quinta-feira, maio 24, 2007

Aqui faz frio. A cidade do calor eterno se apagou.
Hell City não parece mais o inferno.
Assim é como vou vendo e vivendo as coisas a 2,200 quilômetros do lugar que forçosamente aprendi a chamar de casa. A tristeza da separação já nem era tanta no momento de sair. Era como um grito de liberdade, um arrebentar de correntes que me mantinham preso havia 25 anos.

E foi assim. O mundo se abriu, de vez. Os medos, as perguntas, a insegurança se foram com um chamado para o embarque. Embarque para uma vida que, mesmo tardiamente, controlo de forma total.

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O tempo que passa, mesmo depois de tudo certo, dói. A melancolia, e como gosto dela, deve ser aproveitada até o último momento. Sofra, pense, sofra mais. Esprema aquela sensação de solidão, aquele aperto no peito, até ele virar palavras. Estenda o momento, mesmo que estranhamente familiar e acolhedor, até a hora de dormir. Até, pelo menos, o ponto final. Se questione, questione os outros. Escute músicas e descubra a beleza tristonha em cada uma delas. Engula em seco, sinta o nó se formar na garganta até o momento de explodir. E acabe com tudo isso de uma vez, se for essa sua opção. Ou ao contrário, saboreie tudo. Até a próxima vez, onde tudo começará novamente. Inclusive as patadas no teclado.

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