Podem parar.
Eu parei.
Escuto, faz tempo, o último trabalho do Skank. Comprei, como disse que iria comprar, por 10 reais nas Americanas. E com o tempo, fui descobrindo, reparando, garimpando detalhes e então, matando as letras, uma por uma.
Devo dizer que os caras, se esmeraram e criaram alguns dos versos mais bonitos do rock nacional em muito tempo. Nem Los Hermanos chega perto. MESMO!
Por isso, vou lotar isso aqui com letras desse disco. Leiam e ouçam, se quiserem as músicas em Streaming no site oficial deles:
www.skank.com.br
ATÉ O AMOR VIRAR POEIRA
Quem te disse que eu não mereço
Uma pobre migalha de atenção
Quem te disse que eu desconheço
A tal milenar arte do amor
Captura minhas intenções
Me atura no coração
Seja então menos exigente
Porque a gente já tem o bastante
Você tem outras qualidades
E pode me dar as costas
Até o amor virar poeira
Só não compensa
Apagar a chama, negar os fatos
Sua presença
Como um sol me chama a vida inteira
Ilusão, eu quero crer que não
Quem te disse que eu não consigo
Parar numa próxima estação
Quem te disse que eu não desligo
O cabo dessa televisão
Meu amor, vamos dar o fora
Chorar em comédias outras
Até o amor virar poeira
O SOM DA SUA VOZ
Não me deixe na chuva não
Não me tire do coração
Não me diga que vai sem mim
Já conheço esse teu olhar
Uma luz a se afastar
A quilômetros daqui
Não me deixe na noite não
Na travessa da desolação
Não me diga que quer assim
Porque ali não há calor
Não há luz nem há razão
E não há o teu riso
Tudo está tão certo, não está?
Vem aqui mais perto, vem mostrar
Vem dizer aonde vai seu olhar
Quando a noite estender seu manto sobre nós
Meu abrigo então será o som da sua voz
LUGAR
Voltei pra ler aquele olhar
De um amor que a gente mesmo escreveu
Que foi guardado sem pensar
Nas linhas de um desejo meu
Fiquei olhando todo espaço
Recriando um compasso seu
Sorri sonhando em qual gaveta
Nosso amor se escondeu
Mas guarde seu nome pra mim
Seu dia eu não deixo mais ter fim
O vento arde em versos por saber
Nessa tarde o sol é só por você
Chorei por ver nesse lugar
O que a palavra já teceu
Sou do seu tempo um retrato
Quando meu sonho era todo seu
Sorri por ver no nosso amor
Todas as portas pra você e eu
Fiquei pensando em qual cometa
Nosso amor adormeceu
Mas guarde seu nome pra mim
Seu dia eu não deixo mais ter fim
O vento arde em versos por saber
Nessa tarde o sol é só por você
ANTITELEJORNAL
Hoje nasce meu filho
Hoje vou me casar
Hoje dentro do espelho
Vou poder enxergar
Pais, mães, irmãos
Ruas, bairros, cidadelas
E o quintal dos corações
Onde moram as coisas belas
Hoje vou namorar
As solteiras e as casadas
As jovens, as carquebradas
As lindas e as descuidadas
Meu amor vai se espalhar
Pelas camas e calçadas
Nas prisões e condomínios
Nas favelas e esplanadas
Sem farsa, conchavo, sem guerra
Sem malta, corja ou trapaça
A vida é um drible ágil
Entre as pernas da desgraça
Hoje eu vou inventar
O antitelejornal
Pra passar só o que é belo
Pra passar o essencial
Hoje andarei sobre as flores
Amarelas do ipê
Espalhadas pelo chão
Antes de anoitecer
Cantarei no meu velório
Dançarei nos braços da vida
Dormirei com a minha amada
Vida boa de ser vivida
Sem farsa, conchavo, sem guerra
Sem malta, corja ou trapaça
A vida é um drible ágil
Entre as pernas da desgraça
Hoje eu vou inventar
O antitelejornal
Pra passar só o que é belo
Pra passar o essencial
***
E isso tudo, mesmo assim, parecendo muito é tão pouco e tão nada perto da viagem que as melodias e as letras levam você...
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