segunda-feira, agosto 02, 2010

Aqui antes


Há alguns anos apareceu uma banda estranha, que lembrava os Bee Gees e seus falsetes, e emulava a disco music dos anos 70. Era uma boa piada. A banda estourou com uma versão inusitada de Comfortably Numb, do Pink Floyd, e seu nome saiu dos becos e veio para a grande mídia. Ou quase isso. Se você não descobriu até agora, estou falando das Scissor Sisters. Apesar do nome, que não remete a duas irmãs, mas sim a uma posição sexual, a banda é composta por homens e mulheres, gays e heteros.

E nesse caso, sim, é importante ressaltar a opção sexual dos integrantes. Primeiro por conta da capa, que traz uma foto sugestiva do conhecido fotógrafo americano Robert Mappelthorpe, falecido em 1986, e depois, por conta da temática desse último trabalho, Night Work, que dá asas a letras que podem chocar aos mais puritanos, cheias de referências ao universo gay. Mas o mais importante é que fazem um trabalho de gente grande no que diz respeito à sonoridade do disco.

A piada ficou séria quando chamaram Stuart Price, produtor de gente do naipe de Madonna, New Order e The Killers, para tornar este disco, o mais maduro e consistente de sua curta carreira. O começo com Night Work e Whole New Way atualiza o som e deixa espaço para a saudade, que é bem matada na Any Which Way, com a volta do falsete beegeeniano. Daí em diante, a festa está garantida com as dançantes e divertidas Harder You Get, Runnig Out, Something Like This. Se ficasse aqui escrevendo o nome das músicas de destaque, teria que escrever toda a sequência das faixas. O resultado desse coeso trabalho noturno é que agora o Scissor Sisters pode começar a ser respeitado e levado, muito, a sério por quem até então achava apenas graça na música que faziam. Música de qualidade, para ser curto e grosso, mas sem trocadilhos. Apesar do assunto até comportar tal desvio de conduta.

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