sexta-feira, setembro 11, 2009

Aos poucos vai saindo o diário da viagem ao Paraguay.
o problema é digitar tudo o que já está escrito no caderno. Mas enfim, um pedaço já escrevi.

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Se sábado se tornou quase que inesquecível, por causa do show do Friendly Fires, maravilhosos e totalmente em forma, o mesmo não pode se dizer do domingo que o seguiu. Acordei perto da uma da tarde, meio destruído de duas noites seguidas de shows e bebida. Como havia me programado para sair daqui do Rio rumo a Jacareí, hometown do brother Elton, às 9 da matina, me senti meio perdido. E aí, e agora? Me lembrei do ônibus das 3 da tarde. É nesse que vou, ok, tenho tempo e tudo mais. Arrumei as coisas, naquela velocidade de olhos de ressaca, como diria Machado, e almocei, numa nice. Porra, são quase duas e meia, hora de sair!!!! Mais do que hora de sair, atrasei-me. Se perco o ônibus das 3, não sei o que fazer. Talvez ficar, tenho medo mesmo do que pode me esperar. Beber água da chuva? Que porra é essa... Dormir em campo, no meio do mato, sem banho por muitos dias? Lugar onde cada um escreve as próprias leis? Coisas que estavam em um e-mail que recebemos que me deixou cabreiro. As 2 e 56 cheguei na rodoviária do Rio, correndo, esbaforido, 33 reais mais pobre, dos 300 que peguei do banco emprestado (eu e os empréstimos de ultima hora urgentes do banco...). sessenta reais mais pobre depois de comprar a passagem, chego as 3 em ponto dentro do ônibus. Desce a adrenalina. Desce a poeira, que só voltaria a subir, e bota subir nisso, no Paraguay. Pego o caderno, a lapiseira e começo mais um diário de viagem.

16/08/09 – 15:00 – ônibus da Viação Sampaio - Rio x Jacareí
O reencontro

Começa mais uma aventura embalada a correria e ressaca. Na hora que saí de casa, dificilmente seria possível chegar a tempo na rodoviária, comprar a passagem e embarcar. Mas embarquei. E agora sigo viagem, rumo a Jacareí e depois, ao desconhecido.
No caminho que me mostra o Rio que ainda não tive a felicidade de conhecer, desmascaro pedaços de um estado que não o tempo e a distancia ainda não me deram a oportunidade de conhecer. Vilar do Teles, Parada de Lucas e Meriti, conforme o ônibus avança. É assim que vou conhecendo o Rio. De uma janela de vidro, com o ar condicionando tosses e espirros.

É incrível a facilidade que a estrada tem em me acalmar. O silencio, só quebrado pelo ruído do motor e do encontro da borracha com o asfalto, a paisagem nova, o balançar... tudo parece fazer parte de mim, da vontade de estar em tudo.


17/08/09 – 13:34 – Hora Local (traduzido do idioma universalmente desconhecido para o Portunhol Selvagem)
Ahora nos quedamos em Asuncion. Hablo español. A viagem foi tranqüila e descobri que estamos milionários. Literalmente. A idéia de cambiar 500 dolares daria um valor de mais de 2 milhoes de guaranis. La ciudad es muy bonita e los carros importados, grandiosos. Fizemos o cambio e fomos almoçar. Paramos em um shopping. A vontade de entrar nas lojas e brincar com a facilidade dos milhões deve ser contida. Tenis, eletrônicos, roupas, perfumes.


Diñero


Comemos uma milanesa (a partir de agora uma companheira fiel da viagem). Não soube pedir o que queria, mas veio assim mesmo. O problema é que o almoço aqui é uma carne e um acompanhamento. Purê de batatas. Pedi “papas” e adelante fue. A quantidade de shoppings, os cassinos e as concessionárias me fizeram pensar: aqui deve haver grana. Talvez um eldorado a ser encontrado. En portuñol. As bandeiras do Paraguay se multiplicam por toda a cidade. O transito é de dar medo, tal o caos. Aqui sim se dirige mal. Agora distanciado do calor do momento e tendo passado mais uns dias em Asuncion, me comprometo em nunca mais dizer que farei uma baianada no transito. From now on, farei uma paraguayada. Ou uma paraguaya, nome mais curto e bonitinho para minhas pequenas infrações de transito.

Ainda em Asuncion, pegamos um friozinho gostoso. 12 graus. Na estrada um pouco de lluvia. Me quedei a pensar: porque nosotros somos os únicos que não hablamos spañol em toda a sudamerica? Assim poderia viajar por la Latinoamerica entendiendo todo e pedindo, certo, o purê de batatas.

Pegamos o ônibus para Filadélfia, capital de Boqueron, o Estado, aqui llamado Departamiento. Agora, em direção ao Chaco. Como antes, pegamos a mesma direção: centro hasta el norte. Porém, agora, em um país diferente. Asuncion x Chaco.
No omnibus da Viaçao Nasa com tecnologia puramente paraguaia. Mas espere um momento, e aquele cartelle escrito “Deus é meu pastor e nada me faltará” em Português?
Sim senhor. A tecnologia é puramente brasileira. Não podemos nos queixar do Paraguay. Nossos ônibus vem para cá, curtir a aposentadoria. Tosses e espirros dos mais diversos calibres se fazem presente durante toda a viagem, no ônibus que vai com todas as janelas travadas e sem ar-condicionado. Pronto, gripei.




Viação NASA




Em Filadelfia, Hotel Florida. Fomos recebidos pelas pessoas da Iniciativa Amotocodie (link). Conversamos rapidamente, nos apresentamos, pegamos a llave da habitacion 104 e deixamos as coisas. Volvemos para o jantar, no Hotel mesmo, com las personas de la iniciativa. Beno, Jing, Marcos e Miguel Junior. Nos apresetamos, dissemos o que faríamos durante a viagem, nos deixamos completamente a disposição deles para qualquer coisa que pudessem precisar. Eles pareceram gostar de nosso primeiro contato e colocam muita esperança em nosso trabajo. Tenemos que hacer bonito. Comemos uma pizza, ok, 3 pizzas (para 6 personas). Bebemos a Baviera Premium. Cerveja de primeira qualidade no Paraguay. Depois da Brahma made in paraguay que probamos na hora del almuerzo, a Baviera puxava el sabor bem para a lager, com a suavidade de uma pilsen. Como se fosse possível fazer uma Heineken com cara de Skol. Na TV, filmes dublados no TCM e na TNT. Classes de spañol de graça. Na ESPN, o noticiário argentino. Apresentacoes de jogadores e preparativos para as partidas da Nissan Sudamericana. A temporada começa agora para eles.




HOTEL FLORIDA



BAVIERA PREMIUM



Para entender essa parte do Paraguay, procurem entender os Menonitas.


18/08. Filadelfia, Oficina da Iniciativa Amotocodie.
Hoy tiramos o dia para hablar con las personas que irão na viagem com nosotros. Coñecemos na oficina da IA, las tres chicas que ayudan no trabajo de logística local. Liz, Sonia e Silvia. Buenas personas, totalmiente na delas. Hablamos com Manu e Marcos, dos hermanos que nos acompañarão. Despues llegaran los indígenas del pueblo Ayoreo: Duide, Mateo e Aquino. Mateo é o anciano, presidente de la UNAP (link). Aquino és um ex-presidente da UNAP e esta envolvido con los projectos de lo pueblo Ayoreo. Duide és otro anciano que poço habla español. Se comunica com los otros em Ayoreo mismo. Despues llego Carlos, que veio de outra comunidade Ayoreo. Hicemos algunas tomas de la preparacion, de las camionetas e das personas hablando nuestros objectivos e direcciones en esta viagem. Tudo pronto, volvemos Al hotel. Fizemos as malas, as menores possíveis, com o mínimo de coisas necessárias. Passamos en el super e compramos dos cantis e dos lantiernas. Elas se mostrariam muy buenas e necessárias despues, mas tarde en La viagem.




Os Ayoreo


19/08 – Filadelfia, PY.

Anotações para futura entrevista.
O que es el chaco. Zona de transicion, com terreno muy arenoso, el Chaco Central. La situacion de la água, mucho polvo.

Anotações do portuñol –
Polvo = pó
Pollo = frango
Pueblo = cidadezinha, povoado.

Salimos de Filadelfia muy tremprano. Comemos o desayuno no hotel mesmo. A estrada é toda de terra, muito esburacada. Hablamos portunhol todo lo tiempo. Elles se gustan de musica brasilera. Colocamos gasolina em uma birosca no meio da estrada. Bebemos refrigerante, a nosso último luxo permitido. Seguimos viagem e começamos o trabalho de monitoreo, que consiste em manter contato com as pessoas das estâncias, monitorando seus desmatamentos (desmontes) e catalogando quem são as pessoas que la trabalham, quem são os proprietários (dueños) e explicarmos como fazer caso haja contato ou como identificar as señales de presencia de los aislados voluntários. Filmamos belas tomas. Mas o mais importante é documentar toda a conversa entre a equipe Amotocodie e as pessoas. Paramos para almoçar na sede do Parque Nacional Defensores Del Chaco, na entrada do Chaco Paraguayo. Árvores típicas como o Palo Santo e o Palo Borracho estavam identificadas lá. Me lembrei do Paulinho, o Paulo Borracho, famoso mindingo boca mole da jurubeba. Mais estrada, mais polvo/talco (poeira, pó), e chegamos a Água Dulce. Um posto militar. No início pediram informações, mas quando mostramos ser da IA, se mostraram bem hospitaleiros. Essa estação militar é no meio da estrada, e os militares que pra lá vão, ficam basicamente sem contato com o mundo por alguns meses. No começo são assim, durões. Mas com o tempo, vão percebendo que estão jogados ali, esquecidos quase, e começam a ficar mais desleixados. Esses tinham acabado de chegar, mas ofereceram a estação para nos quedarmos, caso quiséssemos.



Posto de gasolina



Defensor del Chaco



Palo Borracho




Posto Militar

4 comentários:

Anônimo disse...

...pelo menos deve ter achado útil o presente de grego que te dei: dicionário de guarani! rsss

Anônimo disse...

ainda tenho todos os presentes de grego que ganhei.

Kalunga disse...

posta mais!

Taylor disse...

seu pedido é uma ordem