quinta-feira, abril 08, 2010

No jornal falava "Ondas de 5 metros".
Saindo pro trabalho resolvi ir dar uma olhada, conferir o tamanho do mar.
Para isso, é bom lembrar, ando uma quadra. Lá tem um ponto de ônibus que passa em frente ao trabalho. O vento que batia era frio. E forte. As ondas quebravam e sua espuma viajava pelo ar, como um champanhe aberto depois de sacudido. O mar estava tão bagunçado que não dava bem para saber quando começava uma onda ou quando terminava outra.
Não vi ondas de 5 metros. Devo ter visto uma de dois, se tanto.
Peguei o ônibus e vim para o Centro do Rio, via orla. Leblon, Ipanema, Arpoador, ué, cadê a faixa de areia do Arpoador?, Copacabana...
Em Copa, turistas fotografavam a falta de sol. E as ondas quebravam, lambendo tudo e molhando tênis e meias desprevenidas que cismavam em andar por sobre a areia. Água no asfalto, areia na ciclovia, lama nas calçadas.

Ressaca.


Tempo para o ônibus que para no ponto e segue adiante, um pouco mais vazio. E na cabeça ideias a mil, pulando de neurônio em neurônio, me fazendo pensar. Uma cidade com praia merece, precisa ter seu momento de ressaca. É necessário. O mar está ali, mas não é seu, não é propriedade de ninguém, a não ser dele mesmo.
A ressaca do mar, as ondas grandes e assustadoras nos fazem querer gritar, lutar, enfrentar. Triste da cidade onde o mar é marasmo. Nela tudo acontece do jeito que não deve ser. A vida é levada sem as indas e vindas das ondas, sem a dinâmica física das marés. Lá é tudo parado, até as pessoas.

Olhar para o mar em plena ressaca nos mostra que é preciso viver. Sair por aí atrás de ondas de 5 metros de altura. Mesmo que seja para no fim não ver nenhuma.

Um comentário:

Anônimo disse...

bonito post, lui.


abrá.
luciana