sexta-feira, novembro 30, 2007

Por que eu amo o Shins?
Porque só eles podem fazer uma música como essa.


The Shins - Pink Bullets

I was just bony hands as cold as a winter pole
You held a warm stone out new flowing blood to hold
Oh what a contrast you were
To the brutes in the halls
My timid young fingers held a decent animal.

Over the ramparts you tossed
The scent of your skin and some foreign flowers
Tied to a brick
Sweet as a song
The years have been short but the days were long.

Cool of a temperate breeze from dark skies to wet grass
We fell in a field it seems now a thousand summers passed
When our kite lines first crossed
We tied them into knots
And to finally fly apart
We had to cut them off.

Since then it's been a book you read in reverse
So you understand less as the pages turn
Or a movie so crass
And awkardly cast
That even I could be the star.

I don't look back as much as a rule
And all this way before murder was cool
But your memory is here and I'd like it to stay
Warm light on a winter day.

Over the ramparts you tossed
The scent of your skin and some foreign flowers
Tied to a brick
Sweet as a song
The years have been short but the days go slowly by
Two loose kites falling from the sky
Drawn to the ground and an end to flight.

E se tudo na vida se resumisse a míseras 12 horas.
Sim, 12 horas, o tempo que separa o dia da noite.
O fuso horário entre Brasil e Japão.
O tempo de ir daqui do Brasil para Inglaterra
O tempo de uma noite muito bem dormida.
O tempo entre a vida e a morte se você precisar de oxigênio, em uma nave espacial rumo a Marte.
O tempo que pode roubar um sorriso do seu rosto e, em vez disso, deixar apenas um gosto amargo.
O tempo de ver que tem coisas na vida que não são tão importantes, como se preocupar na quantidade de ãos juntos quando se escreve não, são e tão.
O tempo de se perceber em segundo ou terceiro plano.
O tempo de rever sua importância para o trabalho, para as pessoas, para você mesmo.

12 horas que podem virar sua vida de cabeça para baixo se você comprar uma passagem para outra cidade e viajar.
Se você aceitar, nesse meio tempo, uma proposta de emprego de bem longe.
Se você responder aquele e-mail esquecido no fundo de sua caixa de entrada.
Se você encontrar uma pessoa no elevador e lhe oferecer um bom-dia.
E 12 horas depois, coincidência das coincidências, uma boa-noite.


***

Os egípcios achavam que todo dia o sol morria no oeste. E que durante a noite ele percorria o mundo dos mortos até ressuscitar, 12 horas depois, no leste.
12 horas para morrer e ressuscitar novamente. Todos os dias. Várias vezes.

daqui a 12 horas nascerei de novo.


***

De 00:52 a 12:13 não chegam a passar 12 horas.

Na minha frente, a página em branco. À minha direita o pedido de trabalho.
A barra de espaço agarrando vez ou outra. Já pedi para mudarem meu teclado, mas não se importam. Não preciso mesmo de teclado, para quê? Sou apenas um escritor de anúncios. Espaço quem precisa é criador. Espaço para pensar, espaço para sair do real e buscar do outro lado algo que distraia as pessoas da mensagem de compra. Pra que assim elas comprem. Espaço para sorrir e rir, ato essencial para o ato de criação.

***

Toda criação é um gozo. Nascemos disso, e toda vez que conseguimos criar algo, um pensamento, um raciocínio, um texto, um sentimento, temos prazer.
Vivemos em busca, e para, encontrar o prazer. E ele está lá. Em uma garfada de qualquer prato nunca provado, em um gole de uma nova bebida, na sensação de tocar uma outra pessoa e assim conhecer a sensação de uma pele que não a sua, na troca de informações também conhecida como bate-papo. O prazer também está em dar risadas, abraçar amigos e se sentir querido...

***

O pedido de trabalho parece querer me falar alguma coisa. Ele se apresenta, diz para quem deverá ser o texto, para que público-alvo, para quando e em qual jornal deverá ser publicado o anúncio. OK, pedido de trabalho, agora eu o reconheço. Mas, perdão. Mesmo depois de toda a sua apresentação não sou capaz de dizer muito prazer.

quinta-feira, novembro 29, 2007

LADIES AND GENTLEMEN

we´re floating in space!!!!!!!!!!!!

olha os arquivos aí do lado!!!!!
reencontrei-os perdidos pelo espaço.
São quase 6 anos de blog.
São personalidades múltiplas e divergentes.

Escolhi ficar mais velho.
Fiquei melhor.
Segunda à noite escrevi uma frase num envelope do Banco:
- A vida é feita de saudade.

Parei para pensar e percebi que é isso mesmo.
Temos um caminho pela frente, a seguir, chamado vida.
E a cada dia que passa deixamos sensações pelo caminho, e pessoas e lugares.
Deixamos segundos vividos, nossas idades. A infância, a escola, os avós e sua magia,
a adolescência, o primeiro beijo, o abraço apaixonado da primeira namorada.
Vamos vivendo e deixando para trás dias, meses e anos de saudade.


***
(Num dia normal de melancolia e tédio pós-batida-de-ponto terminaria esse texto aí de cima nesse ponto. Mas como estou em outro clima, vamos adiante.)
***

Mas a saudade é passado. E o passado foi vivido e bem vivido, senão não deixaria saudade.
O grande pulo do gato se dá quando percebemos a importância do passado, das experiências, e sentimos saudades dele, sem nos prendermos ad infinitum ao que passou. Afinal, não dá pra ter saudades do futuro, que ainda não se fez diante de nós. Saudade, não. Mas que tal excitação? Que tal felicidade em poder contar com um futuro, com uma possibilidade? Poder escrever tudo novo, novamente.

entre ler e escrever, sempre preferi o segundo. Mesmo que por linhas tortas.

quarta-feira, novembro 28, 2007

Então hoje posso escrever sobre o que quiser.
Vamos pensar sobre a vida. refletir.
caminhos são feitos para serem trilhados.
Mas nos permitimos seguir por atalhos, sem saber por onde nos levarão.
Muitas vezes o destino final dessa caminhada, via atalhos, é tão diferente do que tínhamos proposto no início, que fica difícil voltar atrás e achar o exato ponto onde nos perdemos.

Meu caminho é como o de Alice, corrido, atrás de coelhos brancos,
fugindo de cortadores de cabeça, dividindo um sorriso com um gato que teima em dormir
na garagem do condomínio e que, se bobear, começa a aparecer dentro de minha casa.
Meu caminho é como o de Dorothy, cheio de amigos sem coração ou coragem, que são perfeitos mesmo assim, e feito com pedras douradas.
Meu caminho é como o de Forrest Gump, repleto de erros e corridas absurdas, só porque tive vontade de correr.

Esse meu caminho vai ter um fim, um dia. Mas até lá, vou tê-lo percorrido com todo o meu coração, atrás de cada pedaço de sonho que teimar em aparecer na minha frente.
Top 5 - músicas para quando você acorda atrasado

The Hives - A.K.A. I.D.I.O.T.
Arctic Monkeys - Brianstorm
White Stripes - Fell in love with a girl
Ramones - Commando
Motorhead - Ace of Spades

Porque todo mundo deveria ter uma loja de discos que abrisse na hora que você quisesse.
Assim como Rob Gordon.
O ser humano.
O ser. O humano.
o que é ser o que é humano?
como ser sem ser humano?
como ser humano sem o ser?
E se...

terça-feira, novembro 27, 2007

''Miedo de perder-te, adiós amor que já me voy, e muito em breve eu parto mesmo... Faz quatro noites que não durmo. Meu coração despedaçado não aguenta mais. Até que a morte me separe e reintegre'

Torquato Neto
top 5 - músicas para começar do zero

Datarock - fa fa fa
Metallica - four horsemen
Foo Fighters - The Pretender
Liars - Plaster Casts of Everything
QOTSA - Sick, Sick, Sick

porque todo Rob Gordon precisa levantar a cabeça e seguir adiante

segunda-feira, novembro 26, 2007



because sometimes is good just to be plain evil

Top 5 - músicas para despedidas

Coldplay - Warning Sign
Los Hermanos - Veja Bem, Meu Bem
Death Cab For Cutie - Your Heart Is An Empty Room
Thom Yorke - Black Swan
Pinback - Boo



Porque todo mundo tem um Rob Gordon dentro de si.

sexta-feira, novembro 09, 2007

apostas para o fim de ano -

Fáceis de achar, fáceis de gostar
We are wolves (se vc gosta de Chikinki, Death From Above)
Gallows (se vc gosta de Refused, Motorhead)
Reverend and the Makers (se vc gosta de Franz Ferdinand, Kasabian)

Dificeis de achar
Alberta Cross
The Brought Low

Fáceis de achar, dificeis de gostar
Vampire Weekend (já foi até parar no Lucio Ribeiro)


quer ouvir isso e muito mais música boa?

Dia 22/11 no Kokeshi, na Rua da Lama.
Taylor, Kalunga e Tco tocando o terror
na molecada.

quinta-feira, novembro 08, 2007

Aqui antes

The Hives - The Black and White Album

Imagine que por alguns minutos você decide fechar os olhos e parar de enxergar. Então um amigo te chama para ouvir um disco que ele acabou de comprar. Você, de olhos ainda fechados, aceita. Ele abre a capinha, retira o cd com o maior cuidado, coloca-o no som e dá o play. Com 20 segundos de audição, seus olhos não só já estão abertos como você também está gritando e pulando de um lado para o outro, junto com o seu amigo. Sem dúvida é um disco novo do Hives.

Sejam bem-vindos, diz Tick Tick Boom, a primeira faixa a vazar na internet, e que abre o quarto disco de estúdio do quinteto sueco: The Black and White Album. Bem-vindos e preparem os terninhos de corte reto, parece dizer a música, enquanto você acompanha o mostrador digital passa do 1 para o 2. Você já pulou do 110 para o 220, acompanhando a energia que só Howlin' Pelle Almqvist, seu irmão, Nicholaus Arson e cia. conseguem imprimir em cada uma de suas músicas. Está no DNA do Hives: Rock garageiro, rápido, com muita melodia e uma baita mão para encontrar e destacar aqueles detalhes que transformam uma música comum em uma que você não consegue tirar da cabeça.
A segunda música, assim como a terceira, mantém a pegada e tiram o fôlego de qualquer ser humano normal. Aí temos um espaço para respirar, para uma troca de marchas na quarta faixa e o pé volta a pesar em cima do acelerador. Hives com tudo em “Hey Little World”, “Square One Here I Come”, “It Won't Be Long” e “Bigger Hole To Fill”. Estas duas últimas, capazes de tocar em qualquer rádio com um gosto um pouco mais refinado. Até quando fazem algo diferente, totalmente fora de sua praia, como em “T.H.E.H.I.V.E.S.” e “Giddy Up”, os caras conseguem acertar. Afinal, não podemos perdoar um erro em apenas 14 faixas e pouco mais de 45 minutos. O Hives não precisa se alongar muito para passar, bem, seu recado. E não se assustem: a taquicardia ao final da audição é normal. Um preço justo, digamos assim, por ouvir mais uma grande disco de rock

terça-feira, novembro 06, 2007

tenho o péssimo hábito de não revisar meus textos.
então perdoem qualquer erro no daí debaixo.
Maria e não Maria

Maria era uma menina normal. Tinha seus 20 e poucos anos, como na música de Fábio Jr. E apesar da pouca idade, já havia sentido mais, muito mais, do que qualquer pessoa de sua idade. A Maria, essa que está sentada atrás da mesa, pensando na vida, já era mãe de um menino de 4 anos. Ou pelo menos seria mãe de um menino com essa idade, se aquele outro carro, dirigido por um motorista bêbado não tivesse invadido a contramão e atingido em cheio o carro de seu marido. Seria se, em vez de colocar o garoto no banco da frente para fazer uma graça com ele, seu marido o tivesse colocado, como manda o figurino, na cadeirinha. Seria se, em vez de pedir para seu marido ir buscar seu garoto na escolinha, ela própria tivesse ido.

Faz cinco meses, mais ou menos. Para Maria foi ontem. E hoje, ela não existe mais.
Em cima da mesa, está um pequeno bolo, com 4 velas acesas. Maria não tem forças nem fôlego para apagá-las. Elas se consomem rapidamente, manchando o glacê branco do bolo de coco, o preferido de Maurício, seu filho, com gotas azuis de cera de vela derretida.

Lá fora o tempo está nublado. Assim como Maria, por dentro. As velas se apagam. Morrem, ao fim. Morrem enfim. Maria se levanta e anda em direção à janela, a tempo de ver as primeiras gotas da chuva que se anunciava atingirem o chão quente da rua, um pouco movimentada, que ficava em frente ao velho prédio, onde morava. A água caia do céu com força, assim como escorria do rosto de Maria.

Um senhor, careca, tenta se proteger da chuva com o jornal. Uma mãe dá a mão para sua filha e correm para debaixo de uma marquise. Um moleque olha para cima, recebendo aquelas gotas no rosto de braços abertos, como se fossem uma dádiva divina. Talvez sejam mesmo. Poucos os que conseguem entender e enxergar a beleza nas coisas mais simples da vida. Maria pensa nisso e vê em sua mente, os dias que seu filho fazia pirraça se recusando a comer, rindo dela. Ela se lembra de Maurício comendo brigadeiro nas festinhas dos amigos, como deve ter comido horas antes, minutos antes do acidente. O sorriso dele aparece entre outras lembranças banais, daquelas que sempre deixamos passar sem dar importância, mas que no fim das contas são as que mais contam sobre nossa vida, nossa rotina. A rotina que, para Maria, praticamente deixou de existir.

A cama de Maurício ainda estava feita. Sua roupa continuava passada, guardada no armarinho dele. E assim continuariam por tanto tempo quanto Maria quisesse. O café da manhã já não era mais preparado, a mesa deixou de ser posta. A poeira acabava se acumulando nos cantos da casa. “Pra que limpar?”, pensava Maria. Se pudesse, ela colocaria a chuva que cai forte dentro de sua casa para lavar e levar tudo de lá. As lembranças, a cama arrumada de Maurício, o seu vazio, a sua saudade.

Maria se levanta e, passo após passo, chega à geladeira. Um copo se enche de água e, pesadamente, ela coloca sua cadeira de frente para a janela. Maria se senta e olha para fora. Levanta o copo e o coloca, cheio de água, em frente a sua visão. Embaçado, tudo parece ter menos efeito sobre ela. A chuva, a janela, sua casa. Com poucos goles, o copo inteiro vai corpo adentro. A visão de Maria continua embaçada. Culpa das lágrimas, provavelmente. Seu corpo pesa, sua mente divaga. Agora Maria já sente sono. Um sono bom, que parece abraçá-la, pronto para levar sua vida em direção à paz. Não há porque lutar. Maria se deita no chão, próxima à janela. Tenta encontrar, em seus últimos olhares, o bolo. Ele está em cima da mesa, aceso. As quatro velas queimam. Maurício está feliz. Todos terminam de cantar parabéns e Maurício apaga as velas. Maria faz questão de abraçar e beijar seu filho. Sentir seu cheiro. Como é bom poder reencontrar quem se ama. Se soubesse que seria bom assim, Maria com certeza teria tomado todos aqueles remédios de uma só vez muito antes. Mas a espera valeu a pena. Pelo menos para Maria que agora não precisa mais se preocupar em ter que dormir sozinha, numa casa antes sempre cheia de vida.