sexta-feira, julho 01, 2011

old, but gold.


Há 64 anos, milhares de visitantes desembarcavam em várias praias da Normandia, na França. Pronta para recebê-los, esperava uma equipe bem treinada. Ainda assim, a estadia desses "turistas" esteve longe de ser pacífica e amistosa.

Talvez porque a equipe que os recebeu, em vez de agentes do Visitors and Convention Bureau, era composta de soldados inimigos armados até os dentes. E os visitantes eram soldados aliados com a missão de libertar a Europa da dominação nazista. O dia, claro, era o 5 de junho de 1944, que marcou a "virada de mesa" da 2ª Guerra Mundial e entrou para a história como Dia D .

Ainda bem que hoje, depois de 64 anos, você já pode ir visitar o teatro de guerra e ser recebido, não com balas, mas com calor humano. O turismo de guerra na Normandia é muito bem estruturado, com empresas que fazem passeios temáticos, como "Band of Brothers Tour", que refaz o caminho percorrido pela famosa Companhia Easy, da 101º divisão, mostrado na série de mesmo nome da HBO, inúmeros museus e visitas guiadas.

Como profundo amante da 2ª Guerra, não pude deixar de visitar a Normandia em minha primeira incursão pelo Velho Mundo.

A cidade escolhida como base para minha "operação" foi Caen, que é bastante central na região. Pequena e acolhedora, com impressionantes prédios do século XI, Caen foi bombardeada durante a guerra e teve muitos dos seus marcos destruídos. A história é guardada e recontada com zelo por seus moradores.

Mas seu atrativo mais irresistível para os aficionados pela 2ª Guerra é o Memorial da Paz, um museu que conta a história das batalhas em solo europeu, dos anos negros na França (sob o domínio alemão), e das deportações para os campos de concentração e genocídio. Assustador, este último espaço serve para lembrarmos de que, melhor do que apagar o que se passou, é manter viva a idéia de que a intolerância pode nos leve a trilhar o mesmo caminho.

Do Memorial da Paz, saem algumas visitas guiadas, e foi em uma delas que me inscrevi. Num frio de rachar (prefira fazer o passei durante o verão ou primavera!), passei pelas praias do desembarque, Gold, Utah e a sangrenta Omaha, onde mais de 3 mil soldados foram mortos no desembarque.

Ainda é possível ver, escondidos entre a vegetação, ninhos de metralhadoras e bunkers de artilharia, resquícios da Muralha do Atlântico, estrategicamente arranjados em frente às praias, de modo a cobrir praticamente toda sua área e levar o terror às tropas aliadas.

Dali, parti para visitar os cemitérios americano e alemão. Enquanto o primeiro tem lápides em mármore carrara e recebe milhares de visitantes por mês, o segundo é marcado por pedras vulcânicas, discrição e tem uma porta estreita, que só possibilita a entrada de uma pessoa por vez, para lembrar que a vida é mesmo uma viagem solitária.

Felizmente, para o bem do mundo como o conhecemos, a viagem dos heróis da 2ª Grande Guerra foi tudo, menos solitária.

Um comentário:

Gil Pender - Livre como um táxi disse...

Estive na França, mas faltou tempo pra essa viagem... Tá na lista de obrigações.