quarta-feira, março 09, 2005

Escrever o que der na telha, mesmo qundo a telha tiver sido despedaçada por algum vento de um milhão de quilômetros por hora.
Minha telha, minha cabeça, minhas sinapses parecem estar sendo levadas a cada dia. Esquecer, repetir, não saber, lembrar e rir da piada. Liguem o som e me deixem com minhas confusões, sozinho, mais uma vez, num quarto escuro.
É madrugada.

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A maior parte das vezes, acordo com o texto pronto, inteiro, começo, meio e fim, na minha cabeça. A forca para levantar, ligar o computador, escrever, digitar, salvar e voltar a dormir me faz tão mal que simplesmente desisto. É hora de descansar, não de escrever.
Acordo sem nem lembrar que tinha acordado.

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Quero não cair mais no inúmeros buracos das ruas de Vitória. Sinto que meu carro está começando a se despedaçar e não sei se devo processar a Prefeitura por ter feito um trabalho tão porco no asfaltamento de Vitória. Vocês já perceberam que “eles” adoram abrir buracos para obras, mas que sempre os fecham mal e porcamente?
E a qualidade do asfalto? Será que ele não poderia ser um pouquinho melhor?
Vou deixando, em cada buraco, um pouco meu bom humor, do riso fácil no meu rosto. E assim, de buraco em buraco, de solavanco em solavanco vou me transformando em uma personagem digna de desenhos animados, um ser transtornado, com olhos vidrados embebidos em ódio. Um predador prestes a destroçar sua presa, pelo simples prazer do poder ou apenas pelo inebriante cheiro da morte.
Acho que vou começar a andar de bicicleta.

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Vampiros. Adoro vampiros, suas histórias, seus filmes (por pior que sejam), sua lenda, sua sensualidade. Como eles, adoraria viver pelas noites seduzindo donzelas e sugando-lhes o sangue até deixar apenas uma carcaça seca. Saciar meu prazer, apenas com o líquido grosso e quente. Dá para ser um vampiro de verdade, mas o preço a ser pago é bem grande. É necessário abrir mão de inúmeras coisas, e a primeira delas é da companhia de outros seres vivos, agora nada mais que meu jantar.
É melhor parar de sonhar, pois o preço da solidão absoluta não me disponho pagar.

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Líquido grosso e quente é o que sinto na garganta a cada golfada que dou. Meu refluxo não está mais brincando e eu não estou gostando nada de ter que levar isso a sério. Dietas, ei-me aqui. Adeus a tudo o que um dia me liberou serotonina suficiente. Passo adiante a chance de ser feliz.

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Manhãs inúteis, rulaz.

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