segunda-feira, dezembro 10, 2007

Podem parar.
Eu parei.
Escuto, faz tempo, o último trabalho do Skank. Comprei, como disse que iria comprar, por 10 reais nas Americanas. E com o tempo, fui descobrindo, reparando, garimpando detalhes e então, matando as letras, uma por uma.
Devo dizer que os caras, se esmeraram e criaram alguns dos versos mais bonitos do rock nacional em muito tempo. Nem Los Hermanos chega perto. MESMO!
Por isso, vou lotar isso aqui com letras desse disco. Leiam e ouçam, se quiserem as músicas em Streaming no site oficial deles:
www.skank.com.br


ATÉ O AMOR VIRAR POEIRA

Quem te disse que eu não mereço
Uma pobre migalha de atenção
Quem te disse que eu desconheço
A tal milenar arte do amor

Captura minhas intenções
Me atura no coração
Seja então menos exigente
Porque a gente já tem o bastante

Você tem outras qualidades
E pode me dar as costas
Até o amor virar poeira

Só não compensa
Apagar a chama, negar os fatos
Sua presença
Como um sol me chama a vida inteira
Ilusão, eu quero crer que não

Quem te disse que eu não consigo
Parar numa próxima estação
Quem te disse que eu não desligo
O cabo dessa televisão

Meu amor, vamos dar o fora
Chorar em comédias outras
Até o amor virar poeira


O SOM DA SUA VOZ

Não me deixe na chuva não
Não me tire do coração
Não me diga que vai sem mim

Já conheço esse teu olhar
Uma luz a se afastar
A quilômetros daqui

Não me deixe na noite não
Na travessa da desolação
Não me diga que quer assim

Porque ali não há calor
Não há luz nem há razão
E não há o teu riso

Tudo está tão certo, não está?
Vem aqui mais perto, vem mostrar
Vem dizer aonde vai seu olhar
Quando a noite estender seu manto sobre nós
Meu abrigo então será o som da sua voz


LUGAR

Voltei pra ler aquele olhar
De um amor que a gente mesmo escreveu
Que foi guardado sem pensar
Nas linhas de um desejo meu
Fiquei olhando todo espaço
Recriando um compasso seu
Sorri sonhando em qual gaveta
Nosso amor se escondeu

Mas guarde seu nome pra mim
Seu dia eu não deixo mais ter fim
O vento arde em versos por saber
Nessa tarde o sol é só por você

Chorei por ver nesse lugar
O que a palavra já teceu
Sou do seu tempo um retrato
Quando meu sonho era todo seu
Sorri por ver no nosso amor
Todas as portas pra você e eu
Fiquei pensando em qual cometa
Nosso amor adormeceu

Mas guarde seu nome pra mim
Seu dia eu não deixo mais ter fim
O vento arde em versos por saber
Nessa tarde o sol é só por você


ANTITELEJORNAL

Hoje nasce meu filho
Hoje vou me casar
Hoje dentro do espelho
Vou poder enxergar

Pais, mães, irmãos
Ruas, bairros, cidadelas
E o quintal dos corações
Onde moram as coisas belas

Hoje vou namorar
As solteiras e as casadas
As jovens, as carquebradas
As lindas e as descuidadas

Meu amor vai se espalhar
Pelas camas e calçadas
Nas prisões e condomínios
Nas favelas e esplanadas

Sem farsa, conchavo, sem guerra
Sem malta, corja ou trapaça
A vida é um drible ágil
Entre as pernas da desgraça

Hoje eu vou inventar
O antitelejornal
Pra passar só o que é belo
Pra passar o essencial

Hoje andarei sobre as flores
Amarelas do ipê
Espalhadas pelo chão
Antes de anoitecer

Cantarei no meu velório
Dançarei nos braços da vida
Dormirei com a minha amada
Vida boa de ser vivida

Sem farsa, conchavo, sem guerra
Sem malta, corja ou trapaça
A vida é um drible ágil
Entre as pernas da desgraça

Hoje eu vou inventar
O antitelejornal
Pra passar só o que é belo
Pra passar o essencial


***


E isso tudo, mesmo assim, parecendo muito é tão pouco e tão nada perto da viagem que as melodias e as letras levam você...

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