sexta-feira, novembro 30, 2007

Na minha frente, a página em branco. À minha direita o pedido de trabalho.
A barra de espaço agarrando vez ou outra. Já pedi para mudarem meu teclado, mas não se importam. Não preciso mesmo de teclado, para quê? Sou apenas um escritor de anúncios. Espaço quem precisa é criador. Espaço para pensar, espaço para sair do real e buscar do outro lado algo que distraia as pessoas da mensagem de compra. Pra que assim elas comprem. Espaço para sorrir e rir, ato essencial para o ato de criação.

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Toda criação é um gozo. Nascemos disso, e toda vez que conseguimos criar algo, um pensamento, um raciocínio, um texto, um sentimento, temos prazer.
Vivemos em busca, e para, encontrar o prazer. E ele está lá. Em uma garfada de qualquer prato nunca provado, em um gole de uma nova bebida, na sensação de tocar uma outra pessoa e assim conhecer a sensação de uma pele que não a sua, na troca de informações também conhecida como bate-papo. O prazer também está em dar risadas, abraçar amigos e se sentir querido...

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O pedido de trabalho parece querer me falar alguma coisa. Ele se apresenta, diz para quem deverá ser o texto, para que público-alvo, para quando e em qual jornal deverá ser publicado o anúncio. OK, pedido de trabalho, agora eu o reconheço. Mas, perdão. Mesmo depois de toda a sua apresentação não sou capaz de dizer muito prazer.

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