quinta-feira, abril 19, 2012

A brincadeira é simples.
Escolho cinco discos da minha vida, pego duas músicas deles que mais marcaram e
publico aqui.


Discos da vida


Não é fácil pensar assim, de prima, em cinco discos. Ou por serem tantos em tantos anos, ou por serem poucos os que realmente grudaram na minha história de vida. Mas já que é isso o proposto, vamos a eles.


Titãs – Cabeça Dinossauro

Tenho uma história de amor e ódio com os Titãs. Em uma Lojas Americanas, no centro de Vitória, pedi um disco qualquer para o meu pai. Ele olhou para aquele monte de disco da loja (eles ficavam pendurados ou isso é apenas uma lembrança nebulosa?) e me disse:
Ou você leva esse ou não te dou nenhum. Aceitei. Afinal, melhor um disco rodando do que dois na loja. E ganhei meu primeiro disco de rock. Imagine o baque que ele causou no garoto de 10 anos. A capa era assustadora, e dentro o desenho era mais feio ainda. Ouvir aquelas músicas que falavam em dar porrada, xingavam a igreja ou mandavam os bichinhos irem se fuder mexeu comigo. AA UU, gutural, era a minha preferida. E A Face do Destruidor a que mais me dava medo. Por conta desse disco, virei fã dos Titãs e acompanhei a carreira deles, comprando todos os discos (em vinil) até o Titanomaquia. No colégio, a sala se dividia entre os fãs da Legião e eu, fã e defensor dos Titãs. As discussões eram intermináveis e sempre conseguia colocá-los lado a lado com Renato Russo e Cia.
Ainda bem que não estudava mais quando vieram “As dez mais” e seus sucessores.










GnR – Apetite for Destruction/ FNM – The Real Thing

Aqui não tenho muito como fugir senão citando esses dois discos, que não tem nada a ver um com o outro. Mas voltando do Rio para Vitória, ouvi os melhores momentos do Rock in Rio 2 em uma rádio qualquer. Os pedaços dos shows do Faith No More e do Guns me abalaram. Até então, estava indo por um caminho meio estranho no que diz respeito à música. Tinha algumas trilhas de novela, uns de batucada e, acreditem, um de axé - da Banda Reflexus - que simplesmente adorava. Juntei uma graninha e fui até a Mesbla, no centro da cidade. Lá achei os dois discos vendendo. Comprei-os. Foram os primeiros que comprei com meu dinheiro (apesar de ainda não trabalhar). Até hoje carrego um pouco de orgulho de tê-los escolhido e de saber que foram esses que me colocaram de vez no caminho do rock.












Oasis – Definetly Maybe

Oasis foi é e sempre será a minha banda favorita. Perdeu o posto pro Verve em alguns momentos, mas nada que pudesse abalar sua supremacia. Era uma época de vacas magras. Eu só estudava e não tinha nenhuma forma de renda. Não, nem mesada. Mas era viciado por música e queria continuar comprando mais discos, descobrindo mais bandas. Meu passatempo favorito era ir a uma loja onde ouvia discos a tarde toda.
Para frear meu impulso consumista, tinha duas soluções. A primeira era encomendar um disco de uma banda qualquer em um catálogo imenso. Assim que o disco chegava me ligavam da loja, mas eu nunca ia buscá-los. Umas semanas depois, era certeza, estariam na banca de promoção. Aí comprava por um preço bem menos salgado do que o de um disco encomendado. A segunda era comprar um disco, levar pra casa, ouvir e gravar uma fita k7. No dia seguinte voltava à loja e falava que tinha ganhado um disco igual àquele de aniversário. Fazia a troca e pronto, tinha dois discos pelo preço de um. Uma única vez isso não funcionou. Era um disco de capa azul, com uma foto duns caras numa sala. Comprei pela capa, gostei do azul, sei lá, coisa do destino. Comprei a fitinha k7 e coloquei o disco pra tocar. Quando acabou eu estava tão embasbacado que chamei a minha mãe para ouvir comigo. Era uma experiência que precisava dividir com alguém. Ela ouviu e soltou: parece até Beatles. No dia seguinte não devolvi o disco. E nunca mais soube onde aquelas fitas gravadas foram parar.










The Verve – Northern Soul

Bom, esse disco meio que acompanhou a minha entrada na internet, no chat do ZAZ, e em todas as listas que entrei depois disso. E ainda foi uma conhecida de São Paulo quem me mandou uma fitinha com capa azul, com esse disco gravado. Envolto em um jornal de Santos onde ela trabalhava, “Veja só o que faço com o meu trabalho”.
Sofria com a solidão e a distância, que a realidade me impunha, de uma vida que eu queria levar. E tive essas músicas como trilha sonora.












Slowdive - Souvlaki

Uma pena nessa lista não ter nenhum disco do Metallica, Slayer ou Anthrax, para reforçar minha psique metaleira. Inclusive foi a turma que encontrei que mais acolheu discussões e audições de discos novos em eventos especiais. Mas o Slowdive entrou de sola na minha vida numa época estranhíssima. Nem rola começar a contar senão o parágrafo vira uma espécie de autobiografia proibidona, coma algumas páginas. Resumindo, teve término de namoro, reatamento, outro namoro - com a melhor amiga da ex, término, paixão por uma menina 10 anos mais nova, rompimento, paixões platônicas e muita, mas muita bebida. E isso é só a ponta do Iceberg. Mas a imagem que tenho quando ouço esse disco, são duas pessoas deitadas em um colchonete, em um domingo quente à tarde, ouvindo cada pedacinho do barulho mais lindo já feito por uma guitarra. E espaço sideral. Talvez o lugar Ideal para estar durante aquilo tudo que vivia.





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