quarta-feira, julho 17, 2013

Antes aqui


Frio

Está na cara, o inverno chegou. Pelas ruas, a naftalina volta a toda. Felizes, botas e cachecóis vêm dar a sua volta anual pelas ruas esburacadas e sudorentas. Então, como em um passe de mágica, as mulheres ficam todas, sem exceção, mais bonitas.

Fiquei pensando nessa última afirmação por algum tempo. Em minha caminhada matinal até o trabalho, depois de um cafezinho tradicional em um balcão, vejo mil e uma mulheres lindas. Meninas, garotas, gatinhas, idosas, empresárias, executivas, estudantes. O corpo desfilando, coberto. O vento gelado nas bochechas rosadas. A imaginação, essa companheira indiscreta, descortina saias e meias-calças, e desmascara a grande ilusão do inverno.

Em uma cidade praieira, os corpos desfilam sem muita cobertura. Pernas saradas e bronzeadas de fora. Barrigas malhadas em skates e patins na orla da praia. Cabelo molhado de sal, biquínis e saídas jogadas na areia. A perfeição pode até não existir, deixando espaço para uma manchinha aqui ou uma pequena acne acolá. Mas perto dessas amazonas, as mulheres comuns, as que trabalham e cuidam de casa, as que tomam conta de seus filhos e dos maridos, ou simplesmente as que preferem uma mesa de bar ou um livro à praia, se reduzem, recolhendo-se envergonhadas com suas falhas.


No inverno, não. As fazendas cobrem tudo. O joelho, esse estranho, é prazer aos olhos, como se com o cair das temperaturas também voltássemos décadas no tempo. O frio democratiza a beleza. Fica a cargo de nossas mentes, e não mais de nossos olhos, escolher a mais bela. A moça de formas abundantes, desfila seu desejo, liberta de vergonhas. E, ao fim, ficam mais belas pelo simples motivo de, despreocupadas, serem um pouco mais feliz.   

terça-feira, julho 02, 2013

Antes aqui

Pílulas


Zemaria – Great Escape

Enquanto o mundo todo comentava o novo disco do Daft Punk, uma turminha da pesada reafirmava seu talento. Dessa vez, infelizmente, bem longe de terras capixabas. Com Great Escape, o Zemaria deu um passo adiante e fez, de longe, seu melhor disco. Disponível nos melhores sistemas de streaming do ramo, as dez faixas passam como um vento refrescante à beira-mar, rápido e sempre deixando aquela sensação de “podia vir mais”. Um trabalho para marcar nome na história da música, seja ela capixaba ou não. 





Antes Aqui

Férias. Ou quando parar nem sempre é bom.

Estava eu em um lindo dia quando, de repente, percebi que após sair do trabalho estaria de férias. Neste momento, tudo se apagou. O escuro e a falta de perspectiva tomaram conta da minha vida. Fiquei parado, respirei fundo e despedi-me de meus colegas. O próximo passo que dei, foi em direção à rua, que me esperava quente e úmida.

Passado o baque inicial, precisei refazer todas as minhas anotações mentais. Ler um determinado número de livros, ver tais filmes, ir até o fim tantos e tantos jogos de videogame, escrever e, é claro, descansar pareceu não caber dentro dos poucos dias que tinha, depois de mais de três anos de trabalho ininterruptos. Então, o que fiz? Nada.

Fui viajar e, na volta, a Copa das Confederações estava prestes a começar. Grudei na telinha, vi milhares de programas sobre as seleções, inúmeras mesas-redondas, e uns tantos jogos de preparação (como Itália e Haiti, disputado em São Januário). Um desperdício de tempo, mas que me dá um prazer indescritível. Também fui a todos os jogos no Maracanã também. Mas isso deixo para contar outro dia. O importante aqui foi a completa desestruturação dos meus planos de férias. E que me fez pensar também nos meus planos rabiscados na virada do ano e que, até agora, no mês sete, não são mais do que rabiscos.

No fundo, acho que preciso de mais organização. Utilizar meu tempo, cada vez menor, de uma forma regrada e dividi-lo irmãmente entre todas as atividades que me dão prazer, até que a clonagem humana seja uma realidade e possa me dividir, de verdade, entre tantas tarefas e passatempos. Acho que está bom. Agora vocês sabem por que demorei tanto para escrever aqui de novo. Prometo não deixá-los esperando tanto pelo próximo texto. Até, pelo menos, minhas próximas férias.