sexta-feira, janeiro 14, 2005

359

A primeira sexta do ano não traz nenhum sentimento especial. Nem algo imperdível para fazer. Morar em uma cidade média tem dessas coisas. Tudo aqui é médio. A beleza da cidade é média. A das garotas, também passa com nota 5. Os trabalhos são médios, o salário, na média.
O custo de vida, advinhem? Nem muito alto, nem muito baixo. Médio.
Me consideram da classe média.

Que depressão. Pagar dois reais numa dose de cachaça e quatro num prato de torresmo é caro. Mas no café da manhã a gente pede uma média com pão na chapa, e ficam elas por elas. Pão na chapa é bom. Melhor se for o famoso mortadela com ovo. Depois de uma noite inteira de chapação, muito álcool e suor, um desjejum destes pode provocar o entupimento imediato de alguma artéria menos importante.

Onde foram parar os pedaços de mamão e o suco de laranja?

Um shopping médio e dois pequenos que, juntos, dão um médio. Uma ilha de mediunidade que recebe os espíritos do crescimento e do progresso vindos dos jorros negros do petróleo em nossas águas. Jorros estes que saem ou mais pro Norte ou mais pro Sul. Numa distância média da capital.

As rotas de fuga foram traçadas a centenas de anos, mas algo prende uma moçada aqui. Pessoas que ainda acreditam que boa vontade possa fazer a diferença. Mas todas elas estão na média, nenhuma está acima dela.

Sem escolhas, ficam por aqui mesmo. Não que isso seja ruim. Ou bom.
Vocês sabem, fica na média.

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