segunda-feira, junho 04, 2007

segunda de certo frio,
casaco nas costas, Maicol sai para o trabalho.
De sua casa até a fábrica não são mais do que uns poucos quilômetros, mas mesmo assim,
Maicol faz o favor de esperar a condução da empresa. São alguns minutos no sereno da madrugada, mas o suficiente para ver quase todos os dias, o sol nascendo em seu esplendor.

Ao seu lado, quase sempre uma senhora, de uns 60 e poucos anos, esperando o ônibus para ir trabalhar em casa de família. Essa rotina já dura mais de ano e o máximo de aproximação que conseguiram foi um bom-dia perdido, há uns meses atrás. Talvez pela cara de poucos amigos que Maicol faz quando acorda muito cedo, mas também, ponto de ônibus não é lugar para se conversar. Ainda mais tão cedo.

De uns dias para cá, percebeu uma nova pessoa no ponto. Um jovem, no máximo quinze anos. Mochila nas costas, boné enterrado na cabeça, casaco felpudo. Se colocassem um grafite na mão dele ou um cachimbo de crack cairia bem. Maicol se prende muito a estereótipos.

A buzina soa duas vezes. É o ônibus da empresa que chegou. Maicol se distraiu vendo o sol e percebendo, de soslaio, nas pessoas ao seu redor, algumas atrasadas, outras caídas de pára-quedas no seu ponto. A senhora, de lenço na cabeça, já tinha ido para a casa de família, ou assim pensava Maicol. O guri também já devia estar perto da escola, se aquela mochila estava mesma cheia de livros, em vez de latas de tinta e pedras de crack.

A porta se abre e, degraus depois, lá vai Maicol rumo a mais um dia de trabalho.
Era uma segunda, meio fria. O sol que surgiu não pareceu ter forças para esquentar muito o dia.
Ainda bem que Maicol saiu com o casaco nas costas. De noite, ele vai vir a calhar.

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