito, tinha sempre alguma coisa legal na TV. Terça Nobre, Som Brasil, Documento Especial:Televisão Verdade...
Enfim, várias coisas que marcaram a infância de muita gente.
E o que mais acontecia nessas noites boas da inocência dos 80 eram os especiais infantis. Plunct Plact Zum, Pirlimpimpim, Arca de Noé. Grandes cantores, grandes canções. A gente ouvia música boa na veia. Mesmo que depois partisse pro rock, pro metal, pro sertanejo, pro que fosse.
E entre esses especiais, um, em especial, marcou minha espera pelo cometa, até 1986:
A Era dos Halley.

Como todo bom programa B, esquecido com o voar das décadas. E aqui falamos de duas décadas e meia, já. Há 25 anos Tim Maia cantava Kruel, Titãs mandavam o Planeta Morto e o Halleyfantte, bom, o Halleyfante virou robô e presente de natal pra muito moleque sortudo.
Eu encontrei perdido numa banca de cds hoje a trilha do programa, sucesso em outubro de 85. E comprei.




Até no youtube é difícil de achar alguma coisa que lembre o programa. Difícil, mas não impossível.

então, para vocês, um gostinho da Era dos Halleys.



Detalhe para o Rafael Vanucci, campeão da casa dos artistas dois (foi na dois que ele ganhou mesmo?) e um outro moleque bem trola, a cara do chatôbrioche, aquele novo amigo do Serginho...




Devo ter comprado até o último número da revista. Que deve ter sido o número 5.
hahahaha


E sim, eu vi o cometa. Na Pousada dos Pinhos, em Pedra Azul.

quinta-feira, abril 08, 2010

A volta para casa é sempre assim, um dilema:
encarar um metrô lotado ou um ônibus lento?
No jornal falava "Ondas de 5 metros".
Saindo pro trabalho resolvi ir dar uma olhada, conferir o tamanho do mar.
Para isso, é bom lembrar, ando uma quadra. Lá tem um ponto de ônibus que passa em frente ao trabalho. O vento que batia era frio. E forte. As ondas quebravam e sua espuma viajava pelo ar, como um champanhe aberto depois de sacudido. O mar estava tão bagunçado que não dava bem para saber quando começava uma onda ou quando terminava outra.
Não vi ondas de 5 metros. Devo ter visto uma de dois, se tanto.
Peguei o ônibus e vim para o Centro do Rio, via orla. Leblon, Ipanema, Arpoador, ué, cadê a faixa de areia do Arpoador?, Copacabana...
Em Copa, turistas fotografavam a falta de sol. E as ondas quebravam, lambendo tudo e molhando tênis e meias desprevenidas que cismavam em andar por sobre a areia. Água no asfalto, areia na ciclovia, lama nas calçadas.

Ressaca.


Tempo para o ônibus que para no ponto e segue adiante, um pouco mais vazio. E na cabeça ideias a mil, pulando de neurônio em neurônio, me fazendo pensar. Uma cidade com praia merece, precisa ter seu momento de ressaca. É necessário. O mar está ali, mas não é seu, não é propriedade de ninguém, a não ser dele mesmo.
A ressaca do mar, as ondas grandes e assustadoras nos fazem querer gritar, lutar, enfrentar. Triste da cidade onde o mar é marasmo. Nela tudo acontece do jeito que não deve ser. A vida é levada sem as indas e vindas das ondas, sem a dinâmica física das marés. Lá é tudo parado, até as pessoas.

Olhar para o mar em plena ressaca nos mostra que é preciso viver. Sair por aí atrás de ondas de 5 metros de altura. Mesmo que seja para no fim não ver nenhuma.