segunda-feira, março 07, 2005

"Eu sou o homem mais chato do mundo.
Mas a culpa não é minha. Ela raramente é. O que acontece é que o mundo em que vivo teima em se virar contra mim, às vezes até nas mínimas coisas. Vocês já viram alguém comprar uma caixa de fósforos com alguns palitos a menos? Ou alguém ser enganado no peso de seu prato em um restaurante a quilo? Pois é, essas coisas já aconteceram comigo. E “essas coisas” trouxeram, além de uma bela dose de reclamação imediata, um recalque que não temo em assumir. Sou azarado, sim. Sou perseguido, sim. Sou pessimista, sim. E assim fiquei meio amargo.

Entenderei se, a partir daqui, você parar de ler este texto. Ninguém se interessa pela desgraça dos outros, muito menos de alguém que já começa um jogo esperando perder. E além do mais, não tenho mesmo o menor jeito para escrever. Não vai ser surpresa se este texto nunca for publicado. E pensando bem, não sou o homem mais chato do mundo. Talvez seja do meu prédio ou do metro quadrado em que estou agora. Ser o maior do mundo em alguma coisa significa ser extremamente bom naquilo que você faz. Não compactuo com esse otimismo exarcebado. E acima de tudo, sou realista.

Quem sabe a gente não tem a oportunidade de se encontrar de novo aqui e, quem sabe, você se identifique com algumas das minhas opiniões. Mas o mais provável é que você vá caminhar pela manhã e se esqueça de me ler. Tudo bem, prometo tentar entender.

Até."

Por Deyvid Hornby

Nenhum comentário: