Faz tempo
que tenho pensado em escrever alguma coisa sobre a vida. Não que algo demais
tenha me acontecido. Ou acontecido a alguém próximo. A vida está indo, calma,
para frente. É aí que mora o perigo. Parece que, por estar tudo bem, tranquilo,
alguma coisa pode acontecer a qualquer momento.
É como a
calmaria antes da tempestade. Então, ao fim, busco uma tempestade.
O fluxo
elevado de adrenalina que ela traz, o pensamento rápido, a busca incessante
pela solução de problemas… Tudo dá uma cor especial ao mundo. Apenas para
depois sentirmos falta da calmaria. Clichê do cliché.
Se a
tempestade não se avizinha, crio uma interna. Minhas tempestades vem às vagas,
maremoteando pensamentos perturbadores. Uma rápida olhada na vida de
próximos-longes me dá a verdadeira mostra da situação atual.
Meu país é
um atraso acachapante. Pessoas se matam como a moscas. Eu não mato mais nem
moscas. Quem poderia melhorar, não consegue dar um passo sem ter que olhar para
trás, à espera da punhalada fatal que virá. Anotem.
Meus irmãos
estão chegando aos quarenta. Como garotões. Somos de uma geração com sorte ou
perdida? Somos felizes em não pensar muito em idade ou é essa a nossa forma de
fuga? Quarenta são os novos o quê? 20, 15, 10? OLHA A ONDA! Ao escrever com 25,
sofria.
No limiar
dos 40, tenho pavor. O que somos, para onde vamos? As questões se multiplicam e
o tempo para a resposta está cada vez mais curto.
Curto,
então. Tento aproveitar, fazer de tudo o máximo, para não me arrepender, já me
arrependendo. A eternal arte da escolha.
Vou lá
abrir meu guarda-chuva, com licença. Os pingos já começaram a engrossar.