sábado, junho 30, 2012

Lobão fala no Futura.
Lobão fala.

Fale mal ou fale bem, não dá para ser indiferente quando se escuta alguém com opinião falar.
Lobão tem a dele.
E numa dessas frases cunhadas pela sua verve, lá veio a crítica à internet.
"Hoje tem tudo por aí. Se eu vivesse nessa época, não teria lido Platão.
E muito provavelmente nunca leria. Ia ser mais um idiota."

Resumindo, nas palavras que minha memória me ajudou a salvar, foi isso.
A superficialidade das discussões (culpa dos 140 caracteres e dos pequenos relatos cotidianos no facebook) está aí, escancarada.
O papo aconteceu no Futura, enquanto na Xuxa, um sertanejo cantava. Era Zezé e Luciano.
E dos males, o menor.

Coloquemos em perspectiva, a evolução da nossa música. Os bossa novistas falavamde amores, de belezas e paisagens. Os tropicalistas criticavam nossa situação política e calice quem puder. Os oitentistas, com sua atitude mezzo pop, mezzo punk, queriam derrubar o sistema. Mas o que caiu foi o muro de Berlim, e com ele, veio a leva do pop limpo, sem letras assim, digamos, mais contundentes. Salvo raras exceções, como em todos os casos.

Agora, se preparem, meus amigos, porque o que veio depois, foi de chorar.
Tchans, boquinhas das garrafas, danças de vampiros, manivelas, maxixe, tcheca, é o bicho, é o bicho, vou te devorar. O que tentar entender disso? Ou melhor, o que interpretar em frases tão medíocres? Nada, não é mesmo?

Pois bem, quando achávamos ter achado o fundo do poço, vimos que o buraco é mais embaixo. E, adeus às palavras.
Nossas músicas agora, são escritas por sílabas. Tchus, Tchas, tcheretêtês e afins, todos doidos por fazer amor, doidos por te dar amor.

Para onde olhar? Que horizonte podemos (devemos?) buscar?


Voltemos ao Lobão. Ao subir dos créditos, vaza, deliberadamente, uma frase:
"Pô, eu falo pra caramba. Às vezes nem eu acredito nas besteiras que falo. Ficou bom?"

Eu respondo, querido lupino, mas antes, tenho que terminar um capítulo do Segundo Alcibíades. AH, a internet. Esse dínamo de informações ao alcance de todos.

Um comentário:

Gil Pender - Livre como um táxi disse...

Lobão, Lobo Bobo...

Ganhei de aniversário aquele tijolo autobiográfico dele. Um lixo, pessimamente escrito. E mitômano. Lobão parece ter a certeza de ter sido uma figura de proa no Brasil dos anos 80.

Não foi.

De resto, entre tanta gente que nada fala, resta o Lobão. Antes ele, certo? Mas há algo de muito errado com um país em que o Lobão é um dos CARAS a meter a boca no trombone.

Tamos FU.