sexta-feira, novembro 18, 2016

meu blog tem quase 15 anos, 3395 postagens e 3 seguidores.
Sou um case de fracasso.

E adoro isso.

Antes aqui:

Oi, Tio!

Parei no vermelho. Dei bobeira e a janela ficou aberta. Um enxame de microemprendedores de sinal apóia os braços na porta do carro e, cada um ao mesmo tempo agora, tenta me empurrar alguma buginganga que não preciso. Não preciso, mas não nego que muitas delas me impressionam e adoraria ter um tempo maior do que um sinal vermelho para discutir a utilidade de cada uma em minha vida. Mas o sinal abre e dou adeus a todos eles, sem comprar nada, a não ser um saquinho de irresistíveis balas de café.

Não vendo balinhas de café, mas adoraria ter o tempo de um sinal fechado para vender meus textinhos daqui para você. Entender o que esse público (meu público? tenho público?) quer ler ou pretende absorver em um texto curto de uma coluninha. Um sinal amarelo já bastava. Tudo o que eu quero é seu tempo, suas pupilas dilatadas, seu sorriso no meio dessa carona linda. Carona aqui, não tem nada a ver com automóvel, só com cara grande, uma forma carinhosa de falar, você sabe.

Acontece que hoje em dia o bem de mais valioso, e - putz - não renovável,  é o tempo. O meu, o seu, o do consumidor. Os impulsos de compra são decididos em micro-momentos, nos poucos segundos em que olho a tela do celular entre um email e outro. Os likes que solto por aí, o tempo que passo em cada blog ou site de notícias, tudo isso é monetizável (odeio essa palavra) em termos de internet. E, para que não passe mais tempo fora da internet, doando todo o tempo livre para os outros, as grandes corporações criam maneiras de acompanhar-nos em todo momento. Relógios com internet, cozinha com internet, telefones com internet, roupas conectadas, carros que não precisaremos mais dirigir e que nos darão mais tempo para, sim, ficarmos na internet. Isso até o momento em que vamos estar 100% do tempo em realidade virtual, doando 100% do nosso tempo para todos os outros, enquanto achamos que nos divertimos, passando um tempo a sós, consigo mesmo. Isso sim é aproveitar a vida.


Um sorriso leve aparece no canto da boca de algum empreendedor bilionário do outro lado da rede.

quarta-feira, novembro 02, 2016

Antes aqui:

Interruptor

Posso não parecer, mas sou um profundo admirador do ser humano. Nos últimos anos, no entanto, não há esperança na humanidade que sobreviva à realidade. Como disse certa vez o pensador Amaral, ótimo cabeça-de-área do Palmeiras nos anos 90, a esperança é a única que morre.

Lamento dizer, querid@, mas não é só a esperança que morreu. Ontem mesmo uma menina que foi atingida por uma explosão de bueiro faleceu. Ela estava saindo de uma festa. Para morrer basta estar vivo, é verdade. E ainda tem a tuma da piada pronta, a que ri de qualquer desgraça, dizendo que “Morreu? Antes ela do que eu.”

Até quando, no entanto? Ela veio antes, e antes dela teve o travesti que foi espancado até a morte por ser… ele mesmo. Ou a menina que levou uma bala perdida olhando a vista pela janela. Viver é perigoso. Mas o perigo chegou a níveis alarmantes no Brasil. Na verdade, quem está vivo até hoje é que faz parte das estatísticas. Morrer de causa natural (qual seria ela?) é uma improbabilidade. Haja colesterol, atropelamento de ciclista e armas de fogo…


Como disse acima, sou um profundo admirador da raça humana. Alcançamos algo que nenhuma outra raça conseguiu. Se auto-extinguir. Em termos de fazer merda, não dá para ninguém. A não ser, claro, que uma espaçonave pouse na Terra nas próximas décadas e me faça engolir cada uma dessas palavras jogadas ao ventilador. Mas aí, com um alienígena me olhando, engulo qualquer coisa.
A Rússia amigos é um país doido. Isso é ponto pacífico. Ou belicoso, já que um desses doidos está à frente do país. O mundo como conhecemos tem, no máximo, dois anos a mais de vida.

Irão desligar a Matrix. E seja o que Deus, ou quem quer que você acredite que seja o dono desta porra toda, quiser.
Escrever o que e por que?

Não quero que você leia isso aqui.
Ao mesmo tempo em que queria poder espalhar que estou escrevendo mais frequentemente no blog, sei que as coisas daqui são imensamente pessoais agora e não há motivo para sair por aí bragging about the things I write. (faltou a palavra e estou de saco cheio de buscar uma tradução para as expressões em outra língua que aparecem na minha cabeça na hora de escrever um texto).

Então, é um alívio e um medo verificar as estatísticas da página e ver o número ZERO lá. ZERO visualizações e ZERO comentários.

:)

Obrigado, blogger. Obrigado brógui. Obligado blóder.