quinta-feira, novembro 16, 2017

O colunista está de férias
Antes de começar eu gostaria de pedir para vocês um pouco de =ompreensão. Se tiverem vontade de deixar de ler na metade do texto, continuem, =açam uma forcinha. Prometo que vou tentar fazer o melhor possível.
Começo mais uma vez a escrever para esse espaço concedido pelo =ono do portal e vejo que a empolgação inicial, a vontade de polemizar =oram se tornando um fardo. Começo a perceber o quão difícil é esse =ipo de trabalho. É duro sentar para escrever e não ter assuntos novos, experiências interessantes. Parar para pensar em outras saídas, outros caminhos =ara levá-los até a última linha do texto é um desafio. Poderia =almamente, fugir da responsabilidade e falar da calcinha da enfermeira (proibida) do =unk, do novo corte de cabelo do Ronnie Von ou mesmo do Silvio Santos =esfilando na Sapucaí. E ao invés disso tento colocar no ar questionamentos, =ndignações, pensamentos imperfeitos... Na verdade o meu grande problema é querer =olocar alguma coisa que valha a pena ser lida.
Não sei quantas pessoas gastam seu tempo lendo essas linhas, =sses parágrafos. Mas, mesmo que não sejam muitas, elas merecem a minha consideração. Por isso mando a minha contribuição direitinho, =entro do prazo, por mais chula que ela possa parecer. É estranho pensar que alguém =ue eu não conheça pode estar lendo e até refletindo sobre algo que escrevi. =alvez me mandando mentalmente ao raio que o parta, talvez se identificando com =lguma opinião. Pessoas, as quais nunca verei, me conhecendo por meio de =inhas palavras, desse tempo que passo em frente ao computador.
É difícil pensar que partes da minha vida não pertencem mais =ó a mim. Que minhas opiniões são um livro aberto (ou e-book, seguindo a nova =endência) para quem quer que acesse esse link.
Alguém, por acaso, pode visitar a página e vivenciar minha =emana cheia de problemas. Ou sentir a mesma alegria de ver meu time campeão. Não =reciso de psicólogo nem de divã. Freud não explica. Eu escrevo. Exorcizo =eus medos, divido minhas alegrias e sofrimentos com mais alguém. Vocês, para =er mais preciso.


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Com-puta-dor
Tirei o dia para pensar em todos os benefícios que o computador =rouxe para a sociedade moderna. Informações correndo o mundo em segundos, =omplexos cálculos matemáticos feitos com a dificuldade de um 2+2, =ampeões de xadrez perdendo seus reinados, enfim, milhares de pequenas coisas que mudaram = ainda mudam cada um de nossos dias. Qualquer trabalhador minimamente =specializado precisa ter "conhecimento em informática" digitado em seu =urrículo, feito no computador. E com isso, passamos cada vez mais horas na frente do =icro.
É claro que também existem desvantagens. Tudo na vida (e no =niverso) é um jogo de dá e tira. Um mero pique de energia ou um problema de backup =odem levar horas, dias ou até meses de trabalho para o "céu dos =rquivos". Se bem que esse é o menor dos problemas. O pior ainda está por vir e do =eito que estamos, com certeza, um dia ele chegará. Talvez mais cedo do que =ocê pensa. Ou você acha que o computador tem esse nome à toa? Pensem bem: com =uta dor...
Digitar se tornou um martírio para as secretárias, para os =ornalistas, para os caixas do banco e para mais uma monte de profissões. E não =dianta tentar fugir. Se o trabalho não for feito na frente do computador, =ão há trabalho. Hoje, saudável é ser carregador de sacos de cimento ou =r morar numa fazendinha, com direito a amarelão e barriga d´água. Sinal dos =empos. Ao invés de nos preocuparmos (já na velhice) com o coração, =ulmão ou mesmo com a memória, temos que cuidar é da postura. Urgentemente.
E o com puta dor não trouxe só mudanças na área da saúde. =udou também a nossa língua. Muito mais até do que simplesmente adicionar termos =nócuos como deletar ou escanear. Ele está mudando a língua do dia a dia, =quela que a gente ouve nos balcões de bar, ou nas conversas de banco de praça. =xpressões que eram familiares aos nossos avós, hoje fazem parte do linguajar =heio de gíria da juventude. Tendinite, LER, artrite, fisioterapia viraram =arcas a serem consumidas e ostentadas, cheios de orgulho. É o fim. De =erdade. Meus dedos doem enquanto escrevo isso, não dá para continuar.
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Joey Ramone morreu de desgosto. O Punk virou moda, a revolta passou = ser vendida no shopping e as músicas viraram... bem, vocês viram o que =las se tornaram. A única saída foi, pacificamente, dizer adeus.


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O cheiro
Estamos na era digital. Não poderia ter sido mais óbvio em minha primeira frase. Mas o que defendo hoje, nesse espaço, é a legitimidade da tentativa de milhares de pessoas, em todo o mundo, de viver a parte do mundo feito de códigos binários e impulsos elétricos. Não é porque temos acesso (será que temos?) ao maravilhoso mundo informatizado que temos que nos curvar perante ele, como leais súditos. Chegou a hora de questionar, de comparar, de começar a colocar no papel as vantagens e desvantagens de cada novidade e de seus antepassados do mundo real.
E-book X livro (de papel) - Além desse nome ser feio que dói (e-book? Fala sério), o primeiro não dá pra ler deitado no sofá ou na cama antes de dormir. E os famosos o que vão falar ao responderem “Livro de cabeceira”, em um daqueles perfis do consumidor (algo do tipo: “Pasta de dente? Perfume? Parte do boi predileta? etc”.)? O título do e-book, o site em que está ou as especificações técnicas de seu micro? Mas o que dá a vitória, sem pestanejar ao livro (de papel) é o fato de podermos guardá-los nas estantes e depois mostrar para os amigos como prova de nossa incrivelmente ativa vida intelectual (mesmo que nunca tenhamos lido metade do que está ali. Por falar nisso, por que será que compramos muito mais livros do que podemos ler? Mas esse já é outro assunto, para outra coluna...).
Jornais online X Jornais (de papel) – Vitória apertada para a versão online que, apesar de não deixar tinta nas mãos, não dá para levar para o banheiro (prática que, por motivos de saúde, eu não aconselho). No jornal virtual também dá para seguir pesquisando o assunto da matéria lida, mas o que pesou mesmo foi, em época de otimização de tempo, usar ao mesmo tempo o telefone e ler o jornal do dia. E isso foi uma piada.
MP3 X CDs, DVDs, LPs e afins – Meus amigos passaram a venerar o Napster, o AudioGalaxie e afins. Eu até que gosto desses programas de troca de MP3, mas não posso simplesmente abrir mão da necessidade de sentir o cheiro do plástico envolvendo o CD, de folhear as páginas de um belo encarte(que também cheira muito bem), ver a arte no próprio CD. Putz, isso é bom demais. Mil vezes melhor do que ver aqueles CDs prateados, regravados, sem encarte nem cheiro nenhum. O MP3 abriu o mundo da música para qualquer um sem dinheiro o bastante para comprar todos os lançamentos mas com paciência de sobra para passar horas e horas esperando os MP3 baixarem e pesquisando novas bandas, músicas e cenas musicais. Mas não dá o prazer de adquirir um clássico num sebo ou de ver aquele disco memorável em promoção numa estante empoeirada da lojinha do bairro.
Colunas X Falta de Colunas – Puxando a brasa para o meu lado, vendendo meu peixe e tudo o mais, a internet deu oportunidade para simples desconhecidos, como eu, escrever o que bem entende. Se tenho leitores para isso? Realmente prefiro nem saber (posso ter uma grande decepção). Mas pelo menos faço minha parte.
Bom, no fim ficou tudo como estava desde o princípio. Empatado em dois a dois. Começo a perceber que essa coluna, no fim, não valeu grande coisa já que não chegamos a lugar nenhum, não tiramos nenhuma conclusão. Desculpe se você perdeu seu tempo. Desculpe não, bem feito. É isso que dá me deixar escrever.

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