quarta-feira, setembro 07, 2016

Vocês já sabem, se começo a escrever é porque a cabeça já não vai bem.

Faz, já, 2 anos que saí do Brasil. Não teve motivo nenhum, só aproveitei o passaporte português pra vir morar na Europa, mais precisamente em Londres, um sonho desde cedo.

Lá fiquei um ano, praticamente. E de lá, vim para cá, sulzaço da Espanha. Quase África, quase Marrocos, trabalhando em Gibraltar. Aquele mesmo, do Estreito. Daqui da minha janela, vejo outro continente. São 24 quilômetros me separando de lá. Uma horinha de ferryboat.

Ainda não fui lá, visitar o Marrocos. Mas já parei no meio de um voo em Casablanca. Uma escala maluca, de 8 horas, que passei dentro do aeroporto. De alguma forma, pisei na África.

Em 2 anos, consegui fazer um curso muito interessante no Google, em Londres, de Digital Marketing. E até emprego nesta área consegui. Estou trabalhando como CRM e Site Manager em uma empresa de apostas online. O trabalho é interessante e tem sempre uma coisa nova para aprender.

Mas a cabeça não está bem e estou escrevendo para exorcizar meus demônios. Ou trazê-los para perto e abraça-los, usando sua força não em meus medos, mas em minhas potências.

Ou isso tudo é só falatório e o que quero mesmo é voltar para os braços da família e dos amigos, deixar o primeiro mundo para trás e chafurdar nos erros do meu país.

Ah, claro, não posso deixar de apontar a zona que é a Espanha, com todos os problemas que um país de primeiro mundo que afundou na crise desde 2008 pode ter. Pobreza, falta de educação, calor, mosquitos (ok, isso não é culpa deles)...

Mas tudo o que o povo inglês nos fez entender ser normal, essa cultura europeia que esperamos quando viajamos para cá, não se aplica aos espanhóis. A comida é mais quente, o povo é mais quente, tudo é muito latino. Há toque, gritaria, bagunça de madrugada...

Tanta coisa de Brasil sem ser Brasil. Tanta coisa de Brasil que me faz pensar se aí (ou lá) é realmente tão ruim assim. Tão atrasado (sim, é!) assim. Escolhas e escolhas.

Passos e passos, dias e dias, anos já. Será que irei retornar e enfrentar meu passado?


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