segunda-feira, dezembro 17, 2007

Toca o telefone.
Do lado de lá vem uma voz triste, abatida.

O que aconteceu? o que foi?

Nada, nunca é nada. A gente vai levando a vida,
vai deixando as coisas acontecerem e quando vê,
fica assim. Com essa vozinha...

Então, entre sustos e sobressaltos, uma frase é dita.
Ele sabe que ela é importante e cheia de significação.
Um bom-dia ou, uma boa-noite.
Pode ser o sinal, a frase que espera ansioso por tanto tempo.

O barulho ao seu lado é infernal. Toca o telefone, as pessoas não sabem se
controlar e riem frequentemente, suas risadas de hienas famintas,
pessoas rindo dele, de sua vontade de entender, de conseguir descobrir em
meio às palavras ditas aquelas que tanto procura.

Repete, por favor, não deu pra ouvir.
É sempre assim.

Não conseguindo entender de novo, ele se dá por vencido e desiste.
ok, deixa. Passou. Não dá. O telefone corta a chamada abruptamente.
Só há o tempo para desejar um beijo.
Que não virá.

Ele desliga o telefone e se vira, encarando a turba.
Agora, quando apenas o caos é necessário, há ordem.
Há silêncio. Mas não paz.

Nesse caso, nesse telefone, nessa vida, nunca haverá paz.

**

Em outro mundo, a vida continuou e eles foram felizes para sempre.
Uma pena esse mundo ser de fantasia,
assim como cercas brancas e amores perfeitos.

Nenhum comentário: