Antes aqui:
Interruptor
Posso não
parecer, mas sou um profundo admirador do ser humano. Nos últimos anos, no
entanto, não há esperança na humanidade que sobreviva à realidade. Como disse
certa vez o pensador Amaral, ótimo cabeça-de-área do Palmeiras nos anos 90, a
esperança é a única que morre.
Lamento
dizer, querid@, mas não é só a esperança que morreu. Ontem mesmo uma menina que
foi atingida por uma explosão de bueiro faleceu. Ela estava saindo de uma
festa. Para morrer basta estar vivo, é verdade. E ainda tem a tuma da piada
pronta, a que ri de qualquer desgraça, dizendo que “Morreu? Antes ela do que
eu.”
Até quando,
no entanto? Ela veio antes, e antes dela teve o travesti que foi espancado até
a morte por ser… ele mesmo. Ou a menina que levou uma bala perdida olhando a
vista pela janela. Viver é perigoso. Mas o perigo chegou a níveis alarmantes no
Brasil. Na verdade, quem está vivo até hoje é que faz parte das estatísticas. Morrer
de causa natural (qual seria ela?) é uma improbabilidade. Haja colesterol,
atropelamento de ciclista e armas de fogo…
Como disse
acima, sou um profundo admirador da raça humana. Alcançamos algo que nenhuma
outra raça conseguiu. Se auto-extinguir. Em termos de fazer merda, não dá para
ninguém. A não ser, claro, que uma espaçonave pouse na Terra nas próximas
décadas e me faça engolir cada uma dessas palavras jogadas ao ventilador. Mas
aí, com um alienígena me olhando, engulo qualquer coisa.
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