sábado, abril 25, 2009

cara, o que é a vida?

estou aqui, sentado debaixo do ventilador,
sentindo cada músculo do corpo doer
e o corpo colando pelo suor derramado durante todo o dia.

Faz umas três semanas coloquei na cabeça que precisava fazer.
fazer, nesse sentido, quer dizer filmar. me mexer, colocar em prática
uma forma guerrilheira suicida e me jogar atrás das câmeras.
Deixar de ser um estudante de cinema e me tornar um diretor/roteirista.

Traçadas as linhas, montada a estratégia da batalha, me esforcei e consegui reservar e retirar o equipamento da escola na quarta feira a noite, vespera de feriado aqui no Rio.
Só um adendo, esse feriado era exatamente o dia em que comemoraríamos os aniversários do meu avô e da minha avó. Ou seja, família reunida e bagunça na casa.

Meu projeto de documentário era sobre poluiçao sonora, o que o Profissão Repórter da Rede Globo fez com muita propriedade um dia antes de eu pegar o equipamento.
Fiquei perplexo. era o meu documentário, escrito a duras penas ali, na telinha da TV.
Brochei e depois da primeira derrota, desisti de fazê-lo. Enfim, pensei. Peguei a câmera mesmo para fazer outro curta, uma conversa num boteco. Uma ficção. o que gosto.

Então, apaguei a decepção e coloquei todas as minhas forças na filmagem de sábado. Mas achei melhor ligar para todo mundo na sexta e confirmar. Primeiro, o responsável pelo casting. tudo ok com os atores. Mas liga pra confirmar.

liguei. Eles não poderiam gravar. Sexta, às duas da tarde, menos de 24 horas antes da filmagem teve a baixa de todo o elenco.

Ok, não é pra fazer cinema mesmo. Comecei a pensar onde arrumar emprego e quando me mudar do Rio. Aí me peguei a mim mesmo (sic) numa pegadinha que fiz pra mim mesmo.
Paguei o semestre todo da escola e mais 6 meses de academia.
Não poderia jogar no lixo todo aquela grana... e além do mais, estava quase na hora de ir para aula, quem sabe não arrumava algum ator por lá. (sempre tem algum ator por lá).
Na pior das hipóteses, pensei, eu me filmo. sei o texto, foda-se. viro ator de novo.
aí comecei a me apegar ao planejado e me neguei a desistir.
MESMO.

tava muito mal, deprê ao extremo. Fui para a aula, assisti ao "Tesouro de Sierra Madre". E na escola, conversa vai, conversa vem, descobri que o Arli que libera os equipamentos pra gente, tava fazendo um doc sobre um grupo de teatro e que eles iam filmar na Lapa neste dia. Dei um roteiro pra ele e tive a garantia de que eles topariam fazer de qquer jeito.
Dito e feito, hoje quando o relógio marcava meio-dia, saia com meu carro imundo em direçao ao boteco no centro, onde filmaria.
Carro cheio de tripés, luzes, camera e ação.
As pessoas começaram a me ligar, perguntando se já podiam se dirigir para lá.
As pessoas foram. Descarreguei o carro e em meio a muita sujeira, barulhos infernais, com direito a tiro e a um trombadinha invadindo o set e sendo preso pela PM, e a muitos litros de mate (o conhaque cenográfico), salvaram-se todos.

Tenho em minhas mãos a fita com as imagens feitas pela equipe. Não é meu, nada é meu. Tudo em cinema se faz junto, unido.

Antes de ver, sei que terei muito problemas de continuidade, já que o movimento no bar não parou um segundo (e pra piorar era dia de faxina. hahahaha). E de som, que ouvia reverberar o tempo todo no fone que ficava no meu ouvido.
Mas quer saber?
foi bom demais e não desisti de maneira alguma desse e de muitos outros filmes.
Nem parece trabalho. Mas pode vir a ser. E eu não iria reclamar nem um pouco.

missão número dois - editar a bagaça e fazer logo uma exibiçao pra quem merece. Amigos, família, equipe e, claro, pro pessoal do bar que deu a maior força (mas não ficou quieto um minuto. hahahaha)

missão número três - começar a pré do beijo de amigo. Esse também termino até o final do ano com certeza. E se bobear, escrevo outro roteiro pequenininho, só pra aproveitar o tempo ocioso por aqui.

3 comentários:

Anônimo disse...

orgulho da porra!
:)

bj
lu

Amuná Djapá disse...

A vida é um radiador estourado numa estrada em Tocantins... Você enche o cantil e segue em frente, nem que seja para trás....

Anônimo disse...

é isso aí, minha gente.
fico feliz pelo orgulho e pelo radiador.
assim que der, termino de editar e mando um dvd pra cada.
: )

luis