quinta-feira, novembro 16, 2017

“ Béli, esse é meu nome.
Ninguém =inda conseguiu me convencer que meus pais não estavam bêbados quando puseram esse =ome em mim.
Mas, de qualquer jeito, esse é meu nome.
- Béli, respondi. A morena sentada no balcão era mesmo =stonteante. O tipo de mulher que dá vontade de guardar numa moldura. E depois =assar o dia inteiro olhando.
- Como?
- Béli. B-E-L-I, com acento no E.
- Béli, igual... – ela deu um risinho, ficou =nvergonhada – béli?
- É, assim mesmo. Olha, se você não entendeu....
- Desculpa, ela me interrompeu. Odeio quando alguém me =nterrompe. Não foi isso que quis dizer. Eu perguntei se era béli igual a =elly. Belly, barriga em inglês.
- Deve ser. Não sei falar inglês direito. O que me =alta é vocabulário – Maldito vocabulário.
- Tadinho...
- Não tem problema. Sabe acho que meus pais estavam =êbados quando escolheram esse nome para mim. Meus pais e o escrivão que deixou =sso acontecer. Não conta pra ninguém, mas aquela era uma época muito =ouca. O mundo vivia bêbado, absorto em álcool.
- Não fala assim.
- Assim como? É verdade.
- Verdade? Ah, pára com isso. È ruim a pessoa guardar =ágoa, fica azeda. Pior ainda se for dos pais. Pais a gente não escolhe, a gente =ma. E ele só te deram um nome diferente.
- Barriga.
- O quê?!
- Você mesmo disse. Meu nome é barriga. Em inglês, =as ainda assim é barriga. E se você se chamasse tornozelo ou mão? Você ia =ostar?
- Espera...
Dessa vez fui eu que a interrompi. Percebi que ela também =ão gosta.
- Olha, eu já tenho muitos problemas com meu nome. Desde =oleque era só piada, brincadeira, todo mundo me sacaneando. Eu só vim =qui porque te achei uma pessoa bonita, legal, que podia ser diferente das outras. =chei que a gente pudesse se dar bem.
Me emocionei. Não tem jeito, me emociono muito fácil.
- Desculpa, eu não quis te magoar. Vamos fazer o =eguinte: a gente paga a conta e vai conversar em outro lugar. Aqui não é um lugar =uito propício para esse tipo de conversa. Tenho que me explicar direito. =á em casa tá legal?
- Tudo bem, enxuguei as lágrimas, mas não posso demorar =uito. Amanhã tenho que ir cedo visitar minha mãe no hospital
- Coitado...
Essa tá no papo.
- Pode ir saindo – funga – Deixa que eu pago =#8211; funga – te encontro lá fora.
Ela foi. E como foi. Andava como uma deusa. Que rebolado. A =onta chegou. Peguei o cheque, assinei. O atendente se aproximou pegou o =heque e leu meu nome.
- Poderia me mostrar sua identidade, senhor... Marco =ntônio.”

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