sexta-feira, outubro 28, 2011

Sábado, 23 horas.


Em frente ao Circo Voador, retiro meus ingressos da bilheteria e entro na pista de dança que a casa de shows se transformaria dali para frente. As pessoas começavam a chegar, ainda em pequeno número, mas já se mostravam animadas com os sets de Tito e Edinho. Um bom aquecimento para o que viria a seguir. Com duas horas de atraso, isso mesmo, duas, as luzes gerais se apagam e apenas o palco e milhares de luzinhas piscantes dos equipamentos ficam acesos, atraindo toda a atenção. Os australianos entram em cena. Todos altos, magros e bem vestidos como se indo para alguma reunião formal. Reunião formal, esta aí uma boa definição. Pode-se dizer que eles levam a sério seu trabalho e fazem da diversão uma obrigação. Nada mal para o público, dividido entre hipsters, posers, fãs de U2 (logo explico), playboys e toda a fauna que costuma frequentar shows com uma levada mais libidinosa, digamos assim. E apesar dessa mistura, tudo transcorreu na mais inteira paz e sem apertos, como de costume, no território sagrado do Circo.



Galera louca


Desde os primeiros acordes deu para sacar, estava diante de um show que veio para detonar. Os caras tocam e comandam a platéia de cima, tranqüilos, suando e dando um verdadeiro banho de hits, um após o outro. E que voz. Dan Whitmore mantém-na perfeita, afinada como no disco, indo e vindo, melódica e perfeita(de novo).


Com um palco simples, transbordando luz por todos os cantos (e a luz, sozinha, foi o que criou um belo efeito e encheu o palco tranquilamente), a pista do Circo Voador se torna o palco para passos de danças, pulos, gritos e refrões cantados a plenos pulmões. Poucas bandas hoje em dia têm esse poder de encantar. Poucas bandas hoje em dia têm o repertório do Cut Copy, com apenas três discos lançados. E muito, mas muito poucas podem se gabar de conseguir isso e ser contemporânea, atual e muito, muito coesa em cima do palco. Final do show (e aqui a palavra pode ser usada, sem pestanejar), com direito a Globais (aqueles da Globo) e globais (aqueles que são conhecidos em todo o mundo),e um conhecido me diz o que já martelava dentro da cachola: “Esse foi um dos melhores shows do ano, se não O melhor.”
Estou com ele. Esse até agora, bate de frente com todos os shows que assisti e não sai perdendo para nenhum. Se tivesse outra apresentação sábado, eu iria. Domingo, eu iria. Se pudesse acompanhava o Cut Copy, vendo eles trabalhando toda semana. Enquanto eu só me preocuparia em divertir horrores.




***

A história conta que um grupo de caras mais velhos, meio bêbados e totalmente sem noção que, por um acaso extremo do destino, estavam ao meu lado acompanhados com suas esposas de cerâmica confundiu os shows. E durante Need You Now, uma música até um pouco parecida, começaram a entoar toda a letra de I still haven´t found what i´m looking for do U2. Atrapalhando o show de TODOS que estavam por ali e estragando uma música inteira do show. Meteoros (e novos lugares na platéia), rápido!



U2 no Circo. NOT.

***

Nota zero para as “camisas do show”, sem data e IGUAIS às que você comprava na Renner ou Riachuelo, sei lá. Cut Copy e um radinho embaixo. Pelo menos estavam só 35 reais. Mas nem assim tive coragem de empregar meu rico dinheirinho nelas.

***

Setlist do show
Cut Copy – 22/10/2011 – Sábado, 22h, Circo Voador – RJ
1. Take Me Over
2. Feel the Love
3. Hanging Onto Every Heartbeat
4. So Haunted
5. Corner of the Sky
6. Lights & Music
7. Visions
8. Nobody Lost, Nobody Found
9. Blink And You'll Miss A Revolution
10. Pharaohs & Pyramids
11. Saturdays
12. Hearts On Fire
Encore:
13. Where I'm Going
14. Need You Now
Encore 2:
15. Out There on the Ice







quinta-feira, outubro 27, 2011

Feliz 2012!!!

Ué, como assim ainda não é 2012?
Será que você está atrasado?

Hoje vazou o primeiro álbum do ano que vem, tido como o último do resto de nossas vidas.
O disco é Coochie Brake dos Residents.
Se é bom?
Não sei, não os baixarei.
Tenho muita coisa para baixar e tenho ainda mais coisa para ouvir, já baixados.

Mas de qualquer forma, seja bem-vindo 2012.
E que traga com você o frescor que 2011 não soube nos apresentar.
Vai embora um ano que não deixa saudades,
de discos esquecíveis a longo prazo.

Pensando nisso, já está na hora de começar a fazer a lista dos 10 mais de 2011.
Ou dos 10 que são mais dentro do menos.






terça-feira, outubro 25, 2011

***ATUALIZADA***

02/09 - Metronomy (não comprado) nada feito.
11/09 - Judas Priest (última turnê - não comprado)
16/09 - The Pains of Being Pure at Heart + Ariel Pink's Haunted Graffiti (não comprado)

23/09 - Primal Scream (comprado - fui e foi legal. ponto. Um esporro grosso (não a banda capixaba), som no talo e muita psicodelia, misturada com um pouquinho de sacanagem)
25/09 - RIR III (comprado - Metallica, escrito e descrito aí embaixo!)
02/10 - RIR III (comprado - System of a Down, idem ao de cima, aí embaixo)
07/10 - Warpaint (comprado) iradíssimo, apesar de um pouco vazio. Descrito uns posts abaixo.
15/10 - Bad Religion (comprado) Um acerto com o passado. Show que deveria ter visto há uns dez anos atrás, mas fazer o que, né?
22/10 - Cut Copy (comprado) Jesuis... logo, logo uma descrição mais do que correta do que foi essa noite.
28/10 - The Kills (não comprado)
06/11 - Pearl Jam (comprado)
07/11 - Queremos festival (comprado)
08/11 - Queremos festival (comprado)
14/11 - SWU (comprado)
Novidades da semana.
Dia 21 baixei uns discos.
não os passei para o iPod.
Ficaram aqui de bobeira, só no computador.
Um dos que eu uso, trabalho ou casa.
Então fiquei sem novidades para ouvir.
Não que não tivessem discos novos.
Mas andei numa vibe meio discografias, e fui atrás dos primeiros álbuns de alguns artistas que gosto.

Sem falar na parada momentânea para esgarçar o cut copy.
preparativos para o show. sobre isso, mais em breve.

Bom, hoje, 25/10, resolvi entrar de cabeça na lista dos melhores do ano.
Tudo puxado por um "cutucão" facebookiano para que discorresse sobre as
melhores melodias de 2011, tido quase que por unanimidade como um
ano fraco em termos de discos.

de uma leva só fui pesquisar todas as principais listas de
discos de 2011 so far.
E consertei uns erros aqui, umas esquecidas acolá, uns desleixos por conta de preguiça...
Avancei quatro casas e juntei, às minhas toneladas de notas, álbuns de:

- Anthrax

- Megadeth

- Antlers

- Wild Beasts

- My Morning Jacket

e, acompanhem comigo, Suuns.

É meio que chover no molhado falar que é impossível ouvir todas essas bandas com o carinho e o tempo que elas merecem
para uma resenha legal e séria. Então, fui, sem pressa ouvir uma por uma. Coloquei para tocar o Suuns.
e não parei mais.
É uma daquelas bandas que aparecem e arrebatam. Te pegam pela mão e levam pela montanha-russa que são os quase 38 minutos que completam o disco deles, Zeroes QC.
Então, me desculpem se me tornar meio monocórdico, mas SUUNS é a minha banda da vez, até o final do ano!!!!!
Queremos SUUNS no SWU, no TERRA e no QUEREMOS também, por que não?!

***

Capas de Discos




sexta-feira, outubro 14, 2011

Em agosto de 2002 eu postei 207 vezes.
Em 2002 eu tinha terminado um namoro, iniciado outro, terminado esse outro e voltado com o primeiro.
Em 2002 a seleção brasileira foi pentacampeã.
2002 foi há nove anos atrás.

E eu já perdia tempo aqui,
no meu epitáfio online.

Testamento, testemunho,
um pedaço de mim que fica para a posteridade,
escondido para sempre entre as palhas de uma rede cheia
de personagens estranhos e ligações extravagantes.


Será que um dia me encontrarão?
Será que seres de outra ápoca, de outro mundo, de outras galáxias,
terão tempo para sorver o que escrevi aqui?
Baboseiras e escritos como a descrição de dragões e jacas?

Sei... Lá.

quinta-feira, outubro 13, 2011

Novidades semanais.

Noel Gallagher continua a soltar músicas sem parar. Agora saiu uma chamada A Simple Game Of Genius que é grandiosa.
Tanto quanto o álbum, que está uma maravilha, os B-Sides têm se mostrado imperdíveis.
Taí. Quando achei que o Beady Eye é que tinha mantido a chama do Oasis acesa, bem, lá vem o Noel mostrar por C + G que
as melodias simples e grudentas (além de lindas) são dele mesmo. Esse cara tem Oasis correndo pelas veias.

***

Outra banda que adoro é o Jane´s Addiction. E eles acabam de deixar vazar o último álbum de estúdio.
Chamado The Great Escape Artist, o disco está mais ou menos.
Não que seja ruim, mas o Janes era um estandarte contra a mesmice.
Era desafiador. Diferente. Inteligente.
Esse disco até tem umas músicas bonitas, caso de I'll Hit You Back e Curiosity Kills,
mas não consigo tirar o gosto de U2 da boca. Estranho, muito estranho...
Quem sabe uma ouvida com mais atenção possa tirar essa impressão.

***

Justice lançou o tão aguardado Audio Video Disco.
É bom?
Não sei.
É completamente diferente daquilo que você conhece.
Ou pelo menos deveria conhecer.
Levadas de rock, acreditem, misturadas ao som eletrônico deles remetem
e muito ao Black Sabbath e Ac/Dc.
É um disco difícil. Vai tocar por um tempo no meu iPod,
mas dificilmente tira nota maior do que o do Digitalism, que de tão bom,
tem até música rolando em pixtinha de festa.

***

Dor horrível na sola do pé esquerdo.
Passou.
Dor horrível na sola do pé direito.
Ainda não passou.

***

Contagem regressiva para Bad Religion.
Cut Copy.
Pearl Jam.
(isso em menos de um mês)

***

Capas de Discos


terça-feira, outubro 11, 2011

If I Had a Gun
Noel Gallagher



If I had a gun, I'd shoot a hole into the sun
Love will burn this city down for you
If I had the time, I'd stop the world and make you mine
And everyday would stay the same with you

Aaaaahhh
Aaaaahhh

Give you back the dream, show you now what might have been
For the tears you cried would fade away
I'll be by your side when they come to say goodbye
We will live to find another day

Excuse me if I spoke too soon
My eyes have always followed you around the room
Cause you're the only God that I'll ever need
I'm holding on and waiting for the moment to find me

Aaaaahhh
Aaaaahhh

Excuse me if I spoke too soon
My eyes have always followed you around the room
Cause you're the only God that I'll ever need
I'm holding on and waiting for the moment
For my heart to be unbroken by the sea

Aaaaahhh
Aaaaahhh

Let me fly you to the moon
My eyes have always followed you around the room
Cause you're the only God that I'll ever need
I'm holding on and waiting for the moment to find me

Aaaaahhh
Aaaaahhh

If I had a gun, I'd shoot a hole into the sun
Love will burn this city down for you

segunda-feira, outubro 10, 2011

Vamos aproveitar os momentos em que o mundo dá voltas, mas o trabalho não sai, para escrever.

Estamos todos mudos.
Esse poderia ser o novo nome da grooveada canção que Roberto Carlos escreveu faz alguns anos, se a inspiração só o tivesse atingido de uns anos para cá.
Não é que estejamos sem nos comunicar. Não. Isso fazemos bem, até bastante bem. O que não faltam são meios para expressarmos ideias, jogarmos nossos pensamentos aos tubarões, aos porcos e aos leões, ao mesmo tempo. As tão faladas mídias sociais, com sua rapidez de reprodução de bobagens e lugares-comuns ditos e repetidos à exaustão, são (talvez infelizmente) uma realidade. Mas, apesar de tão propalada ligação entre os seres e seus amigos virtuais, nunca falamos tão pouco. Comunicar hoje é espancar freneticamente um teclado, mas não muito rápido, que logo os 140 caracteres permitidos, uma cela de dois por dois para as ideias, chegam ao fim. A voz, essa involução, está sendo deixada de lado. Dentro do metrô, do ônibus, nas ruas, o que mais se vê são autômatos em silêncio, cabisbaixos, a visualizar telas ou entupidos com fones que despejam silêncio por todos os poros. O diálogo, quando há, é intermediado por celulares e aparelhos que já nem sei mais do que chamar. E até nesses momentos de quebras de regras, onde o silêncio que antes imperava é destruído por um qualquer, olhamos de cara feia, esperando que a política da boa vizinhança seja forte o suficiente para que esses faladores calem-se ou escondam-se, envergonhados de suas palavras, proferidas tão ferozmente. Vejo um mundo parecido com o da animação Wall-e onde, em vez de pernas improdutivas, teremos pequenas protuberâncias onde antes havia uma língua, essa revolucionária criadora de fonemas. Uma pena, pois perderemos nossas risadas, os xingamentos no trânsito e até o prazer do primeiro beijo, de língua, em uma menina. Mas e daí, se tudo o que precisamos está ao alcance de um click. Click, aliás, que morrerá, assim como todas as onomatopeias, epopeias e odisseias. E não se esqueça: leia isso em voz baixa. Ou vai acabar atrapalhando o trabalho, lento e irreversível, da evolução.
E o blogger quer transformar a Alma Ausente em um sucesso de bilheteria.
Por que não, né mesmo?
É só ativar isso e depois clicar aqui e não esquecer de colocar essa opção sempre que for postar e links, e tags e coisas e tal.
OPA, PERAÍ CACETA, já diziam os Raimundos.
O importante pra mi é escrever.
Produzir conteúdo, desopilar o fígado.
Me repetir, colocar reticências...
Esse é o blog das lamentações, o mundo das repetições e das reticências (olha tudo repetido aqui, de novo).
É o meu caderninho, que nunca carrego comigo.
Mas que, pelo menos, parece estar em algum lugar seguro na internet.
Inclusive, gostaria de chamá-los para as comemorações dos 10 anos deste espaço.
Logo estaremos recordando momentos e fases, relinkando fotos perdidas e capas de discos que me atraíram há alguns anos,
reescrevendo resenhas que saíram na Revista Hype (já são oito anos e cinquenta edições resenhando discos e lançamentos)
com algumas informações adicionadas.

Falando nisso, me lembrei de uma que consegui incluir na finada Revista Zero,
onde resenhava a famosa Ikara Colt...
Perdoai-me Pai, eu não sabia o que fazia.
Ah, a idade. AH, a experiência...

Desta parte da página em branco me lembro das poesias que pensava saber escrever.
Das críticas dos amigos, "toma tenência, rapá".
Para de sofrer. Para de criar dores e sofrimentos para ser indie.
Pára, ainda com acento, pré nov´ortografia.

idéias, idem.

E cá estou eu, já brincando com palavras, deitando-as linha após linha,
tentando ser sério e profundo. Uma repetição de necessidades.
De afirmações. De vontades.

Esquece, alma. você não é disso.
você é do sorriso fácil e do contar sem pretensão
das nuances de todo dia.
Uma coisa, assim, fácil.
Com prazer.

Prazer, Alma Ausente.
E você? Quem é?


show imperdível de sexta.
E que muita gente perdeu.
Falar da banda é pouco.
Tem que estar lá pra ver.
Aconteceu uma coisa que há tempos não via em um palco.
Entrega e conexão entre banda e público que, apesar de pequeno,
tentou mostrar o tempo todo que estava feliz pra caramba com o show.

Até mais ver, Warpaint.

terça-feira, outubro 04, 2011

***ATUALIZADA***

02/09 - Metronomy (não comprado) nada feito.
11/09 - Judas Priest (última turnê - não comprado)
16/09 - The Pains of Being Pure at Heart + Ariel Pink's Haunted Graffiti (não comprado)

23/09 - Primal Scream (comprado - fui e foi legal. ponto. Um esporro grosso (não a banda capixaba), som no talo e muita psicodelia, misturada com um pouquinho de sacanagem)
25/09 - RIR III (comprado - Metallica, escrito e descrito aí embaixo!)
02/10 - RIR III (comprado - System of a Down, idem ao de cima, aí embaixo)
07/10 - Warpaint (não comprado)
15/10 - Bad Religion (comprado)
22/10 - Cut Copy (comprado)
28/10 - The Kills (não comprado)
06/11 - Pearl Jam (comprado)
07/11 - Queremos festival (comprado)
08/11 - Queremos festival (comprado)
14/11 - SWU (comprado)
Faz dez anos.

Eu estava lá. No auge, com força nas pernas e muita vontade de gritar uhul para qualquer coisa que aparecesse na minha frente. Algumas delas realmente mereceram o cumprimento gutural. Outras, não. Mas há 10 anos atrás eu acabava passando por cima de convenções. Era um mundo mais estranho, menos preocupado com a natureza, com sacolas plásticas. Era um mundo diferente. E nele, o Sr. Medina quis fazer um mundo melhor. Ainda tenho os relatos escritos naquele tempo em algum arquivo perdido na web. E um e-mail do Caio, em sua sabedoria superior, me respondendo que aquilo ali ele já tinha visto e que, se não fosse um show do Hendrix, ele não encararia.

Hoje tenho a idade que ele tinha no RiR de 2001. E, como ele, tinha decidido não ir, não participar dessa louvação da bosta alheia. Mas acabei indo. Uma dívida histórica com o Metallica e a oportunidade de assistir (hum... verbinho difícil de ser conjugado em mega festivais) ao System Of a Down, depois de seu hiato de 4 anos. Como a volta do Bruce Dickinson ao Iron Maiden em 2001. Oportunidades históricas, que não foram feitas para serem perdidas. Sei que, no fim, acabam virando uma massaroca de memórias confusas em nossa cabeça, isso quando não se perdem em meio ao Alzheimer. Mas pelo momento, ah essa coisinha pequena e inestimável, vale.

Então deixa de lero-lero e vamos ao que interessa. Os relatos do RiR de 2011, menos rock do que nunca, mais evento social e VIP do que qualquer outro. Abro aqui um espaço para copiar as palavras do nosso querido capo, o Sr. Medina:
Um Rock in Rio para 15 mil pessoas a menos por dia, com o respaldo dos mesmos patrocinadores e um palco a mais, voltado a shows de street dance, foi anunciado ontem para 2013 por Roberto Medina, organizador do festival. Dez mil pessoas já compraram cartões que darão direito a ingressos, mesmo sem qualquer ideia de quem vai tocar - o que denota que o público concorda com Medina: "A música não é o mais importante, a banda X ou Y". "Ela faz parte do conjunto", esclareceu.”

Ou seja, as bandas poderiam ser trocadas por robôs (e não estou falando do Kraftwerk) e os instrumentos por mp3 players.

Eu, das antigas, ainda gosto de ver as bandas tocando. E por isso, resolvi acordar cedo no domingo, dia 25/09, para assistir ao show do Matanza, abrindo o palco Sunset, junto com o B Negão. Mas, como nada que a gente combina dá certo, não acordei tão cedo. Culpa do Márcio, da Aline e do Rodrigo, três grandes amigos que vieram prestigiar a nova cova da onça, em plena Tijuca.

Como eles chegaram por volta de 1 da tarde de sábado, e eu estava ansioso para mostrar a cidade inteira pra eles, acabamos rodando e rodando e rodando. Almoçamos uns quilos de carne em um restaurante no Humaitá, depois passeamos pela Cobal, voltinha na Lagoa, chuva e paramos no Enchendo Lingüiça, um bar no Grajaú, especializado em... lingüiça. Com fabricação própria, as maravilhas vêm recheadas de coração de galinha, pernil, calabresa apimentada, e até, acreditem, FEIJOADA. Cervejas e cervejas depois, voltamos para casa, onde continuamos a beber e ver DVDs.

Fui dormir às 4 da manhã, nada mal para quem encararia um dia inteiro de RiR. Mas Deus foi piedoso e o dia estava nublado, sem o solão de 40 graus da outra edição. Saímos de casa uma e pouco da tarde, entramos na “cidade do rock” as 4. O local, mais parece uma pracinha de cidade cenográfica, com suas graminhas verdes, de plástico que não morrem. Nada mal para quem viu o que aconteceu nos últimos espetáculos perdidos neste canto da cidade, meio barra, meio Jacarepaguá, meio nada.

Chegamos tarde para o Matanza, mas a tempo de ver um desfile de idosos, no Punk Metal All Stars, de dar dó. Clássicos e hits de grandes bandas, tocadas por pelo menos um integrante menos famoso de cada uma delas.

Era cedo, o Metallica começaria a tocar depois de meia-noite. Preferimos não encarar a turba e ficamos dando um mole ali na Rock Street. Um amontoado de casinhas estilo Projac, só com a frente falsa e um buraco onde colocaram todo e qualquer tipo de loja. Tinha Correios, Tam Viagens, Taco, Coca-Cola Clothing, Paco Rabbane... E, claro, milhares de pessoas em milhares de filas para comer, beber, comprar qualquer coisa. A revolução não será mais televisionada, ela será televisionada em pay-per-view e vendida depois em DvDs piratas na Uruguaiana. Tudo no RiR cheirava a marcas. Acho até que entendo o que o Medina quis dizer sobre a música. O que importa são os milhões aportando em sua, já bacana, conta corrente. Um espetinho MIMI, com um pires de batata frita por apenas 15 reais... Ah, claro, e entrar com comida ainda era proibido nessa primeira semana. A garrafa de Absolut Mandarin que um segurança não deixou passar na revista até entendo, mas meio pacote de biscoito?

Ah, claro, também tinham alguns shows. Que não vi. No máximo pude ouvir a narjara tureta gritando com o cara do Angra que depois disse não conseguir mais alcançar as notas mais agudas. Começa o primeiro show do Palco Mundo: Glória. Hora de ir para o outro palco, longe de qualquer caixa de som que amplifique esse martírio. Pena que no Sunset que tocava era o Sepultura. Com um som horrível, variando uma barbaridade, os seps seguraram um público imenso, que não conseguia se mexer. Foi ótimo e péssimo ao mesmo tempo. Fim de show, tempo para comer e beber mais.

Do Coheed and Cambria, só lembro do cabelo de samambaia. Acho que nessa hora fui no banheiro/pegar cerveja e buscar um lugar para ver o Motorhead que, se não alcançou grande destaque, também não decepcionou. Mas o show tava meio “pequeno” para um evento daqueles. É preciso mais presença de palco, Lemmy. Corre, pula, se joga na platéia, que hoje em dia, só música não segura. Pelo visto, quem aprendeu direitinho essa lição foi o Slipknot. Medo, uma pessoa me falou depois, tenho medo deles. E, sim, é para ter medo. O circo do inferno, com palhaço, monstro, nariz fálico e o escambau. Sempre achei o Slipknot uma banda com visual nota 10 e som, bom, nota 3. Em determinados momentos é só chato mesmo. Mas ali, para 100 mil pessoas, o espetáculo circense/teatral/musical funcionou às mil maravilhas. Colocar 100 mil pessoas agachadas, esperando a ordem para pular, não é para qualquer um. No palco, a emoção estava clara e transparente. Dava para ver os sorrisos por trás das máscaras. E, assim, o Slipknot detonou e colocou um monte de gente para correr atrás do som deles. O resto, vocês viram. Bateria de cabeça pra baixo, fogo, stage dive, só faltou o sangue, mas esse eles deixaram para a Ke$ha.

Com o trabalho de abertura bem feito pelos knots, o Metallica só teve que pegar a turma pelos cabelos e chacoalhá-los, enfileirando clássico atrás de clássico, com um pequeno coro de 100 mil vozes. Ou Whiplash é um clássico ou só é boa pra caralho, tanto que todo mundo conhece, gosta e canta junto.

E aqui fica a questão: Metallica ou Slipknot?

Slipknot atropelou, mas estavam todos ali para ver o Metallica. É como você ir a um grande restaurante conhecer seu prato clássico, comer uma entrada divina e confirmar que o prato é realmente clássico. Você foi afinal de contas, atrás do prato e não da entrada. Mas se curtiu os dois, melhor ainda.

Show por show, falando em aparato, bussiness, teatro, o do Slipknot foi melhor. Mas por isso, serem, afinal de contas, o Metallica, o prêmio de melhor show da noite fica com eles.

Espaço para abrir meu coração e falar que demorei demais para ver um show do Metallica. Cantei praticamente todas as músicas e percebi, no fim, que acompanho eles desde o início da carreira, passando por todas as fases, menos as de covers.
Ou seja, sou um fã.

Volta pra casa na madrugada, mortos de cansaço, com direito a caminho errado que dobrou (no mínimo) a caminhada que teríamos que fazer até o ônibus. Fora isso, volta tranqüila que terminou com um pão com mortadela e ovo, as sete da manha na padaria aqui do lado de casa.


***

Dia 02/10.

Não pensava em ir ao RiR. Ia ficar em casa, curtir um ou outro show ao vivo pela Globo mesmo (não tenho NeT em casa). Mas, uma manhã dessas, recebo o e-mail do Itaucard. Sou cliente deles e tenho preferência para comprar até dois ingressos por CPF. Opa, pensei. Acho que vou ver o Metallica.
Sem pensar duas vezes, comprei o ingresso e para não ficar mal na fita, comprei um pra Ju tb. Ela iria no dia do Coldplay, que já vi e não curti ano passado. Vejam bem, nessas horas, a adrenalina é total. Você não pode pestanejar ou perde o timing e os ingressos evaporam. Comprei na loucura, sem grana pra pagar, sem saber como iria até lá, essas coisas todas.

E, sorte das sortes, me lembrei de um cartão nunca desbloqueado que o banco tinha me enviado fazia uns seis meses, mais ou menos. Na hora liguei para lá desbloqueando o danado e ganhando, tãnam, a oportunidade de comprar mais um ingresso. Não pensei duas vezes, maldita adrenalina, e comprei um para o dia 02. Mais especificamente para o System of a Down.

Tudo jogava contra o dia. Era, afinal de contas, mais um show do Guns no RiR. O terceiro, seu Medina. Já tinha visto a papagaiada em 2001, depois do Oasis. Show, aliás, que não me segurou muito tempo, já que tinha que pegar um avião as 6 da matina para estar no trabalho as 8. Quase perdi o vôo, mas cheguei a tempo de ir virado e todo sujo de poeira, para a Criativa. Tirei as duas horas do almoço pra apagar e tentar recuperar alguns neurônios. Bom, voltando para 2011...

Saí tranqüilo de casa, às 18. Fui ouvindo o jogo do botafogo (uma merda de derrota ridícula pro Atlético de Goiânia), num ônibus que me levaria até a Alvorada, mas que deu uma voooolta que só pedindo arrego. Fico feliz de ter “errado” o ônibus sozinho e sem pressa. Mas ainda assim, cheguei na cidade do Rock a tempo de ver a pity(sic) matando uma canção do Nirvana. Deu até pena, com trocadilho. Mas na platéia, mocinhas, molecotas de preto e olhos pintados, mauriçolas parrudos e sem camisa e suas sempre juntas loiras de farmácia faziam o chifrinho e urravam, numa demonstração que deve ter feito a avó do Dio ter dado um esporro nele, lá no céu. Só por ter ensinado isso.

Saiu Pitty, vejamos o que vem a seguir... Evanescence. Não, amigos, não dá. Fui caminhar, catar um bob’s de 15 reais para comer, e beber umas cervas pra entrar no clima da noite. No caminho, percebi que tinham uns caras começando a tocar no sunset. Eram os titãs com os xutos e pontapés. Assisti ao show deles inteiro. Até durante o momento Toca Raul em que eles realmente tocaram. Sou das antigas, considero o Cabeça Dinossauro o meu primeiro disco de rock, presente do meu pai que não aceitou minha escolha por outra banda (acho que era a Blitz). Ele me disse: “ou leva esse ou não leva nada.” Levei. E desde então curto titãs. Uma curtição que foi perdendo força à medida que a banda ia perdendo seus integrantes. E desconsiderei a possibilidade de vê-los ao vivo, depois de tantos passos mal dados na carreira. Afinal, tive muitas chances, desperdiçadas, de vê-los no auge.
Melhor assim, que sem muita cobrança pude ouvir, pela primeira vez, AAUU, ao vivo. Foi emocionante.

Findado o show, caminho para conseguir um lugar mais perto do palco, mas ainda assim, looonge pacas. Perguntei para os jovens ao meu lado se eles eram fãs da banda ou se estavam ali para ver o Guns. Todos disseram que estavam lá só pelo System. Ótimo. Achei minha turma.

Silêncio. Bandeirona System of a Down no palco, veio a informação via facebook de alguém mais conectado que eu: são 29 músicas. Cacete, pensei...
E tomei a cacetada na cabeça, de peito aberto.

Som pesado, melódico, esquizofrênico, bonito, burro, bruto, gritado, urrado, sussurado...
Vocês também viram. Qualquer um pode ver, afinal, está tudo lá no youtube. Os engraçadinhos de casa tuitaram um monte de besteira. Mas nós, que lá estávamos, experimentamos um pouco do apocalipse. Esses caras não se vestem de palhaços, mas tem um circo dos infernos para apresentar para a gente. Em notas e letras. Apesar disso, um show com 29 músicas foi longo. Sempre pensei que isso era o mais próximo de perfeição que um concerto pode chegar, um mar de músicas enfileiradas, uma atrás da outras. Mas, admito, cansa. Lá pelas tantas, comecei a pensar que seria melhor ver um com 18 músicas, redondíssimo, cheio de hits, que maximizasse a energia de todos ali, que em determinada hora começou a se dispersar.
Diminui a nota da banda? Nunca. Mas coloca você para pensar se não é melhor ficar com o gostinho de quero mais, do que sair com a barriga cheia de comida, to estufado que tudo o que você consegue fazer é se jogar numa cama e apagar.

Estufado como estava com o show do SOAD, só tive uma alternativa: tomar o rumo de casa. Mas, em último dia de RiR, por experiência própria, nada é fácil. A galera alegre se transforma em animal. Todos querem ir para o mesmo lugar ao mesmo tempo e pelo mesmo caminho. Nada anda, empurra-empurra, fãs de guns, acostumados com o certeiro desdenho de seu ídolo, sentavam no chão aguardando a longa espera que, com certeza, viria. Preferi esperar sem me mover e uns 15 minutos depois, tudo estava mais calmo e vazio. A garoa já tinha aparecido e resolvi então me por a caminho. Na metade da caminhada de 1,5km até o terminal de ônibus, cai o toró. Água pra acabar de vez com qualquer força de vontade. Cheguei, uma hora e meia depois, em casa. Só encharcado, sem essa licença poética de alma lavada. Tomei um banho e liguei a TV. A água caia forte no RiR e o Axl perdia o fôlego a cada verso. Bem feito, fã de Guns merece sofrer.

Foi bom ver que ainda agüento perrengue, já que o SWU ta aí do lado, me acenando com MUITO perrengue. Fiquei feliz de ter visto os shows que queria ter visto, apesar de ser, vocês sabem, o festival mais vergonha alheia que existe. No final, até fiquei com vontade de tentar mais uma vez em 2013. Ainda mais agora que acabei de ver que o Medina disse que a prioridade dele é trazer The Boss, Bruce Springsteen.

E aí, alguém topa encarar uma outra viagem até a cidade do rock?