terça-feira, março 06, 2012

Antes aqui

No Brasil, o ano só começa depois do Carnaval. Mas parece que a afirmativa não é
exclusividade nossa. No mundo da música, 2012 começou bem preguiçoso. Até agora está
difícil destacar algum lançamento digno de espanto. Enquanto esperamos pelos novos do
Shins, Pinback, Muse e Killers, entre tantos outros, vamos nos conformando com o pouco de
bom que apareceu até agora.

Entre a leva de nulidades, um disco do Nada Surf me cativou. Mas antes de partir para ele,
parênteses para uma mea culpa. Escolher um álbum do Nada Surf para resenhar, em 2012, já
é como olhar para trás com aquela saudade cheia de emoção que nubla o entendimento. A
banda teve seu auge em plenos anos 90 quando foi até trilha sonora de seriado adolescente
e lançou dois álbuns dignos de nota High/Low e The Proximity Effect. De lá para cá, acabou se
atendo à fórmula que foi sucesso (ou quase isso) e viu seus melhores dias ficarem para trás.

Seu último trabalho, The Stars Are Indifferent To Astronomy, não foge à regra. Mas, hoje em
dia, o que poderia soar ainda repetitivo acaba chamando a atenção. A sonoridade típica das
college radios americanas se impõe no transcorrer das faixas. A sujeira pensada e a urgência
em cada uma das músicas soam como um hino de louvor ao passado.

Já nos primeiros acordes de Clear Eye Clouded Mind seu aparelho de som se transforma em
uma máquina do tempo. A segunda canção, Waiting for Something, é como a carteira de
identidade da banda, Nada Surf dos pés à cabeça. Conforme as poucas dez faixas são passadas,
sentimos a unidade do trabalho, bem amarrado e crescendo a cada nova música. A trinca final
encerra o disco em alto estilo, com destaque irônico para a última, e bela, The Future. Para o
Nada Surf o futuro nunca esteve tão no passado.



Pílulas



Fun. - Some Nights

Um início grandioso, cheio de corais, vozes dobradas e uma vontade enorme de ser
considerado o novo Queen. Ouça Some Nights e tire suas próprias conclusões. Mas depois de
tentar convencer, o Fun. resolve fazer músicas com a sua cara. E o faz bem.




CéU - Caravana Sereia Bloom

A nova empreitada da CéU pode ser resumida em uma frase: “ô disquinho bom.” Caravana
Sereia Bloom é leve, malemolente e gostoso de ouvir do início ao fim. Qualidade Made In
Brasil para todos os gostos. Falta de Ar, Contravento e Baile da Ilusão não fariam feio em
nenhuma lista das melhores músicas do ano.

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