sexta-feira, março 30, 2018

Oi você.
Tenho mil idéias passando pela cabeça aqui.
Calor do momento, basicamente, desde que meu avô morreu (hoje ele será cremado às 14.30 de Brasília - 14.30 do Rio de Janeiro).

Por falar em Rio, deixa eu reclamar um pouco aqui, para ser repetitivo.
Que mundo é esse em que vivemos, onde para se sentir seguro e ter uma vidinha mais ou menos você é obrigado a sair de sua cidade, de seu país?

Por que é preciso deixar pra trás lembranças, amizades, toda a sua família, sua cultura materna, suas influências e referências, para viver em paz?

Saí do Brasil pela aventura, não minto. Foi como ir para Cuiabá de novo. Uma aventura para colocar na pastinha de vivências - não quero riquezas, quero viver de experiências. Não me prendo mais em consumismos desnecessários. Inclusive, trabalho pra pagar as contas e viajar (como as contas se empilham em cima da mesa e os credores batem na porta dia sim, dia sim, não viajo mais.

Enfim...

Sinto saudades do meu país, da minha língua. Não escrevo, pois tenho uma preguiça encarniçada de escrever. Macunaímica, diria. Amo escrever e por mais que meus contos tenham sido sempre criticados por serem "não profissionais", meu blog continua a me receber de braços abertos.

E, muito de vez em quando, quando a coisa aperta aqui, descarrego tudo nessas páginas em branco, de onde nada sairá. Existem muitas coisas que não devem ser publicadas na rede do tio Z.
Inclusive, lá, só fotos e links de música. Ah, o brasil e o facebook, que duplinha! É lá onde ideologia política é confundida com caráter... veio-me esta frase. postei. sei dos meus leitores (vcs existem?). 

Volto, nessa montanha-russa de palavras, a falar dos meus. De mim. 
Saí do Brasil. Imigrante. Aportei em vários países e ainda não achei meu porto seguro. Vem na lembrança meus antepassados. Todos eles imigrantes. Todos tiveram que sair de seus países, ou saíram pela aventura, quem saberá?, e passaram a viver em outra realidade - para sempre separados de suas próprias famílias, amigos, raízes. Eu sou um retorno, como eles, morrerei imigrante, longe de todos. 

Serei enterrado em terras estranhas e virarei cinzas, como meu avô em algumas horas, que serão jogadas por aí. Pelo Velho Continente? Nas Américas? Um pouquinho em cada cidade onde vivi?

Sou isso, um desterrado ainda sem saber onde pousar.


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