terça-feira, março 27, 2012

E você, ainda acredita no amor?

Não sou dado a paixões. É realmente difícil sentir aquela falta de ar repentina que se convencionou chamar de amor à primeira vista.
Não vou negar que já tive, no entanto. Apesar de não ter dado muito certo.
O que eu pretendo questionar nesse espaço é o amor como conveniência.


Em milhares de situações, em milhares de comunidades, em milhares de grupos de amigos o que mais acontece é o fato do "Eu estou aqui, sozinho. Você está aí, sozinha."
Pessoas que já se conhecem, são amigos e tudo mais, e sem mais nem menos começam a se beijar.
Pronto, já estão apaixonados. Enamorados. Se bobear casam e tentam ser felizes para sempre.
Dentro de uma mentira.

A vida não é fácil assim, como parece.
Mas é assim que acontece em tantas cidades e em uma em especial.
Aquela escondida dos grandes acontecimentos.

Vejo casais se formando dentro de um grupo restrito, muito restrito, de pessoas.
Amores que surgem do nada depois de 5, 10, 15 anos de convivência.
Ou de conveniência.
De que adianta ficar correndo atrás do rabo, se o que quero é ficar velho com alguém que já conheço- e de onde não sairão surpresas nem grandes emoções - ao meu lado?

É amor?

Entra Jack Palance.


7 comentários:

Gil Pender - Livre como um táxi disse...

Bando de fresco essa caralhada de gente que faz isso. Tô sozinho e prefiro ficar sozinho se for pra bancar um relacionamento estéril e imbecil. Tománocu essa gente toda.

Eu me apaixonei de virar e revirar os olhos do cu duas, três vezes a vida toda -e minha vida toda são 45 anos, não são 25 nem 35.

Nessas minhas horas de esporreante paixão caguei lava, cuspi fogo, suei veneno, levei na cara e revidei com soco no peito; gozei, fui gozado, melei e fui melado, odiei e fui amado, apostei tudo e nem sei o que os dados deram.

Amor por conveniência é coisa de gente frouxa - buceta apertada e peru mole.

Desculpe, mas só falando assim - texto foda que escancara a preguiça de 90% do mundo.

Prefiro limpar minha baba sozinho, até morrer.

Ah!, é isso aí, porra. Vou comer meu sanduíche e tomar um banho.

Gil Pender - Livre como um táxi disse...

Pra fechar: não, não é amor - é medo.

Taylor disse...

fechamento melhor não há.
perfeito.

Gil Pender - Livre como um táxi disse...

Millôr morreu. E eu morro um pouco.

Como alguém disse por aí: "Agora só nos resta sair às ruas e relinchar."

Paupérrimo Brasil.

Gil Pender - Livre como um táxi disse...

"Porém meu curso de autodidata foi mesmo no primário. Colégio Ennes de Souza (só muitos anos mais tarde, em Pedro Nava, eu iria descobrir que Ennes de Souza tinha sido um dos "voluntários" da pátria). Minha professora era Isabel Mendes, logo depois diretora, mais tarde (e até hoje), justamente, nome do colégio. Uma mulatinha magra, uma velhota de mais de vinte anos - que adorava ensinar. Mas o que me ensinou mesmo foi o prazer de aprender - a única coisa que um professor pode ensinar. Quando pode. Fora daí é o decoreba, que me diverte até hoje, quando lembro as preposições -a-ante-até-apóscom- contra-de-desde-para-per-perantepor- sem-sob-sobre-trás.

Isabel Mendes me estimulou a ler, a perceber, a querer saber, enfim, me incentivou essa variada, infinita, emocionante, e mórbida, curiosidade intelectual.

Aprendido objetivamente, me lembro apenas do dia em que ela me apontou o relógio dum corredor da escola e me explicou o funcionamento dos ponteiros (sou do tempo em que relógio tinha ponteiro). Maravilhado, num instante de iluminação, percebi como o aparelho marcava as horas. Levei vários dias procurando todo e qualquer relógio, pra verificar se o tempo de um coincidia com o tempo de outro, até perceber que a diferença entre um e outro era a vida que passava."


Millôr

TCo disse...

"Acho que o amor só fortalece. Sejam laços familiares, de amizade ou de concubinato."

É amor?

Taylor disse...

pra familia, amigos e esposa, sempre é.