sexta-feira, janeiro 09, 2009

Superinteressante e o Anarquismo.

Anarco-individualismo
ONTEM: Essa é a cara egoísta do anarquismo, inspirada nas idéias do alemão Max Stirner. Ele falava que era preciso atacar tudo o que contrariasse a vontade do indivíduo e evitar qualquer tipo de vínculo, regra ou moral. "A única regra sou eu", dizia.

HOJE: Psicanalistas afirmam que o pensamento de Stirner sobrevive na visão do progresso próprio, como propõem os livros de auto-ajuda. É aquela coisa do "você consegue vencer", "você pode ultrapassar os obstáculos", que talvez ajudasse mais se essas obras também incentivassem a confiança nos outros.


Anarco-capitalismo
ONTEM: O economista austríaco Ludwig von Mises foi o pai dessa tendência, também chamada de libertarianismo. Seus discípulos são contra o Estado, mas a favor da propriedade privada. Dizem que tudo que os governos fazem, os indivíduos e as empresas podem fazer melhor.

HOJE: Associações de bairro contratam empresas de segurança porque já não querem depender do governo. Fundações como a de Bill Gates doam milhões de dólares para ajudar a combater epidemias. E até mesmo governos do mundo todo passam a terceirizar serviços.


Federalismo
ONTEM: O pensador Joseph Proudhon pregava a organização dos indivíduos a partir de múltiplos contratos: individuais, profissionais e universais. As associações operárias dariam conta do recado usando autogestão e coletivismo.

HOJE: Iniciativas como Creative Commons, Wikipedia e troca de vídeos estão transformando a internet em uma nova forma de organização social. Pessoas do mundo todo compartilham informação e aprimoram os trabalhos de forma coletiva. Esse sistema está sendo incorporado por empresas e grupos de pesquisa.


Anarco-sindicalismo
ONTEM: A espanhola Federica Montseny via no sindicato o principal instrumento da luta anarquista, cuja grande arma era a greve geral. Ela participou da Confederação Nacional do Trabalho (CNT), da Espanha, em que sindicatos se organizavam de baixo para cima sob os princípios de ajuda mútua e ação direta.

HOJE: Acontece o contrário. Os sindicatos deixaram de ser instrumentos de conquista operária, como no Brasil dos anos 70. Ou sofrem de esvaziamento ou de autoritarismo. O anarquista Malatesta já alertava que o sindicato devia ser temporário para não cair nos vícios dos partidos.


Anarco-comunismo
ONTEM: Bakunin e Kropotkyn buscaram um equilíbrio entre a idéia de "indivíduos acima de tudo" e a economia coletivizada. A propriedade estaria nas mãos de instituições voluntárias, que dariam ao trabalhador o direito de desfrutar do produto de seu próprio trabalho.

HOJE: Essa visão floresceu em fábricas e cooperativas onde não existe a figura do patrão nem do empregado. Hoje, mais de 300 empresas de porte médio trabalham no sistema de autogestão. O anarco-comunismo também combina com a ecologia social e sua máxima "agir local, pensar global".


Anarquiarevolucionaria
ONTEM: Anarquistas como Bakunin e Nietchaiev pregavam a propaganda pela ação: o assassinato de líderes políticos para dissuadir os cidadãos da política. Em 18 anos, anarquistas mataram 7 grandes líderes mundiais. Os crimes tornaram o anarquismo caso de polícia e são tidos como os primeiros atos terroristas da era moderna.

HOJE: Apesar de lutarem por uma sociedade oposta à proposta pelos anarquistas, os terroristas islâmicos usam táticas criadas por eles. Ataques a bomba em trens do metrô e embaixadas são atos que, como dizia Kropotkyn, "valem mais que 1000 panfletos".


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Quero sair daqui!!!

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