terça-feira, abril 27, 2010

Hoje acordei mais cedo.
Tenho me policiado em relação ao horário do despertar.
De banho tomado, comecei a sentir um cheiro de queimado.

correria por corredores, escadas e janelas, e descobrimos a origem de tamanha fedentina:
o telhado da casa em chamas. Não muitas chamas, mais precisamente um pano queimando.
Fogo. Um princípio de incêndio.
Depois de apagada, sozinha, autoconsumida, a flama passou a acender meus pensamentos.

Imagine incêndio no Rio.
Como o de ontem, no camelódromo da Central. Incêndio é fogo, paixão, raio estrela e luar. É a antítese da cidade das águas, das chuva, das enchentes. É a não-carioca forma de destruição. Incêndio não combina com a cidade-água, da lagoa, do mar, das cachoeiras nas paineiras. Fogo aqui, só em Botafogo, o bairro. E no grito da torcida.

***

O que me pos a pensar novamente: será por isso que não ganhamos tanto quanto gostaríamos? Não contamos com as bençãos dos Santos Cariocas, com a simpatia da cidade, em sua forma mais metafísica? Seríamos nós, os botafoguenses, também a antítese do Rio? e de certa maneira, da vitória? Somos das cinzas. Ressurgidos vez por outra, como o pássaro das penas de fogo. Viu, olha ele aí de novo.

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