Bom, peguei o avião, comprei o ingresso, tomei um chopp e entrei no Metropolitan/ATL/Claro Hall.
A platéia não estava lá essas coisas. Meio vazio, diria, meio cheio dirão outros. O número de presentes deve ter dado pelo menos metade da casa, umas cinco mil pessoas. O palco, montado, diferente do Tim Festival. Cheio, entulhado, quase, em se tratando do White Stripes. Um piano de cauda, uma bateria, dois tamborzões (tímpanos?), um xilofone (será isso a marimba?) que não foi tocado, o pianinho que já tinha visitado o Brasil e mais dois sintetizadores em cima de cada piano.
As guitarras estavam confortavelmente encostadas em três caixas, provavelmente valvuladas, que se encontravam no palco. Ao invés do elefante, que da vez do Tim estava em cima do pianinho vermelho, três figuras de candomblé, vodu, enfim, de alguma desses sincretismos religiosos típicos das américas de baixo em cima de cada uma das caixas.
Cobrindo todo o fundo do palco um pano pintado em preto e branco, com a grande maça branca no meio e uma paisagem meio tropical com mar, encostas e palmeiras.
As luzes se apagam, os roadies, todos vestidos de gangsters como antes, se afastam do palco.
Entra em cena uma figura pálida, com uma bluda branca e uma calça vermelha. O jeito tímido não deixa dúvidas, assim como o sexo. É a Meg. Atrás dela segue seu irmão, Jack, de cartola enfiada na cabeça, cavanhaque, bigodinho, casacão preto, visual infernal.
Guitarras e baquetas a postos.
Dead Leaves and Dirty Ground. Black Math. Fell in Love With a Girl, em momento calmo, como na apresentação de 2003. Blue Orchid, a música nova que funciona como nenhuma outra música em um show deles, Seven Nation Army, Hotel Yorba, o início de Ball and Biscuit, seguido de um pedido dedesculpas “Sorry, I made a mistake” (como assim? Erro foi não ter tocado!) Jollene, I Just Don't Know What To Do With Myself, que teve o refrão cantado sozinho, e em uníssono pela platéia, em momento de alegria de Jack durante o show. Espaço para dizer que ambos pareciam felizes e se divertindo durante o show. Inclusive, conversando com o público, coisa que não aconteceu durante a primeira visita ao Brasil. Em certo momento, jack disse que Meg estava tendo good times in Brasil e que eles adorariam voltar a qualquer hora aqui. Além disso, em uma quase declaração de amor, disse que poderia ficar ali em cima tocando por horas e horas para a gente - histeria da platéia – mas que infelizmente ele teria que ir para São Paulo – vaias da platéia – mas que no dia seguinte voltaria para o Rio de novo – palmas da platéia.
Voltando ao show. Passive Manipulation, a mini-música cantada primeiro por Jack, ao piano, e mais tarde por Meg, nos tamborzões. My Doorbell, música do disco novo, assim como Red Rain, gritada a plenos pulmões, com raiva atípica. Excelente momento do show. Em certa parte, uma iluminação vinda de baixo projeto, meio que sem querer uma sombra de Jack no pano de fundo. Se o que dizem é verdade, que a sombr capta a alma da pessoa, eu estava ali presenciando um momento de possessão, digno de Robert Johnson, o bluezeiro americano que vendeu sua alma ao diabo para tocar bem guitarra.
I Think I Smell A Rat, We're Going To Be Friends, momento mais calmos.
Alguns covers, até daquela música dos anos 80 (até vocês?!) que cantava no refrão “sorry” e que era meio melosa. Ah, claro, não podia faltar The Hardest Button to Button, que abriu a roda do pogo e foi genial. Na última música, um cover de alguém ou uma música nova que nunca ouvi deles. Muito boa. Jack aproveitou e ensinou o refrão para a platéia, pedindo para que cantassem com ele. Cantaram. Cantamos. E saímos com um sorriso esperto no rosto. Como eles, aliás.
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