terça-feira, dezembro 21, 2004

Gostaria de ter uma coluna em um jornal para publcar isso. mas como não tenho, vai aqui no blog mesmo.

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Estava devendo um post sobre meu time, o botafogo. E antes que venham as piadinhas, sim, sei que o time não joga NADA faz um bom tempo e sei que o ano do centenário foi um fiasco.

Mas não é sobre isso que resolvi escrever. Ou melhor, é um pouco sim.
O Botafogo, como vocês devem saber vive sob uma aura de superstição, uma aura esotérica, uma aura diferente ou diferenciada. Tem coisas que só acontecem ao Botafogo, todo o botafoguense deve sofrer até o último momento e todo botafoguense sabe perder como ninguém e perdendo, aprende a ganhar com dignidade (e aí está a sabedoria que levamos apra a vida). Bom, em um jogo, neste ano de 2004, o artilheiro do campeonato Washington resolveu marcar um gol espírita. Contra quem? Contra o Botafogo, óbvio. E sabem o pior? Era o jogo do centenário. Uma comemoração num estádio tímido, no Mestre Ziza, antigo Caio Martins (com o devido respeito às duas figuras históricas), estádio que sequer chega aos pés do tamanho do clube e de sua estrela solitária. Mas enfim, lá foi a comemoração, o jogo dos CEM ANOS do Botafogo. Neste jogo Wahington marcou um gol chutando completamente sem ângulo da linha de fundo, quase encostado na bandeirinha do escanteio. Coube ao bisonho Schwenk marcar o gol salvador, de empate. Depois foi cair nas graças da torcida (que já teve Garrincha, Jairzinho e Túlio, mas se acostumou com Róbsons Pinguins, Dills e Chicões da vida).

Aonde quero chegar? Ao domingo passado, para ser mais sincero. Última rodada do campeonato brasileiro, e o Botafogo desesperado, caindo, escorregando, sendo sugado para a segunda divisão tem um jogo decisivo. Contra quem? Atlético Paranaense, jogando em casa, lutando pelo título. O time do artilheiro Washington e 30 e tantos gols. Um deles espírita, contra o próprio Botafogo, no jogo do CENTENÁRIO.
A única coisa que sabia era que, a justiça divina tarda mas não falha e que certas coisas só acontecem ao Botafogo, como empatar no jogo que comemorava os cem anos do clube (esqueçam o amistoso do time reserva contra o rebaixadíssimo Grêmio).

Começa o jogo, o Atlético em cima, a estrela meio apagada, se retrancando, mas jogando com vontade. Fim de primeiro tempo. segundo tempo, trinta e três minutos. O bisonho Schwenk marca o gol que mantém o time na primeira divisão e, de quebra, tira o título do time paranaense, qualquer que seja o resultado do time de Santos. Washington empata, logo depois. Mas não o suficiente para apagar o brilho da estrela.

Uma troca justa. O campeonato pelo jogo do centenário, jogos iguais, onde a diferença foi quem saiu primeiro no placar. Mesmas personagens, mesmo roteiro, o sofrimento e a angústia de um passado para o outro. Alívio de um lado (o mesmo lado, que sempre sofre até o fim), pesar do outro. O Atlético teve sua tarde de Botafogo. Até que foi bom. Para eles aprenderem que não se pode ganhar de um time tão cheio de sobrenaturalidade no jogo de seu centenário com um gol espírita. Fica o aviso. Os espíritos estão sempre do lado do Botafogo. Mesmo que eles deixem pra nos ajudar sempre na última hora.

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