quinta-feira, junho 11, 2009

Domimgo.
Com M
Com mer
Comer. Comido, papado.
Babado.

***

Coloquei minha camisa do botafogo. Coloquei minha armadura. Debaixo dela não era mais um, era o cara. O torcedor. Precisava ter a coragem de encarar mais uma dura partida. Mais uma provação. Torcer pra esse time não é bom. Não pode ser. Ter que ir ao maracanã, pegar chuva, sem tomar uma cerveja, ver essa cambada criar chances pra caramba, jogar melhor do que o fluminense o jogo todo e levar um golzinho chorado no fim. Bom, eles têm o Fred. E nós, o que temos além de nossa paixão burra e inconsciente? Não muita coisa. Temos que gritar e torcer para tiaguinhos, tonys, alessandros, fahels, leos silvas...
A vida está muito difícil, meus camaradas, pra ter que gastar 15 pratas pra ver vocês. Tomei desgosto. Não vou faz tempo ver jogo. Continuarei sem ir por mais outro tempo. Mas gostei.
Gostei de ter colocado a camisa. De ter me sentido torcedor mais uma vez. Por voltar a ter o gosto de perder, sabe. De saber que fiz a escolha mais difícil de todas. Mas que ainda assim, sei o que me espera. Levantar a cabeça e seguir adiante.

***

Queria sentar e escrever como o Verissimo. Já sou Luis Fernando. Será que serve?
Domingo, abro o Globo. Lá está uma croniqueta do cara. Croniqueta mesmo. Ele anda escrevendo pouco. Seus livros estão mais curtos. Menos páginas. Livros de encomenda talvez, daqueles preguiçosos. Enfim, o cara parece que cansou. Mas tem umas horas em que ele acerta a cabeça do prego em cheio. Dessa vez aconteceu. Resumindo:

Homem encontra mulher na internet. Descobrem coisas que combinam e coisas que não combinam. Ambos mentem a idade (ela diz ter mais de vinte, ele menos de 30). Ela tem 18, ele, muito mais velho. Marcam de se encontrar. Trocam fotos. Ela gosta do que vê. Belos olhos azuis, cabelos loiros. No dia marcado ela está sentada numa mesa quando o cara chega e se apresenta. Ela olha para ele e não reconhece o cara da foto. O cara da foto é muito mais bonito.
Ela: Mas esse da foto não é você.
Ele: Eu sei. Achei que você iria achar engraçado eu ter mandado a foto do James Dean.
Ela: O que?
Ele: James Dean, o cara da foto...
Ela: Não conheço, nunca ouvi falar.
Ele: Você não conhece James Dean?!
Ela: Não. Era pra conhecer?

Ele deixa pra lá. Eles conversam. Ele paga a conta. Dele e dela. Eles se levantam, se despedem com um beijo e nunca mais se vêem outra vez.
***
Genial ou não?
Pensando aqui, dá até pra filmar isso. Vou pedir a autorização dele.
***

Vou começar a escrever coisas engraçadas. Deixar de lado essa melancolia. Ou usá-la para a comédia. Tem coisa mais engraçada do que cara melancólico?
Aquela cara de sofrer, de “me dá um colo”. Ou escrever tragédias. Não conseguiria chegar perto do Rubem Fonseca, mas seria um prazer tentar. Outro dia vi uma foto dele no jornal. Tá velhinho, coitado. É difícil ver uma foto dele. Ele não se apresenta para o público. Acho que não quer definhar a olhos vistos. Prefere a olhos não vistos. Ele é que é inteligente. Ser famoso não serve pra porra nenhuma. Talvez pra facilitar um financiamento na hora de fazer um filme. Talvez nem pra isso.



Boa noite.

Um comentário:

Gil Pender - Livre como um táxi disse...

O último parágrafo é admiravelmente bem escrito, e não envergonharia o Rubem Fonseca. Força, ritmo, precisão.

Retire o trecho (uma concessão ao elogio que, talvez, não caiba) "Não conseguiria chegar perto do Rubem Fonseca, mas seria um prazer tentar." e vc terá, acho, um texto PERFEITO.