domingo, março 19, 2017

Fará, em poucos dias, dois anos e meio que nos mudamos para a Europa.
EUROPA, UAU!!!

Sim, é como pensamos, independente de já ter visitado várias vezes ou mesmo conhecido gente que veio e mora aqui, como se fosse um canto qualquer do Brasil. Não há santo que evite um certo desbunde ao chegar em terras europeias. As coisas "funcionam", as cidades são "limpas" e há segurança. Percebam que só a segurança eu não coloquei entre aspas. A verdade é que a realidade aqui é bem diferente do que a pintada por posts e atualizações em facebook.

Eu cheguei em Londres. Cara, você não tem noção do que é Londres: uma meca do consumo, a NY do lado de cá, onde as pessoas compram e se exibem (os trilionários árabes, principalmente). Você precisa estar neste ciclo do consumo para fazer parte da cidade e, veja só, é tudo muito caro. O transporte, a cerveja no pub, os shows... Mas é isso, você tem acesso a tudo o que sempre quis, quando jovem. Todos os discos, todos os shows, todas as cervejas, as marcas de cosméticos as marcas de roupa... Tudo ao seu alcance e, acredite, você vai querer aproveitar. E vai, irresponsavelmente, torrar uma grana federal nessas pormenoridades. E então, a realidade bate na sua cara. O preço do aluguel, o preço das coisas, a conversão cachorra do real x libra... Só sobra mesmo ter que trabalhar para se manter e é aí que a realidade não só bate na cara, mas te atropela como um caminhão de mil toneladas.

Não é só você que acha Londres maravilhoso, que adoraria viver na Europa e tal...
É o mundo inteiro. E aqui, sua carreira é tão inútil, sua experiência é tão frugal que não faz nem cócegas na concorrência.
Ir para a rua atrás de trabalho é ir contra a corrente. Aceitar o que te pagam, aonde te aceitam. Muitas vezes encarando a famosa zero-hora, um contrato cachorraço de trabalho que só te chamam quando tem coisa para fazer e você só recebe pelas horas que trabalhar. Sem segurança de que vai trabalhar todos os dias do mês ou da semana. E sem o tempo necessário para correr atrás de algo melhor. Sobreviver vira sua meta, seu karma. Ter dinheiro para o próximo aluguel, para a próxima ida ao mercado. Shows, cds, cervejas em pubs? acontecem em menor quantidade, ou param mesmo de acontecer.

É aí que tudo volta a ser como era. Por acaso, consegui um emprego (não em Londres, mas em Gibraltar - olhe no mapa). Trabalho o bastante para sustentar a mim e a Ju. E só. Como tudo, melhorar leva tempo, entender a empresa, subir degraus, leva tempo. Dois anos e meio que cheguei na Europa. A manteiga President agora é só manteiga (e nem é mais a president que é cara - hahahah). A cerveja é em casa, vendo Netflix. Passo frio e passo calor. Espero a semana chegar para ir trabalhar e o fim de semana chegar para descansar e, de preferência, não gastar muito.
Tenho uma vida normal, sem luxos, sem viagens incríveis (por enquanto - hahahah), com Netflix, tomate andaluz e nossas pequenas rotinas.

É assim que tem que ser, não é mesmo?
E falando outra língua, sem os amigos por perto e longe da família que amamos. Vale a pena? E, se vale, até quando?

Volta ao Brasil é um outro assunto que vou falar em outro post, quando tiver mais tempo. Mas não é agora, nem vejo isso acontecendo em pouco tempo. A ver, como dizem os espanhóis.