segunda-feira, maio 17, 2004

Bom, como começar a falar do meu fim de semana? Sexta estava cansado, mareado, morto e mesmo assim fui no fest-ufes ver qualquer coisa. Fiquei uma hora e meia e nada aconteceu. Foi paia. Fui pra casa me preparar para o que estava por vir. E para quem não sabe, era o show do Motorhead. Sábado o dia começou cedo. Acordei as oito da manhã e fui direto para o mercado com minha mãe, comprar as últimas coisas para o churrasquinho marcado em cima do laço como aquecimento pro motorhead. E que aquecimento. Cervejas geladas, lombinho de porco, arroz, vinagrete e farofa... cachacinha que Lacaio fez o favor de levar e presença dos amigos, já doidos para o início do show. Então fomos para o Álvares umas sete da noite. Encontramos as pessoas de Colatina, comendo pizza como sempre, e adentramos o recinto. Estava vazio, mas que clima!!
Bom, fui com o Gozo pra frente do palco na hora que a luz apagou e duas Birrugas entraram em cena. Daí em diante, me lembro de um liquidificador e de ver o Gozo sumindo, para aparecer alguns metros adiante, já sem o boné e com uma cara de desespero danada. Presença ilustre, lá na frente MESMO, do Cassio Ramone. Peguei o gozo pela camisa, coloquei ele sentado (opa!) no meu ombro por uns quinze segundos, até achar que ia morrer! Ele deve Ter visto o lemmy de perto, por isso a cara de terror dele ao voltarmos para a arquibancada. Lá, tomei chopp de todo mundo sem querer, sem pedir e sem comprar nenhum (não me perguntem como, já que estava mais pra lá do que pra cá). Toquei guitarra, bateria, metralhadora, morteiro, levei uma saraivada de bumbadas nos peito e acabei o show de joelhos na arquibancada de cimento que estava toda seca, com exceção do EXATO local onde resolvi pagar meus pecados. Resultado: calça rasgada, calça molhada, lps do lips na mão e muita vontade de tomar baldes de chopp, desejo que foi prontamente realizado no Galpão. Tomamos baldes, sabres de luz, chopps, queijos e mais outros belisquetes. E acabamos a noite carregando uma cara que não poderia estar dormindo, não daquela jeito. “Pescoço de Ganso” Bonna reduziu seu vocabulário a uma expressão de dor: “ai”. Dita de um jeito seco e engraçadíssimo, em situações onde eu realmente achava que estava dobrando demais o braço ou a perna dele.

Domingo foi de comilança. Almoço na casa do pai, jantar na casa da mãe e dois bolos depois, fui para o fest-ufes. Sim, Domingo, 10 da noite eu fui assistir a um show de rock. E agradeço a Deus por ter ido. O que aconteceu não foi um show, foi uma experiência. O primeiro show de post rock de Vitória. Ou de Jazz rock, ou de trilha sonora para 2001 uma odisséia no espaço. Quem viu, viu. Quem não viu, só irá ouvir os comentários. Mas uma banda que te deixa arrepiado e com as pernas tremendo de emoção deve ser coisa fina. É, pessoal, Hurtmold engoliu o festival todo. Era como se tudo tivesse sido armado para aqueles seis paulistas, tocando xilofone, trompete, percussão, bateria, guitarras, casios, escaletas e o diabo, tirassem da gente expressões de espanto, de descrença, de regozijo. Que mente doentia pode criar tamanha confusão sonora e ao mesmo tempo fazer tudo soar tão belo e inatingível?
Que situação, ver todas aquelas pessoas escutando o hurtmold, sem se mexer, vendo a primeira música e depois irrompendo em aplausos em total aturdimento. E na hora em que no meio da música, depois de um solinho de xilofone (vibrafone ou metalofone ou o que quer que aquilo seja) todo mundo começou a aplaudir emocionado?
Uma das melhores coisas que já vi acontecer, uma música que não é música. E que fez o Jesus and Mary chain que estava comigo no carro parecer brincadeira de criança.

Não sei, não, mas é bem provável que já esteja na hora d’eu começar a ouvir jazz.

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