segunda-feira, julho 16, 2012

Antes Aqui





Maxïmo Park - The National Health



É como acontece muitas vezes durante sua vida. Você vê uma menina (ou um menino) linda(o) e quer ter ela(e) ao seu lado para sempre. Afinal, aquela beleza tem que ser sua, só sua. O problema é que, mesmo uma Ferrari, parada na garagem, vira um Fusca. Em outras palavras, a beleza vai embora na primeira briga e o cotidiano faz você se acostumar com o que, antes, te deixava sem fôlego.


O quarto trabalho do Maximo Park, banda que já estava na corda bamba, me pegou de surpresa durante uma caminhada e tirou um sorriso fácil do meu rosto. “Que disco!” pensei na hora. E passei a ouvi-lo continuamente, durante uma semana. Acontece que me acostumei. A paixão deu uma arrefecida e, de um discaço, tinha agora um bom disco.


National Health, o novo trabalho desses ingleses, começa fulminante, destilando melodias e boas composições. Após a pequena introdução, The National Health, Hips And Lips e The Undercurrents fazem o coração bater mais rápido. É aquele tipo de música que você espera ouvir sempre que coloca um disco novo para rodar: bem feita e que fica na cabeça durante um bom tempo.


A produção de Gil Norton que, entre outros, trabalhou com Foo Fighters e Pixies, também trouxe mais guitarras ao som da banda, que vinha perdendo as cores com o tempo. Fácil de perceber na Waves Of Fear, que fecha o disco, e em Banlieue. E as baladas não foram deixadas de lado, como na calminha Unfamiliar Places.


Às vezes é difícil tentar se lembrar da primeira vez, resgatar aquele primeiro sentimento esquecido no tempo. Você já é íntimo, reconhece os pequenos defeitos. Mas também descobre outras qualidades. A paixão vira um amor calmo e seguro. Indiscutível, como a qualidade desse disco. E você, leitor, está pronto para se apaixonar?



Pílulas:


DIIV – Oshin



No meio da enxurrada de novidades destes últimos meses, um, em especial, merece destaque. Com uma linha de baixo à la New Order e uma aura etérea, o Diiv consegue ser uma das melhores releituras oitentistas que estão por aí, com um álbum bom da primeira a última faixa. Escute Doused e Sometime e tente se ver livre deles.




Odair José – Praça Tiradentes



Com cada vez mais seguidores entre a juventude antenada, Odair José volta, depois de 6 anos, a lançar um disco de inéditas: Praça Tiradentes. Lugar pródigo em putas, motéis baratos, cornos e corruptos, a praça é um passeio pelos temas das principais canções de Odair. Produzido por Zeca Baleiro, com composições próprias e de gente do nível de Arnaldo Antunes, Chico César e do próprio Zeca, Praça Tiradentes brilha com ótimas canções, como Vida que não Para n°2, E Depois Volte pra Mim e a própria Praça Tiradentes. Como ele mesmo já cantou “o que existe são momentos felizes”. Bem-vindo a mais um.

3 comentários:

Gil Pender - Livre como um táxi disse...

Eu não consigo saber como é isso, pois os discos pelos quais me apaixonei continuam entre as minhas paixões depois de cinco, dez, 15, 20, 25, 30, 35, 40 anos. Ouço aquele vinil que comprei desesperadamente em 1982 com o mesmo tesão de sempre.

Mas certamente sou um doente completo nesse quesito.

Aliás, as meninas pelas quais me apaixonei continuaram sendo a minha paixão dia depois de dia - até me largarem, ou coisa parecida.

E Odair José, bem, esse conheço desde a minha época de calça boca-de-sino.

Esse é fera.

Gil Pender - Livre como um táxi disse...

Só mais uma coisinha: o que está acontecendo com as capas dos discos de rock? Cada vez mais sem graça. Deviam vir dentro de uma sacola preta, e bem lacrada.

Gil Pender - Livre como um táxi disse...
Este comentário foi removido pelo autor.