quinta-feira, dezembro 26, 2019

Sou uma pessoa tropical.
Equatorial.
Somos, latinos, um povo unido pelo estado geográfico de direito, pelos abraços, pelo afeto que demonstramos com orgulho, pelo sol e pela areia nos pés. Pela falta de tecido cobrindo o corpo, pelo suor e pelas frutas suculentas e abundantes. Pelo som que criamos e que embalam gerações, em folias por todo o mundo.

Sou quente, caliente, da floresta, do mar, da manga, sou daí, não daqui. E ainda assim, aqui estou.
Então foi Natal...
E passei aqui, no frio, comendo comidas de frio. Ok, mentira, comi farofa e o tempo nem está tão mal. Em torno dos 10°.

Escrevi, uns posts atrás, desesperado. Estive mal. Como poucas vezes estive. Todas as minhas forças se foram e nada fazia mais sentido. Ficava deitado e só tinha pena de mim. Pensei em suicídio milhares de vezes. Era como o único conforto que tinha. Pensar em me matar. Agradeço por não ter uma arma em casa.

Entendi que a situação na qual estava não era fácil de sair. Precisava de ajuda. Busquei ajuda, tratei-me, construí resiliência, coloquei as mãos novamente no volante e voltei a manejar meus rumos.
Mas sumi. O ano está acabando, mais um, e não tenho vontade de mandar mensagens para ninguém. Não mandei Feliz Natal pra ninguém (se vc recebeu um, parabéns  vc é alguém realmente importante). E provavelmente continuarei nessa solidão em vida, numa megalópole, até que alguém se aproxime.

sexta-feira, novembro 08, 2019

Enquanto olhava para o mapa da Europa e para os numeros da populacao dividida por pais, perdi uns segundos pensando. Olhei a projecao do crescimento populacional e ha, na verdade, um decrescimo projetado, a partir de 2035. Em 2095 chegaremos a um numero de habitantes na Europa proximo ao dos anos 60. Claro, dados da internet nao podem ser confiaveis, mas penso que somos um ser vivo – nao so eu ou voce, mas a populacao como um todo e o planeta, por que nao?
Percebemos a necessidade de diminuir nosso cresimento, como um parasita percebe que se sugar mais uma gota de sangue ira matar seu hospedeiro. Estamos buscando o equilibrio, percebendo que do jeito que esta nao da e comecamos a nao ter filhos. Talvez ter filhos agora, seja uma das acoes mais altruistas que podemos tomar, visto que deixxamos de ser sos e independentes e nos prendemos a algo para o resto da vida. Na contemporaneidade liquida, uma verdadeira ode ao proximo e ao planejamento de longo prazo.
Sobre o planeta, gaia, ou como queira chamar, ele nao apenas nos hospeda. Somos parte unica dele, como todos os outros animais, numa grande harmonia ecologica-mineral-biologica. Daqui nao saimos, criamos tudo o que temos com os recursos vindos do planeta e somos o que somos, seres vivos, criados com o que temos aqui. Nada mais justo do que reequilibrar a massa biologica e devolver espaco e materia-prima para recuperar especies em via de extincao ou para evitar que nos sejamos a nossa propria causa de extincao.

domingo, outubro 06, 2019

Se você lê isso, fica aqui meu pedido de socorro...
Fala comigo, puxa papo, diz que vai ficar tudo bem.
Eu já não tenho mais forças, já não tenho direção, não tenho propósito.
A minha vida está me corroendo e, acredito, escorrendo por entre meus dedos...

domingo, agosto 25, 2019

ninguém sabe o quão difícil é.
o quanto o corpo pesa quando a força não vem.
a vontade de ficar deitado, jogado, largado...
ninguém sabe como é não se sentir em casa em nenhum lugar. como é odiar ser e estar, quem você é e onde se está.
ninguém sabe como é difícil ter saudades. Ser saudades. ninguém sabe como é esquecer palavras, não achar os acentos no teclado, não conseguir se comunicar.
ninguém sabe. e ainda assim, todo mundo sabe

domingo, junho 02, 2019

Estive pensando (olha o perigo) e parece que a vida passa uma faca nas suas relações depois dos 40. Tudo bem que já tô nos 40 tem 3 anos, mas a realidade é que abaixo dos 40, pouca coisa faz sentido.
A gente muda, óbvio, muda para melhor. E quem ainda não mudou, não consegue entender. Não é como se o céu se abrisse em sabedoria divina. Não é isso. Mas é uma serenidade, uma calma para as coisas que você não tem antes. Como se a proximidade do fim, desse mais vontade de curtir cada pequena coisa. Não há a pressa de se ter tudo, há o prazer em sorver o que se tem.

A beleza muda, também. A mulher de 40 tem algo inexplicável nela. Uma beleza única e indistinguível para os mais moços. Os fios grisalhos cor de prata, vestidos como coroa, são tão lindos e tão menosprezados.
Ah, pobre do homem que só quer a juventude, quando o que se deveria buscar é a plenitude.
E essa, meus amigos, só começa a aparecer lá pelos 40.

terça-feira, maio 21, 2019

Tenho muito medo de morrer.
Mas o medo está passando.
E o enfado é tanto, que até a caveiruda já não parece tão assustadora.
Estou velho de novo. Cada ano que passa fico mais novo e mais velho. Um dia de cada vez. Mas hoje, estou velho, esfarrapado, carcomido...

Sofro pelo passado, pelo futuro que pode não acontecer e pelo presente que se faz de esperto e sabe se esconder e fugir de supetão, a todo instante.

Lembro de um sonho perdido, em algum lugar da minha memória. Não tenho a lembrança completa, só umas pequenas sensações de pertencimento e flashes de algo que não faz sentido. Coloco uma música triste para tocar, penso em me embebedar e penso se ainda vale à pena alguma coisa.

Hoje sofro por sofrer, por esporte, por prazer. Hoje não tenho futuro, esperança ou perspectiva. Hoje, sou velho. Amanhã, talvez, nasça jovem novamente...

A ver. A ver.

segunda-feira, maio 20, 2019

encontrei uns textos antigos, da série pequenas paixões e vou postando aqui aos poucos.
A menina que corria

Ela passou por mim como um fantasma. Um vulto em alta velocidade, um borrão que por muito pouco não escapou da minha retina. Mas os segundos em que a luz dela emanou - sim, ela emite luz, não reflete - foram o bastante. Obrigado, Hermes.

Do que vi, tudo ficou. Nem um detalhe deixei escapar de minhas memórias. Lembro como se fosse a chegada apoteótica de uma maratona, daquelas que passam em replay por dias a fio, suor, esforço e vitória. E ela era assim...

Os cabelos flutuando no ar, comandando o vento, cortando átomos de nitrogênio, oxigênio e hidrogênio. Uma pequena bomba atômica de cor negra explodindo a cada passada, destruindo tudo o que eu entendo por realidade passo sim e outro também. Ou seria meu coração desesperado batendo forte a cada inspiração e expiração?

As pequenas gotas de suor que caiam no chão criavam um mundo de aromas e perfumes que atraíram abelhas, formigas e diabéticos, em busca do néctar sagrado. Como se seu corpo fosse o filtro de uma outra dimensão inalcançável, onde tudo é melhor e mais perfeito. Como se dele não fosse criado ácido lático, mas o maná que alimentasse almas aflitas de amor.

Seu corpo era a personificação da Amazona, seus músculos trabalhando em tão perfeita sintonia que o esforço parecia de mentira. Uma brincadeira de pique entre crianças que nunca irão se cansar. Suas pequenas pintas, portas para universos onde exploradores ficarão para sempre perdidos e de onde só sairão se seguirem sua estrela. Com mil mundos a serem vistos e percorridos em cada uma delas, sentidos e tocados, vivendo somente à base de sua luz.

E isso tudo percebi por essa mesma luz, em milésimos de segundos que ficaram para sempre marcados em mim. Torcendo para que, após todas as voltas imaginárias que ela precisa cumprir, a linha de chegada seja sempre em mim.

domingo, maio 05, 2019

Nas notícias, as pessoas morrem e se matam. O dia fica pesado, a melancolia pesa e a tristeza aparece. Sem motivo, tudo fica triste e sem cor. A vida perde sentido e a verdade é que a idade pesa. Não de verdade, mas toda a história que vem com ela e que é preciso carregar como se fosse uma mochila ou uma cauda que fica mais pesada a cada dia, semana, mês, ano...
Meu aniversário tá chegando e não tenho a menor vontade de comemorar. Não tenho o que comemorar.


quantas mais não-comemorações terei?

terça-feira, abril 16, 2019

Quando os fantasmas começam a te encontrar. Na rua, a mulher faz-me lembrar de uma amiga a qual já não tenho contato faz tanto tempo. Na verdade, lembro-me em seguida que ela já se foi. A única coisa que tenho é sua lembrança, ainda que de seu nome muitas vezes me esqueça. Sua fisionomia é o bastante para se assombrado por risadas e viagens e bons momentos vividos dentro e fora do ambiente profissional. E esses fantasmas das lembranças das pessoas que se foram começam a ser não a exceção, mas a rotina. Pobre de mim. Pobre do mundo.

quinta-feira, março 28, 2019

Até que ponto dá para aguentar?
A dor, o vazio, o nada...

Até quando vou conseguir levantar? Andar? Curar?
Para quem e por quê? Não para mim, isso sei.
Nunca para mim...

quinta-feira, março 14, 2019

O primeiro passo para resolver um problema é perceber que há o problema. Eu tive tempo de perceber e, agora, vou resolve-lo.

quarta-feira, fevereiro 20, 2019

Tenho um arrependimento grande na vida: ter apagado um blog de anos com a apertar de um botão. Talvez tenha sido para melhor já que o blog foi feito na época mais complicada da minha vida (será?). Mas deep down eu bem que queria reler as minhas desventuras e rir daquilo tudo. Ah, como é bom envelhecer-pelo menos por isso.

Até nunca mais Day After. Long live the king with the absent soul.
Se você tem o sonho de morar em Londres, fazer o que eu faço todos os dias seria maravilhoso. E tento pensar nisso quase todos os dias em que estou cansado, com dor e de saco cheio daqui.
Olhe como um turista, eu digo, para a cidade onde moras, e tereis paz.

terça-feira, janeiro 08, 2019

2019

Feliz 2019.
Dia 8 de janeiro e, pela primeira vez, melancólico.
Escuto uma música meio bonita, meio para baixo e venho escrever. Gosto.
Quais as suas resoluções de ano novo? Você ainda crê nisso?
Vou escrever na porta do meu armário tudo o que quero para este ano. O que quero de mim.
Dinheiro no final do mês, viagens, shows e, claro, ser mais feliz e grato.
E quero dar presentes, quero amigos, quero abraço e beijo na boca. Saúde, claro.
E Liverpool campeão. :)