domingo, março 18, 2007

o que se perdeu aí embaixo -


O mais difícil de roteirizar é esquecer as firulas literárias.
Não que elas sejam apenas firulas. São também o estilo do escritor.

Mas como não sou escritor, martirizo minha escrita floreada em prol da ação.

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As benesses do msn.

Outro dia fiquei quase uma hora entre risadas leves e boas lembranças. Eram 4 no msn, batendo papo, num caos típico de uma mesa cheia de bêbados. Só assim para desfrutar da companhia de amigos queridos. Uns em Vitória, outro em Marabá, eu em Cuiabá e todos na internet. E viva os novos tempos.

domingo, março 04, 2007

Inaugurando a sessão pré-contos

Então olhei no espelho e vi que nem tinha me machucado muito. O nariz estava um pouco torto, talvez. O sangue já coagulado descia de uma narina até, mais ou menos, o queixo. O lado direito do rosto, um tanto inchado, vermelho vivo. De lá virá o maior hematoma. Primeiro roxo púrpura gritando, depois um pouco menos vivo, passando por um amarelado cor de pus com um pouco de verde e então voltamos à cor da pele. Os cabelos, bom, os cabelos são um caso à parte. Depois do puxão fiquei com um buraco um pouco acima do meio da testa. Se naturalmente já tinha umas entradas, fruto da predisposição genética à calvície, presente de ambos meus avós, agora tinha um verdadeiro desfalque no gramado. Puxar cabelo é uma coisa covarde, de briga de mulher. Em uma luta de vale tudo, então, é pedir para morrer. Obviamente não matei Marcão Sperandio, o Martelo. Mas o deixei um tanto pior do que estou vendo neste espelho. A luta, em si, não demorou muito. Soa o gongo, Marcão parte para cima. Tento me defender de seus vários golpes, uma saraivada de socos e pontapés. Um me acerta na bochecha direita. Sinto gosto de ferro, quente. Já conheço esse sabor. Não é minha primeira luta. Não é a primeira vez que me arrebento. Lá vem ele, o sangue, preenchendo minha boca. Mesmo com o protetor nos dentes, me corto pela parte de dentro. Fico um pouco tonto. Sinto a pontada e os olhos ardendo. Meu nariz. Pronto. O gosto do sangue da boca se junta ao sangue quente descendo do nariz. Quer saber, cansei.

Enquanto estou montado nele, pronto para encaixar um estrangulamento, sinto meu cabelo ser puxado. Filho da puta. Não me lembro muito depois disso. Meus sentidos eram racionais até esse momento. Ia encaixar o golpe, esperar ele bater e desistir da luta. A vitória já era minha. Puxar o cabelo foi baixaria. E baixaria, costumo pagar com baixaria. Aproveito a posição montada e tento transformar sua cara em algo parecido com um purê de batatas, com bastante sangue. A próxima coisa que vejo é meu braço levantado pelo juiz.

O primeiro banho depois de uma luta é outra luta em si. A água quente da ducha bate no corpo, meio formigando de adrenalina, e um tanto dolorido pela tensão