segunda-feira, novembro 30, 2009

Vejam só, meus amigos. Às vezes ficamos sem internet aça em Chaco.
Nos desligamos del mundo. És bueno para olvidar (esquecer em espanhol) de lo mundo que tenemos la fuera. Um mundo onde Michael Jackson está muerto, pero aparece em lo cine, um mundo onde o flamengo puede ser campeón de Brasil (aca em Paraguay, Nacional será el campeon nacional). Um mundo onde nos esquecemos da América do Sul, Latina e de todos os seus povos e de todas as suas florestas, matas e animais.

É, era isso. O Botafogo cai e ainda assim ajuda o Flamengo a ser campeão. O Fluminense faz uma campanha de recuperação de dar ódio de tão linda, com o eterno botafoguense Cuca à frente, e ainda dizem que ele não deveria voltar para o Botafogo. Acho que deveriam fazer uma estatua para ele e pro Fred Slater que se afastou das praias e das pranchas e se aproximou dos gols e das balizas mais uma vez. Fred é seleção!
No mais, na mesma.
Espero que a barca leve um monte desses jogadores medianos que infestam meu time.

Volto a pensar no mundo.
Outro dia peguei um monte de frutas, mangas, de uma mangueira carregadinha aqui. Me disseram que podia porque era noite e estava meio escuro, mas que os donos da cidade não gostam que se retire frutas das arvores. Dizem que alugaram a casa, não as arvores e seus frutos.
Será que compro uma entrada para o céu com uma carteirinha da WWF e do Greenpeace?
Ou será que esse trabalho com os indígenas vale? Tudo bem que recebo, mas nem é por mal. Eles que ofereceram.
: /

***
Quero, sim, um mundo melhor. Desde que possa ter meu kindle e meu ipod.
Hehehe


Ah, tenho um numero de celular do paraguay. É um Tigo (o Vivo daqui). E eu não sei o numero.
: /
Hahahaha
paraguay.
alfajores.
40 graus.
cinema, edição, indígenas, menonitas.
parece que vocês já leram isso aqui.
Sim. É a mesma coisa. Estamos de novo no Paraguay, trabalhando até o fim do ano para que o Natal dos Ayoreo seja melhor em 2010. (não que eles tenham natal, mas enfim...).
e assim, na cara dura, vou roubar o post do Elton. e colocar aqui também.
afinal, o trabalho é dos dois, né.

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Filadelfia es una ciudad de Paraguay, del departamento de Boquerón, del Chaco Paraguayo. Fue elevada a nivel de distrito en 2006.

Su población la constituyen colonos menonitas. Foi fundadas a finales de la década de 1920.

En ellas se ha desarrollado una cultura específica, transmitida a lo largo de los siglos a través de la religión. Estas comunidades menonitas (de Menno Simons) trabajan con modernas técnicas de producción agropecuaria, fabricación de productos lácteos y procesamiento de sésamo y maní.

À noite, à tarde, sempre, nao se ve pessoas na rua e ontem, o parque estava fechado em pleno domingo. Praticamente nao vemos atividades coletivas e se existem, ocorrem apenas entre os menonitas...

Pra piorar, ficamos sem internet no fim de semana todo e sem energia eletrica praticamente todo o domingo, nos deixando sem ventilador e ar condicionado. A uniao do tédio com o calor.

veja nossos vídeo-diário (nem tão diários assim)no link abajo.
http://tendenciasa.blogspot.com/2009/11/diarios-del-paraguay.html

terça-feira, novembro 24, 2009

Bom, voltando ao futebol, olhem o que o Bruno, goleiro do flamengo disse:
"Eu acho que o nosso torcedor por estar tão carente de um titulo importante como o Brasileiro, às vezes acaba atrapalhando um pouco. Nós temos que jogar como vínhamos jogando, sem deixar influenciar. O torcedor é importante com certeza, apoiando lá em cima, mas às vezes nos atrapalha um pouco".

é. a torcida do flamengo consegue atrapalhar até o proprio time. deve ser ruim ter uma torcida assim. vai ver não decoraram ainda as cores do time, né. e acabam torcendo pro time errado...
vai entender.

***

a fisica da alma
caçando carneiros
(livros pra comprar/ler)
coisas que eu amo de paixão e para sempre.
Música e literatura

aí resolvi. vou comprar um ipod gigante (ou seja, com muitos gigas)
e um kindle (ou nook, só pra ser do contra)
heheheheh

assim carrego comigo musicas e livros sem pagar excesso de bagagem.

domingo, novembro 22, 2009


sol na moleira. falta de água para beber. sofrimento.


e pronto. acabou meu ano aqui no Brasil.terça parto pra Sampa, quinta pro Paraguay e volto sabe deus lá quando. Pra terminar o ano carioca, fui me despedir do Botafogo e do Engenhão em 2009, torcendo pra que ano que vem tenha mais jogos da primeira divisão por lá. E não poderia ser melhor. Comecei a maratona umas 3 e 20, quando meu irmão confirmou que não iria. Peguei o ônibus do metrô. Já de cara, um botafoguense sentou perto de mim e começou a puxar papo. EU, com a camisa preta de 2005, era o único botafoguense visível até este momento. Camisas do flamengo multiplicavam-se pelas esquinas, bares, ônibus. Todos torcendo por nós e devo admitir, eu torcendo por eles. Chego ao metrô umas 3 e 50. Às 4 e 10 tava na Central. Já no metrô, faltando muitas horas pro jogo do flamengo, só se via rubro-negros. Muitos. Alguns poucos como eu apareceram. Chegando ao trem, mais colegas de sofrimento e no Engenhão, debaixo de sol e da fala de água para se tomar, mais um tanto. quase 27 mil. sofrido foi, sim.
Mas foi muito bom. Na hora do último gol, aos 44 do segundo tempo, me emocionei, gritei, pulei, abracei quem tava por perto. tremiam as pernas. o coração disparado. Na saída, corre-corre, por motivos sem importância. Ainda estava anestesiado. Cantamos, gritamos, lavamos a alma com suor. Hoje todo botafoguense dorme feliz.
E eu digo até logo pra maior paixão da minha vida. Até o ano que vem, se Deus quiser, bem perto de você. Mas, mesmo se estiver um pouco longe, terei sempre uma estrela no peito, no lugar do coração.


sábado, novembro 21, 2009

E não consigo parar de ouvir o Vision Things do Sisters of Mercy.
um dos cds que comprei por 20 pratas lá na loja de discos usados.
engraçado isso.
se tem uma coisa que a gente pode usar para ver como está diferente, mais maduro, se escreve melhor ou não, é o arquivo do Blogger.
Hoje, por acaso, fui jogado meio que sem querer num texteco que escrevi em maio de 2002. Isso mesmo, quase oito anos atrás. 7 anos e 7 meses pra ser mais exato. E bota sete nisso. Gosto do sete, acho um número legal. Nasci no dia 16. um mais seis igual a sete.
Mas gosto também do seis.
de qualquer modo, aqui está o que escrevi naquele dia de maio de 2002.

"Pois é.
pois são.
E o que será de nós, mais uma vez?
se não for esperto, se não pensar, se não sofrer, não vale.
Boa Noite Cinderela.
te encontro no nascer do sol."


Ainda bem que não existia o emo naquela época. Ou vocês já pensaram como eu ficaria de franjinha e olho pintado sofrendo e chorando a minha lágrima desenhada no rosto pelos manguezais da UFES?
Outro dia fui numa loja de discos daqui. Sabe como é, a gente fica meio pra baixo e vai logo às compras. Então, fucei, e logo me desesperei. Primeiro porque comecei a perceber que já não sei se tenho determinado disco ou não. Foi assim com o Some Cities do Doves e com o Pull the Pin do Stereophonics. Com os dois na mão, acabei não comprando por motivos além da minha conta bancária. E ao chegar em casa e arrumar meu armário, meus CDs e meu case de discos (aposentado, tadinho, depois de tanto tempo sendo surrado) acabei vendo que já tinha comprado esses dois. Ufa.
De qualquer forma entrei numa loja e comecei a fuçar. E me desesperei, como ia dizendo.
Algum Taylor daqui resolveu entrar para a igreja, ou simplesmente se mudou para um AP menor. Ou quem sabe, digitalizou toda sua coleção, ou ainda vendeu pra fazer uma graninha pra comprar a meota da noite, enfim, algum camarada com o mesmo gosto que eu e provavelmente a mesma idade, se desfez de uma coleção de CDs. E assim, discos que eu adoraria ter comprado nos meus vinte e poucos anos, todos importados, difíceis de se encontrar no Brasil, estavam lá, me encarando. Me pedindo para serem amados novamente. Porra, não resisti. Peguei tudo o que queria e, quer saber, dane-se o dinheiro. Tinha o His ‘n’Hers do Pulp. Lindo!!!!
Tinha o Sci-fi Lullabies do Suede, desde sempre um sonho de consumo. E eu que já havia começado a fazer uma compra clássica, escolhendo o disco do cometa do Deep Purple, e mais uns dois ou três que, enfim ,fazem parte de qualquer discoteca básica, descartei a resolução e fui para meus queridos CDs de outrora. Poderia dizer que estou 18 cds mais feliz.

***

Quanto ao meu case de CDs, um presente que me dei depois de receber minha primeira grana como Dj e promoter de noites de rock, está aposentado.
Primeiro porque estava surrado mesmo, como disse ali em cima. Já tinha caído chuva, cerveja, arrebentado as pastas que seguravam os CDs, os 320 cds que cabiam nele. Já carreguei pra cima e pra baixo, em Vitória e no Rio, até em Cuiabá. Era hora dele descansar.
Em segundo lugar, porque nas últimas vezes que tenho tocado com cd, os locais não estão, digamos, preparados pra ter alguém tocando com cd. O mp3 acabou com o prazer de levar os discos, escolher as musicas, tirar um, colocar o outro. Agora com um toque numa tecla, vc tem toda a sua discoteca aberta e pronta para a escolha. Só acho que no fundo, no fundo, não importa o que vc tem pra tocar, importa é o seu público, pronto ou não para ouvir seu set, e acima de tudo, o seu feeling para tocar o que seu público quer (ou não) ouvir, mas o que com certeza vai fazer ele se acabar na pista.
O que me leva a minha escolha, meio difícil, de tentar educar as pessoas no dancefloor. Foi –se o tempo. Foda-se. Hoje todo mundo tem internet. Se só querem ouvir Back in Black ou Rock and Roll All Night, que ouçam. Em casa escuto o que acho melhor.

quinta-feira, novembro 19, 2009

Ainda não escrevi um monte de coisas aqui que queria comentar e acabei esquecendo da maioria delas. Mas essa não tive como esquecer. Está em todos os lugares. A estréia, pré-estreia do filme do Lula. Lula, filho do Brasil.
E onde foi a gran premiere? Em Brasília, ora bolas. Capital do poder, da roubalheira e da corrupção. Mas o que que tem filme de festival de Brasília a ver com toda a sujeira que existe lá? Bom, deixa eu explicar.
Na estréia do filme, foi aquela corja toda, estudante de cinema, comunicólogos, e a pior delas, assessores e políticos. Imagina só, os puxa-sacos todos lá querendo ver o “filme do presidente”. Aí, claro, sobrou carteirada e escrotidão. (pausa para cuspir no chão).
Já com a sala de exibição transbordando de gente, chegou a equipe do filme. Umas 30 pessoas. E pediram que liberassem umas 30 cadeiras para eles assistirem ao filme. Hahahaha
Acha que liberaram? Nada. Alguns estudantes de sociologia talvez tenham se levantado, mas a corruptalha, essa não se mexe. Tem medo de se levantar e algum neto de político tomar o lugar deles. Acharam que era a repartição. Aí, veio a produtora e pediu pro pessoal se retirar, que era perigoso aquele monte de gente, no chão, nas escadas... todos poderiam voltar para a sessão extra, que fariam depois.
Ela foi vaiada. Vaiada. Ignobeis. Ninguém saiu. E começou o filme. E aí, devem ter partido o coração do Barretão. Porque deve ter sido uma plateia de filme de terror isso aí. Enfim, acabou o filme, acabou a pipoca, todos se levantaram e foram embora. Afinal, no outro dia todos poderiam falar na camara, no senado, na repartição que tinham visto o filme do presidente. E com isso, garantir mais 4 anos de emprego público. Mamando nas tetas do governo. Nas nossas tetas.

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Só consegui pensar na cena de Inglorious Basterds. Como um judeu armado cairia bem naquela sala de cinema.

terça-feira, novembro 17, 2009

Hoje fui numa loja de discos e até separei uns metaus pesadus pra ouvir. Mas na hora de levar, só trouxe musiquinha bonitinha. Era o que tava afim de ouvir. Afrouxei.


Falando em musica, hoje também desfiz meu case de cd que usava pra tocar. Não sei o que isso significa, se tem uma segunda leitura por trás dessa ação não-pensada, mas o que acontece é que precisava arrumar minhas coisas, meus CDs que estavam meio largados, meio esquecidos faz algum tempo. Assim como eu. Vai ver eu preciso dar um tempo pra cuidar de mim, me acertar, deixar meu rotulo retinho, tirar o pó das minhas caixinhas e colocar tudo numa caixa de papelão, arrumadinho. Quem sabe pegar uma estrada...

sábado, novembro 14, 2009








Sobre ontem.

teve show aqui. E pude conferir a turne do pouco falado ótimo álbum Dark Days/Light Years do Super Furry Animals. Os caras estão em forma. E se não fizeram um show tão rico quanto o do timfa em 2003, com projeções, roupas peludas e a taça da copa do mundo (ainda éramos campeões), pelo menos apresentaram o que esperamos de uma banda: música.
Totalmente calcado no seu novo disco, os furries desfilaram competência e, se para quem não conhece, o show pode ter parecido meio morno, para mim (fã e com todos os discos) foi foda!!! poder ver os caras de novo aqui e dessa vez numa fundiçao progresso quase vazia, quase na frente do palco, valeu as 30 pratas.

Sobre o festival, bom, teve o Holger, mas só peguei a ultima musica. Pareceu interessante. Depois o Mato Policia Motorizado da Argentina mostrou que evoluiu muito desde o ultimo show que vi deles (Festival Calango 2008 - Cuiabá). E ganharam a platéia com seu som, quem sabe, abrindo os corações do brasileiros para o som dos nossos hermanos da sudamerica. Dos furries eu já falei ali em cima. e depois deles veio o Gogol Bordelo. Uma maçaroca de som de tudo quanto é tipo que levou a platéia à loucura. Chatamente poderia dizer que a energia deles foi compreendida pela molecada que não entendeu o som muito mais cool do supah furry. Deu tempo de me afastar, ouvir o show, gostar do que eles propoem, e bater umas fotos/fazer uns videos.

confira!

sexta-feira, novembro 13, 2009

em fase de maturação

Saia da frente da tv. Eu saí.
E vim pra frente do computador. Juro que tento pensar em histórias legais para serem contadas, mas quantos de vocês conseguem escrever no escuro na posição de lótus, com sirenes nas ruas, a televisão a toda altura, com diálogos saídos de novela e musicas saídas de suas trilhas sonoras - meus pais são meio surdos, e espero que não fique assim – e suando como um cachorro. Se bem que cães não são (nossa, três palavras com til seguidas) animais tão sudoríparos assim.
Bom, não tenho nada para contar. Nenhuma historinha bonitinha. Nada mesmo. Estou tonto faz um mês, penso que coisa do coração, mas não tenho coragem de ir ver um médico. Estou com falta de ar faz uns quinze dias, e sinto como se estivesse em um liquidificador cada vez que coloco uma garfada de comida na boca. Regulo meus remédios de acordo com meu humor e parece que preciso deles cada vez mais.
sexta-feira 13.

Continho fresco pra vocês.


***


Era um sábado à tarde. Eu tinha acabado de sair do supermercado. Às vezes deixo para ir ao supermercado aos sábados a tarde. Não sei por quê. É um daqueles dias em que geralmente não se tem nada para fazer. O carrinho cheio de carnes para o churrasco de aniversário que iria acontecer dali a duas semanas, as cervejas, a vodka e todas as drogas envolvendo gordura e álcool que podem ser compradas em um supermercado num sábado a tarde.
Na verdade, nem sei porque me lembro desses detalhes. Parece que foi a tanto tempo atrás. E, não sei a quanto tempo foi, nem mesmo se esse sábado aconteceu. Estava meio quente, é verdade. Mas ar-condicionado é feito pra isso mesmo, desviar a nossa atenção de quanto estamos destruindo o planeta, de como derretemos nossas calotas polares, de como abrimos, escancaramos o buraco na camada de ozônio, de quantos poucos anos de sobrevivência em nossa querida rocha ainda temos. Ou tínhamos.
Estacionamento. Compras no carro, movido à combustível fóssil, claro. Menos econômico, mas o modelo do meu carro é muito mais bonito e caro do que o dos caras que pararam ao meu lado. Carros pequenos, econômicos, populares. No supermercado todos são populares. Ate olharem pro que eu compro. De qualquer modo, sai do super e vi que o transito estava parado. Não entendi muito bem. O rodízio funcionava bem, cheguei com tanta facilidade ate aqui. Problemas, justo no momento de voltar para minha casa, para meu refugio. Nada se movia. Bom, nada é exagero. Algumas pessoas andavam de um lado para o outro, algumas correndo. Outras caiam de joelhos no chão. Não entendi muito bem. Sai do carro, olhei para os lados. Carros com portas abertas, aparelhos de som falando sozinhos, para ninguém. Carros ligados, com chaves nas ignições. O que está acontecendo. E que calor, caramba. Mas também, não tem uma nuvem sequer no céu...

O céu. O que é isso? O que aconteceu com o céu? Três sóis, cinco luas, as estrelas todas brilhando em plena luz do dia. Mais um sol nascendo no horizonte. Uma dança de corpos celestes, um pandemônio inexplicável. Estrelas cadentes, cometas, dia e noite juntos, numa luz quente e numa escuridão estranhamente clara. Comecei a me sentir mal. Mal, muito mal. Um peso sem igual parecia me empurrar para o chão. Senti minhas costas arquearem e, de repente, estava deitado no asfalto, no meio da rua, no meio de carros abandonados, de barulhos e silêncios desconfortáveis. Simplesmente assim. Sem conseguir me mover. Uma revolta tomou conta do meu corpo, do meu estomago. Senti a comida subindo devagar pelo meu esôfago, ate chegar em minha boca e, quente e ácida, ser vomitada comigo ainda deitado. O calor parecia ainda mais insuportável e por alguns instantes pensei que estava tendo um infarto. O peso passou. Consegui me levantar, ainda sujo com meu vomito. Umas pessoas também se levantavam. Como se todas tivessem sentido o mesmo peso. Como se todos estivéssemos sendo julgados. Olhei ao redor e vi uma mulher com seu filho pequeno, de mãos dadas e chorando, um senhor de cabeça branca e sua esposa, um casal de namorados, eu e meu carro. Quem está aí? Vi um vulto. Tinha absoluta certeza de que alguém me olhava de longe, me mirava e dizia coisas a meu respeito. Por um instante pensei em xingar a velha que abraçava seu marido, de cabeça branca. Gritar fofoqueira, gritar para me deixar em paz. Me deixem em paz. O que eu fiz? O que é isso, cacete?
Saí correndo por entre pessoas desesperadas, carros sem vida, asfalto e grama, tentando chegar em minha casa ou perto dela, o que fosse. Pensei nos meus discos, nas minhas camisas que estavam secando, na minha mãe, talvez pensasse em alguma namorada se tivesse uma. Uma pausa aqui para explicar que, apesar dos quarenta e poucos, sou um homem muito bonito. Freqüento academia, tenho um ótimo emprego em uma revista semanal e sou solteiro convicto. Nunca vi a razão de se casar com uma mulher que cinco anos depois irá se tornar uma versão mais jovem da sua sogra. Sem falar que as estagiarias da revista, recém saídas da faculdade, sempre caem de amores por mim e um corpo de 19 a 23 anos é o mais perto que um homem pode chegar do paraíso. Ou era o que eu pensava ate então.
Ainda alguns quilômetros longe de casa, parei para respirar. Tive a certeza de ter visto outro vulto. E dessa vez estava certo. Realmente era um vulto, ou parecia ser um. Ou algo que não saberia descrever sem soar crente demais, mas algo como um espírito. Uma energia que flutuava por sobre as ruas, varias delas, forças, diremos assim. Uma pareceu se aproximar de mim. Sem rosto, sem forma, como se fosse uma nuvem que é impossível de se ver de tão alta que esta, mas da qual se sente a chuva caindo. Sua chuva eram palavras, mas não do tipo que estamos acostumados. Palavras de silêncio. Palavras como chuva que sabemos estar nos molhando, mesmo quando nem conseguimos ver os pingos. Palavras que não entendia e que não tive como responder. O silenciar aconteceu em todos os cantos. Os pássaros pararam de cantar, os motores e as rádios se calaram, minha garganta era de um vazio absoluto. Como um apagar de luzes, mas de som. A escuridão tomou conta de meus ouvidos. E o peso voltou com ainda mais força me arremessando ao chão. Entendi de repente que existiam respostas e que eu tive acesso a elas durante toda a minha vida. Existia um livro, um guia, uma verdade. As coisas todas estavam nele, os segredos estavam revelados, as duvidas explicadas, as mentiras desmentidas. O vulto tomou forma de palavras, não escritas, mas palavras que lia dentro de minha cabeça. Palavras como em um livro. Neste livro que eu já tinha visto antes tantas vezes, mas que nunca li. O peso sumiu mais uma vez e pude me levantar. Não consegui mais correr. Não pude mais me mexer. Minha ultima reação foi esperar, e assim, me sentei no meio da rua. Olhando para o silencio de sois e luas movendo-se ferozmente nos céu , de estrelas que iam e vinham, que brilhavam e apagavam, comecei a chorar. Um choro, não de desespero, mas de tristeza profunda. Como se minha alma se revirasse, pedindo para sair de dentro de mim, como se estivesse sendo deixado por alguém que me acompanhava por muito tempo, talvez como a sensação de perder um filho ou se tornar viúvo, dando adeus ao grande amor de sua vida.
O clarão então veio e tudo ficou escuro. A escuridão tomou conta de tudo o que eu olhava. Tão negra e desoladora que meus olhos não se acostumaram, nunca se acostumariam. Levantei-me e tateando ainda tentei caminhar alguns passos. Só para ouvir algo, um grito, uma tuba, um barulho tão intenso e opressor que me curvei sobre mim mesmo e vomitei o resto de comida que talvez ainda tivesse na barriga, ou só bílis mesmo.
E o tempo, assim como tudo começou, cessou. Não havia mais tempo, mais som, mais luz, mais motivos, mais vida. Deitei-me e deixei ser levado. Não sei quanto tempo se passou, não sei mais o que seria o tempo, senti uma mão quente acariciando meus cabelos. Abri os olhos e vi uma mulher. Senti sua luz. Seu toque. Sua vontade de ajudar. Que triste que não pudemos acreditar. Centenas e centenas de pessoas, como ela, passavam por mim, em suas luzes próprias, graciosos e numa sensação de tamanha paz como se pudessem ter tornado tudo algo melhor. Senti um pouco de inveja. De vontade de estar lá, de desistir das respostas que procurei por tanto tempo em tantos livros, em tantas noites acordados, em tantos copos e garrafas de uísque, em tantos frascos de remédios, em tantas pílulas, em tantos corpos . O que eu iria fazer com elas, de qualquer forma? Pra que saber as respostas, quando tudo o que eu queria agora era poder me levantar, para cair de joelhos e gritar a todo pulmão, Aleluia?
E então percebi que era assim que iria ficar. Para sempre. Deitado no silêncio, no escuro, na eternidade, no asfalto frio de uma cidade vazia.

quinta-feira, novembro 12, 2009

fui ao hortifruti hoje comprar uma melancia de 5 quilos.
E não é que lá acabei vendo um panfleto de uma exposição que está rolando na estação carioca do metrô, desde 19 de outubro, com as campanhas de comunicação da Hortifruti, criadas pela MP?
Criações que tive o prazer de participar. Então poderia dizer, assim, um pouquinho, que tem uma exposição com umas peças minhas acontecendo aqui no Rio.
hahahaha

sem querer virei artista.
vamos lá?

quarta-feira, novembro 11, 2009

adoro essas coisas do orkut.

Sorte de hoje: Confie naqueles que já tentaram

***

apagão de lado, o novo orkut é o facebook de pobre.
hahahaha

sexta-feira, novembro 06, 2009

Antes aqui


Conheço um monte de bandas que, com o passar do tempo, vão se tornando caricaturas de si mesmas. Tendem a retornar para as paragens de sempre, para a mesma zona de conforto e se repetem disco após disco. Outras, poucas diga-se de passagem, conseguem ter o que dizer mesmo depois de muito tempo na ativa. Os fãs que me perdoem, mas o Pearl Jam, já há algum tempo, flertava com a primeira, e fácil, opção. No entanto, algo aconteceu. Digo algo, porque não sei que toque divino tira uma banda da bandalha musical e a coloca de volta nos trilhos. E parece que deram um toque nos caras de Seattle, que conseguiram se reinventar. Desde o “disco do abacate” o PJ vem merecendo o meu respeito e o tempo, cada vez menos livre e mais precioso, de audição musical. Digo isso porque, numa sexta-feira qualquer, recebi uma encomenda de um amigo com Backspacer, o último lançamento de Eddie Vedder e companhia.

De primeira, achei algumas pérolas como The End, Amongst the Waves e Unthought Known que me levaram a mais uma rodada de play no cd. E foi desse jeito que o Backspacer foi crescendo, crescendo e se tornou um dos grandes de 2009. Juntando influências esquecidas, como Ramones, com as novas experiências de seu vocalista, a trilha sonora do filme Na Natureza Selvagem, o Pearl Jam encontrou o equilíbrio que faltava entre nervosismo, guitarras e rock. Deleite-se com esse ótimo trabalho e pode esperar, em vez de apertar o backspace você vai se pegar apertando o repeat muitas e muitas vezes.


quarta-feira, novembro 04, 2009

em fase de maturação.


o verão está aqui. estou de volta. a cidade parece sorrir, seu cheiro está diferente, sua cor, seus sorrisos. é pra isso que a cidade do Rio vive, para chegar em dezembro e desabotoar as camisas e os paletós e se jogar na bermuda florida do verào.

não somos cosmopolitas. somos cariocas.
E para isso não precisamos falar chiado, ainda que uma grande maioria o faça.
ser carioca é mais, e vai além disso.
não se faz um carioca apenas com sotaque, se faz com alma.
a mesma alma que anda com havaianas no pé, como se calçasse um armani. que não troca o chope no balcão por nada. que ama suas mulheres, e as acha as mais lindas do planeta, ainda que não consiga se aproximar de meia dúzia delas em toda a sua vida. que entende a beleza das frutas empilhadas nas casas de suco,e descobre sabores diferentes a cada estação.

se esconder em um ipod, ipobre, celular ou mp algum número (o último que fiquei sabendo era um 9. mp9). vivem em seu mundo, fugindo da realidade.
por isso me senti um velho, cantarolando e assobiando uma canção, estalando os dedos no caminho entre a minha casa e o supermercado.
As músicas que quero ouvir estão, há muito tempo, e minha cabeça. delas lembro letras, estrofes, refrões, e riffs de guitarra. Isso quando não sou possivel de solfejar todo o solo de guitarra.
eu tenho o meu mpcérebro. e fico feliz com ele.
mesmo porque, o filtro da memória é o único que separa as músicas qe te acompanharão para a eternidade daquelas que tocarão um dia em alguma rádio e cairão no esquecimento.
Ainda que à eternidade possa ser dada uma forcinha com um ipod de, digamos, 160 gigas.
bom, ninguém é de ferro. só o homem.\hum, e não é que já me veio um riff à cabeça.

segunda-feira, novembro 02, 2009

o que ando fazendo nesses dias?
nada demais, na verdade.
ando parado, ando sem pensar em muita coisa, sem me cobrar saber nomes e marcas de câmeras e como cada uma delas funciona.
Ando sem pensar em como captar melhor o som em um ambiente não controlado e com árvores por todos os lados.
Me pego viajando por estradas de terras e indígenas no Paraguay, mesmo que só na minha mente (por enquanto).
Penso em escrever e em criar, propaganda mesmo.
Não adianta, gosto. De verdade. Ainda me arrepio quando penso num conceito que sei que abraça toda a criação. Quando penso num título (dois anos depois, será que ainda usam títulos em anúncios?!), fico feliz. Quando viajo num roteiro de 30 segundos, acho um tesão. Talvez seja a hora de entrar de cabeça nisso, de um jeito que sempre me neguei. E achar tempo para a terapia e para estudar para o mestrado.
É, acho que tenho metas.

Mas continuo baixando discos e querendo ir aos shows.
(últimas aquisições: Weezer - Raditude e Jet - Shanka Rock)

Consegui a segunda parte de CHE. Via SP e camelódromos da vida.
Mas fico com uma pena de ver um filme em que sei que o mocinho morre no final.
mocinho?
fica pra você decidir.