terça-feira, abril 26, 2011

Pipoca quentinha

Buscar um pipoqueiro para participar do programa não foi uma tarefa das mais fáceis. O famoso pipoqueiro do Espaço de Cinema, em Botafogo, com sua carrocinha cheia de poemas, cartazes de filme e fotos de estrelas, simplesmente voltou para o nordeste depois do Festival do Rio de 2010. Os outros, ou não queriam falar ou estavam realmente desanimados com a difícil realidade do mercado do milho estourado em frente aos cinemas. Estava quase desistindo quando aos 45 do segundo tempo encontramos o Seu Salvador. Quarenta e cinco anos de pipoca, em frente ao Antigo Cine Coral, hoje Arteplex Unibanco.

Sem celular ou telefone fixo para mantermos contato, o encontro foi marcado em frente a um prédio na Praia de Botafogo. O carrinho foi preparado para a filmagem, com um tapa no visual. Nada mais do que um pedacinho de fórmica para segurar uma porta. Seu Salvador estava com Cícero, seu ajudante. Na verdade, é Cícero quem faz a pipoca, enquanto Salvador dá conta da venda. O cheiro que sobe atrai a atenção das pessoas que começam a se aproximar, perdendo o medo da câmera.

Entre milho, óleo, açúcar e sal, histórias de quem passou muito tempo vivendo com o cinema ao seu lado. Desde a época em que era lanterninha e porteiro, até a pipoca de depois da aposentadoria, os encontros com Sofia Loren, Wagner Moura e outros astros do cinema e até mesmo uma confissão: “Não sei muito bem o nome dos atores dos filmes nacionais. É que todos eles são de novela, né. E eu não acompanho novelas.” Claro, Seu Salvador. A gente entende. Afinal, novela nunca combinou com pipoca.

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