terça-feira, julho 19, 2011

E assim, como quem desdenha da droga que usa, me viciei em ser curtido.
Há mais de 10 anos, quando comecei esse blog, a curtição era escrever para ser lido, discutido, idolatrado. Tentei fazer deste uma forma de divulgar bandas. Tentei falar amenidades, escrever poesias que nada queriam dizer. Tentei e tentei.

Nunca fui dos mais visitados, descobri depois que coloquei o contador de visitas ali embaixo. Acho que nunca passou dos 200 e, depois disso, desisti de olhá-lo de vez em quando. Tudo deixou de ter a importância que tinha quando vi que blogs de desenhos (me recuso a chamá-las de ilustrações) ultrapassavam os milhares de views, transformando que não tinha nada para falar (vá lá, escrever) em cel(web)ridades. Caguei. Caguei de montão.

Os comentários, no entanto, ainda se fizeram presentes, mesmo que esporadicamente.
Eram, talvez, uma forma de curtição. Pessoal, pelo menos. Curtia ver que pessoas perderam uns minutos para ler o que dizia, mesmo que tão juvenilmente, mesmo que fosse bobo ou ingênuo.

Dez anos depois, óbvio que desisti de ser descoberto. A bolha estourou e o que sobrou foram averb*** da vida em páginas impressas. (a parte em que suprimo nomes é para evitar que uma googlada inofensiva venha cair aqui).

E continuei visitando esse blog de tempos em tempos, relegando-o ao relento por meses a fio e voltando a aquecê-lo por anos ininterruptos de teclas furiosas e faltas de revisão. E assim ele cresceu, deu lugar ao Orkut, ao Gmail, ao MSN e, faz um tempinho, ao FaceBook.

Agora, busco o prazer momentâneo, os 15 segundos de fama, em um desenho (me recuso a chamar aquilo de ilustração) de um polegar para cima. O sinal máximo de aceitação. Um botão que não exige mais do que alguns músculos dos dedos para ser tocado. E que, em milésimos de segundos, afirma que o que foi postado foi VOCÊ que ouviu primeiro, pensou primeiro, escreveu primeiro.
Mesmo que tudo se perca em uma hora, engolido por outros milhares de toques de curtir, ou por milhares de avatares sendo trocados, ou ainda por milhares de amizades que começam, entre aquele seu conhecido e uma pessoa que você nunca viu mais magra. Engolido pela voracidade de informar, dividir, se afirmar. E esquecer.

Pelo menos o botão está lá, e não aqui. Sei que, com uma busca rápida pelo meus arquivos, conseguirei relembrar o que estava pensando, o que estava passando, o que estava sentindo em cada momento que abri essa página e danei a escrever. Sem que alguém tenha precisado curtir. Mesmo porque, vou ser sincero, duvido que alguém consiga curtir mais isso aqui do que eu mesmo.

Absent soul, o meu enorme botão de curtir.


6 comentários:

Gil Pender - Livre como um táxi disse...

Resista.

Sempre bato os olhos no "Melancolia também, por que não?" e penso que um blog meu teria "Melancolia também, como não?".

Duzentos leitores vc nunca terá, a não ser que um outro Taylor escreva por aqui. Mas aí, claro, eu não estarei entre os duzentos.

Gosto desta casa como ela se apresenta: sem luxos e afetações, arrumada na medida certa, sempre com um café ou um chá sobre a mesa; às vezes, pra não minha surpresa, até uns bolinhos de banana encontro no prato de porcelana.

Gosto ainda de me aproximar repentinamente e, sem pedir licença e sem ser cobrado por isto, sentar à varanda e depositar meus pés sobre a bancada de pedra.

Este blog, pra mim, é isto: uma varanda sob o céu, uma cadeira de madeira antiga e meus pés descansando sobre a pedra. Daí é só puxar da algibeira aquela velha conversa que não finda e...

Bem, é isto.

Gil Pender - Livre como um táxi disse...

Ah, desnecessário dizer mas já dizendo: o nome disso é amizade.

Taylor disse...

Amo vocês. meus únicos leitores.
;)

Marcio M. disse...

Únicos não: também leio essa joça vez em sempre!!! E continuo curtindo, ora pois!!!

TCo disse...

Sai fora jabota! Deixa de ser ursinho melancólico!!!

Taylor disse...

opa, quatro deles!!!
: )