quarta-feira, abril 06, 2005



Daqui de onde trabalho posso ver, pelo reflexo na tela do micro, uma mangueira. Pela janela refletida, vejo somente as folhas da árvore, às vezes estática, às vezes a se balançar ao vento.

Hoje uma leve brisa mexe, de quando em quando, uns pequenos galhos e suas pequenas folhas. É a hora de relaxa e olhar para fora, mesmo que apenas pelo reflexo na tela do micro.

Essa moldura criada pelo quadrado da janela me leva mais longe, alguns quilômetros, até um prédio no bairro do Leblon, no Rio de Janeiro. Nessa prédio, de três andares, existe uma janela. A que fica do lado da árvore de natal, que permanece eternamente montada em meu pensamento. Dela posso ver carros, ônibus, brigas, tiros, pessoas.Dela posso ver o passado, as conversas, o gosto do café, um posto, o cheiro do mar e da chuva, o bacalhau e as risadas fáceis de depois do almoço.

E a janela do Rio, coincidência maior, serve exatamente de moldura para galhos e folhas, estes maiores e mais fortes. É para lá que a mangueira que vejo na tela me leva. Para a castanheira, sempre ao vivo, do prédio do Rio, balançando de verdade e não apenas em um reflexo. Isso é o sentido da felicidade.

Nenhum comentário: