terça-feira, janeiro 31, 2012

"E assim prosseguimos, botes contra a corrente, impelidos incessantemente para o passado."

O Grande Gatsby; F. Scott Fitzgerald


Essa deve ser umas das frases mais citadas na internê.
Pudera, carrega em si muitas das nossas fraquezas e angústias.
Quem nunca soube, ou melhor, teve certeza de que o melhor já passou?
De que, daqui para a frente, tudo o que o destino trouxer vai ser um arremedo de sentimentos, emoções,
uma cópia inferior do que já vivemos?

Pensar na vitalidade dos 15, dos 20, dos 25 anos, com a mentalidade dos 35, 40, 45 é opressor.
O peso das escolhas esmagam o passado, como se fossemos fugitivos, atravessando portas à medida
que um andar se desfaz atrás de nossos passos.
No point of return.
Sem voltas, sem reviravoltas.
Escrito, selado.

O que resta é caminhar. Seguir.
Esquecer os remos e deixar a correnteza levar.


***

Fala-se de amores. Amores imperfeitos, skankeando a frase.
Ainda assim, perfeitos encobertos ao véu do tempo.
Dilacerador de realidades.
Tomo um exemplar que discorre sobre futuro. Internet. Cibercultura.
Sou, então, tragado por um redemoinho que me força a voar.
Necessidade de olhar, observar, experimentar, sentir a realidade que teimar em não se realizar.

O futuro é agora.
E o passado? Aquele para o qual sempre voltamos nosso pensamento?
Como conciliar a necessidade de futuro, com o presente preso ao passado?

Deixo para vocês a pergunta para a qual, segundo após segundo, tento encontrar a resposta.

quinta-feira, janeiro 26, 2012

Da queda

Hoje o Rio acordou meio amuado. Ou, poderia dizer, ainda não acordou. O pesadelo é real, apesar de parecer tão distante. Possível apenas do lado de lá da tela.

Nos rostos das pessoas indo cedo para o trabalho dá para perceber que há uma ruga a mais, de tristeza. A cidade está de luto. Quieta. Impassível.

Impossível evitar que os pensamentos parem ali na 13 de maio, um ponto antes do que o devido. Para uma olhada, tentar entender o como e o porquê.

O silêncio, respeitoso, mantido por todo o trajeto. Como uma prece sem palavras pela cidade, pelos parentes e, quem sabe, já que ainda não se sabe, pelas possíveis vítimas.

O Rio ainda não acordou, mas já sabe que esse é um sonho do qual não quer se lembrar.

terça-feira, janeiro 24, 2012

Opa...
mais um pra lista


09/03 - Morrisey - Fundição Progresso

vamos ver se os sites de venda de ingressos
me ajudam a assistir este show.

quinta-feira, janeiro 19, 2012

Pra quem não sabe, entrei numa onda de leitura.
Desde o início do ano já li dois livros e comecei o terceiro ontem,
chamado O Grande Gatsby.

Daí que escrevi um textinho e gostaria de dividi-lo com você:

Ler o livro do Fritzgerald é como comer uma pizza de calabresa.
Você come o todo, a massa com queijo e molho de tomate,
mas o momento que espera é aquele pedacinho crocante de calabresa bem salgadinho.
Aquele que faz tudo valer a pena. O telefonema pra pizzaria, o preenchimento do cheque, a espera...

Ele escreve bem, o livro anda legal, e até aí tudo normal.
Mas no meio de um capítulo você se depara com uma frase que é simplesmente maravilhosa.
Te faz parar de ler e pensar.
Como uma calabresa, numa fatia de pizza de calabresa.

as calabresas do fritzgerald.


ERRATA: onde lê-se fritzgerald ler Fitzgerald

segunda-feira, janeiro 16, 2012

Atualizada!!!!!

27/01 - The Rapture + Breakbot
03/02 - Mayer Hawthorne
Estarei em São Paulo. Não, não me pergunte muito sobre isso...
17/03 - Happy Mondays, Circo Voador
22/04 - Anthrax + Misfits
04/05 - Tune-Yards, Teatro Odisséia
26/05 - Los Hermanos, Fundição Progresso
27/05 - Los Hermanos, Fundição Progresso
SOLD OUT
03/06 - Los Hermanos. Eis que surgem mais duas datas!!!!
set/out - SWU

quarta-feira, janeiro 11, 2012

Preciso eternizar aqui o meu embasbaque com Admirável Mundo Novo, do Huxley.
O terceiro capítulo, em especial, é de uma genialidade ímpar.
E pensar que o cara fez isso antes, muito antes das mudernidades literárias.
Para quem não sabe, há três cenas acontecendo ao mesmo tempo, em cortes abruptos.
No fim, temos uma linha de cada uma, num crescendo de urgência absurdo.
É de fechar o livro e recuperar o fôlego.

Só isso já me valeu todos os livros que lerei este ano.
E o ano promete.

terça-feira, janeiro 10, 2012

Dos primórdios da internet,
quando ainda conversávamos em chats,
quando o Terra ainda era ZAZ e tínhamos que pagar para usar um e-mail,
baixar músicas era um negócio complicado.
É por isso que tenho um carinho especial pelas bandas que ouvia naquela época.
Época que volta até 1996,1997, 1999 no máximo.

Uma delas, que me marcou, tanto que lembro até hoje dela foi a
Orchards & Vines. Baixei umas músicas e ouvia até cansar.
Poucas músicas, umas duas ou quatro.

Daí que catei o disco deles hoje, onde tudo parece estar ali à mão.
Pois é, parece.
Esse disco tem UM, isso mesmo UM à venda na Amazon.com, por estranhos 47 dólares.
E nada, eu disse, NADA nos blogs, rapidshares ou mediafires da vida.
No Torrent procurarei mais tarde.

Então, se você tiver pego este disco ou baixado e quiser me passar um link,
uma fita casete ou mesmo um cdzinho gravado, aceitarei de bom gosto.


1. Tomorrow's Yesterday
2. Across The Waters
3. Violet
4. Breathing
5. My Own Sky
6. Ever Dream of Moonlight
7. Drifting
8. In The Darkness
9. Storm
10. Song of the Selkie
11. Dolphin Song
12. Sunergy
13. Turtle Bliss


Dessas, poucas eu ouvi.
Quem diria...

segunda-feira, janeiro 09, 2012

O Proustituto

O apartamento era simples, dois cômodos. Quarto, sala, outro quarto. Ele nunca descobriu qual o propósito do segundo quarto, com uma cama de solteiro, mas mais para frente acabaria achando uma ocupação para o cômodo. O outro quarto, o principal, a suíte, tinha uma cama de casal com o lençol sempre desarrumado. Jornais colados na janela serviam de blecaute. Na mesa de cabeceira um aparelho de som e um despertador quebrado. Na estante, uma pilha de livros deitados acumulava poeira. A não ser um, limpo e de pé, separado dos outros. Como um troféu que merecesse ser adorado, aquele livro de capa azul ficava em destaque.

Na sala, nada que pudesse chamar a atenção. Sofá, TV de tubo, carpete e uma pequena mesa de jantar, para quatro pessoas, não mais. Apesar disso, só o mesmo amigo de sempre é que aparecia, do nada, nos finais de semana em busca de um almoço requentado ou de uma conversa fresca. O assunto não diferia muito: cinema, mulheres e, às vésperas das férias de um ou outro, viagens.

Em um dia de strogonoff de frango com batatas assadas em papel alumínio, o amigo lembrou que uma menina tinha perguntado quem era aquele sujeito de camisa de botão que tinha estado no bar com ele. Não é necessário dizer que o tal sujeito era ele mesmo.

- Mas que menina é essa? Como ela é?

- Se lembra que cumprimentei uma garota numa mesa, logo que a gente chegou? A namorado do Vlad?

- Hum...

- Então. Ela estava nessa mesa e, depois, perguntou pra ela quem era você. Eu não acreditei, claro. Mas ela me passou o telefone e pediu pr´eu te entregar.

O almoço acabou ficando meio sem sal e a cabeça, bom, perdida em inúteis tentativas de roteirizar a ligação, do primeiro alô até o momento em que, depois de gozar, caía pro lado, cansado e suado, ela abraçada a ele, ainda quente e vermelha. A ligação demorou a acontecer, mas depois de umas duas semanas, tomou coragem. Marcaram um sanduíche natural numa loja nova, perto de sua casa. Aproveitou a ocasião para cortar o cabelo, ajeitar a pequena barba que teimava em não crescer e usar, como na primeira vez que o vira, a camisa de botão.

Mordidas e sucos depois, entram no pequeno apartamento. O porteiro, de soslaio, sacou a presença da quinta mulher diferente em menos de dois meses. Sabia que no dia seguinte iam acabar se encontrando e que ouviria uma piadinha do tipo “Outra, hein Seu Davi?”. No AP ficaram de papo no sofá. Falaram de cinema, marcaram uma sessão de DVD qualquer dia desses, pode ser aqui em casa mesmo, você até pode escolher o filme. Ah, quero ver aquele da filha do Copolla. Tudo bem. Gosto muito dela. Quer beber algo? Tenho uma ice na geladeira.

Sempre tinha. Era assim que começava. Ou acabava, dependendo da situação. Duas, três.

- Ah, deixa eu te mostrar uma coisa que adoro! Tá lá no quarto.

Os dois, entorpecidos, sentam na cama. Ele vai até a estante, pega o livro de capa azul, como um troféu. Com as duas mãos, oferece a ela o volume.

- Nunca ouvi falar. É bom?

- Não vou nem te responder. Vou ler um pedacinho para você. É um pouco longo, acho que umas cinco ou seis páginas. Tá até marcado, amo essa parte. Você vai ver só. É a melhor descrição que uma memória pode ter, um monte de páginas para falar de uma madaleine com chá.

- É tipo um bolinho, um doce francês. Coisa fina.

E lá foi ele, página após página. Ao fim, derramava uma lágrima planejada.

- Desculpa. É que me lembro da minha avó.


Um abraço. Um beijo. Outro beijo. A gozada e a queda para o lado, suado, ela a abraçá-lo. Os dois adormecem. Ele a acorda perto da manhã. Ela entende o recado. Pega suas coisas, ajeita o cabelo, passa o blush e vai até a garagem, onde parou seu carro. Ele a acompanha, de pijama e chinelo, e se despede com um beijo frio no rosto. Sobe os 12 andares até seu apartamento, o pequeno apartamento. Entra devagar, tira o chinelo. Bebe um copo de água e vai até o quarto. Na penumbra do amanhecer, conseguiu decifrar os contornos do volume, em meio aos lençóis e travesseiros. Pegou com carinho o livro, beijou o nome do autor, escrito em negrito, logo acima do título, Marcel Proust. Foi até a estante e passou a mão com carinho sobre o canto onde o livro estava. Em seguida passou a mão sobre a capa e ajeitou o Caminho de Swann na estante. Em pé, como um troféu. E foi dormir.







A prisão

Vezemquando dá uma vontade danada de escrever. Sento a bunda, ligo o computador, preparo a cabeça e...

Abro o navegador, o browser, o chrome, ou como você costuma chamar a janela que te leva direto para a internet. De lá, fica difícil sair. O que seria escrito se perde, a cabeça se esvazia (oficina do diabo), as imagens descritas perdem lugar e entra em cena o loop mortal do pensamento. Clica aqui, clica ali. Lê um pouco aqui: olha que interessante, clica acolá e vá mais adiante. Lê mais um pouco, vê fotos, sorri. Entra em uma das milhares de páginas que mostra o que geral tá fazendo ou pensando. E o que me interessa saber o que fulaninho comeu no almoço ou pior, que sicraninho está no dentista?

Interessar, não interessa. Mas e o sair, o vagar, o flanar por vidas e realidades distintas? O se sentir parte de um mundo idiossincrático, sem mexer um músculo da cintura para baixo (não contam as pernas nervosas que balançam sem parar)? Isso deve valer a pena. Algo deve valer a pena. Por que, catzo, então, nos colocaríamos felizes em uma forma de exílio auto-imposto?

Não ao pensamento linear. Não às frases completas e orações subordinadas. Não aos subgêneros da literatura contemporânea.

Clique aqui. Clique ali. Clique acolá. Se perca. Se prenda. Onde estava, afinal? Ah, sim. Fotos das gêmeas de biquíni. Cachorros fofos e frases escritas erradas em desenhos desenhados errados. Tudo de propósito. Crianças chorando ou cantando ou dançando em milhões de hits. Não, não era isso. Era aqui. Estava aqui, no texto. Escrevendo. Preciso organizar as minhas ideias. Colocá-las para fora, fechar o browser, Bowser, chrome ou como você chama a janelinha para o mundo. A tal janelinha que parece aberta vendo de lá para cá, mas que de cá para lá parece cheia de barras, encarceradas. Cárcere de ideias. Cárcere das palavras.

Aperta o X. Fecha. Alt F4.

Pronto. Acabou. Fechar aqui é abrir, começar, reiniciar. Já sinto o cérebro respirar aliviado. Onde é que estava, afinal, pergunto novamente? Não sei. Não me lembro. Vou desistir. Ficar por aqui. E já que não sei sobre o que vou escrever mesmo, porque não dar um olhada na internet? IE, Firefox ou Chrome, dois cliques e...


sexta-feira, janeiro 06, 2012

Hoje no metrô, capengando de uma perna, li uma frase do Proust.

Toda vez que leio uma frase do Proust, daquelas que acertam em cheio, sinto ter me aproximado um pouco mais de Deus. Dá um arrepio por todo o corpo e uma vontade absurda e intensa de chorar, ainda que de alegria.

quinta-feira, janeiro 05, 2012

rascunho de 05/01/12 - publicado sem ler, hoje.

Tô jogando na loteria.
Nunca fui disso, mas a verdade é que o que ganho
e devo ganhar até o fim de meus dias profissionais
não me sustentará na velhice.
Se chegar a tê-la.

Ou então, é uma forma de tentar jogar um sal e pimenta
na vida meio suflê de chuchu que ando levando.
Uma reviravolta que dê uma lufada de ar novo e não viciado.
Um transformador de rotinas, um catalisador de momentos.

Bom, esquece isso.
Loteria não é pra mim, nunca foi.
Sinto-me um otário apostando 5, 10 reais por semana
e não recebendo nada em troca.
Nem o prazer de conferir os números, muito menos a satisfação
do sonhador de véspera que refaz toda a vida na cabeça,
criando, com milhões de reais na conta bancária, uma rota diferente.

Se eu ganhasse na loteria...
Eu não ganharei e a partir deste momento, deixo de jogar também.
Prefiro comprar um cigarro a varejo. E olhem que não fumo.

Mudo de lado.

Stalker, o que é você?
você é. Stalker.
Sabe o que é?
vigiar, sem punir.
estar lá, mesmo quando não está.
Ao lado, ao longe, olhando.
Espiando.
big brodeando a vida alheia, exposta não por câmeras,
mas por teclas e stills da vida privada.
E tentando descobrir, via entrelinhas, o que de verdade se quer dizer.
Quando na verdade não há nada a dizer, muito menos a se interpretar.


Uma das coisas que mais me angustia é a felicidade alheia.
Não que todos sejam proibidos de ser feliz, mas que me permitam a distância de minha melancolia.
É nessas horas que questões se apresentam, julgando a felicidade de todos. Merecida?
Por que não eu, afinal?
Queria uma vida mais fácil, mais Mulheres Ricas (programa da Band - para que eu me lembre ao reler isso, daqui a mais 10 anos).

Fico tentando entender onde peguei o caminho errado, onde virei sem poder virar.
A reta virou um 360, onde giro sem sair do lugar.
tudo isso para, daqui a pouco, entreter você que isso lê.
Afinal, que delícia, estou pior que você, não?


Uopa!!!
Boa tarde meu querido espaço para pensamentos absurdos.

E um feliz 2012!!!
Agora, com dez anos de verdade completados, hein?!
Espacinho velho de guerra. Cheio de malemolência.
Cheio de miserês e chororôs.

Eu voltei, voltei para ficar.
por caqui, caqui é meu lugar.

Então vamos às favas contadas?